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Aquém da lei fundamental da dinâmica, Vitória volta a marcar passo

Tiago Mendes Dias
Desporto \ sábado, abril 01, 2023
© Direitos reservados
Quase sempre lento e pouco imaginativo, o conjunto de Moreno só montou o cerco à baliza pacense após a expulsão de Marafona. Aí surgiram várias ocasiões, mas o Paços ainda esbarrou na trave a acabar.

Quando se ataca em organização perante um bloco baixo, é precisa aceleração para quebrar os equilíbrios do posicionamento contrário; quando se tem a oportunidade de contra-atacar e apanhar o oponente em inferioridade numérica, a decisão na hora de soltar a bola é crucial. Ora, o Vitória falhou quase sempre nesses aspetos do jogo, além de ter passado por vários calafrios na sua área diante de um Paços personalizado, rápido nas transições, quer a ofensiva, quer sobretudo a defensiva – a área dos castores esteve quase sempre bem povoada.

O jogo terminou assim 0-0, resultado talvez lisonjeiro para os primeiros 75 minutos do Vitória, mas frustrante olhando à circunstância que marcou os minutos finais: a expulsão do guarda-redes pacense Marafona, abrindo as portas para um último assalto vitoriano, que se revelou ser de pólvora seca.

Tomás Händel regressou à titularidade da primeira equipa vitoriana depois de o ter sido pela última vez a 13 de fevereiro de 2022, na derrota com a B SAD. A opção de Moreno consumou a transformação da equipa num 4x3x3 clássico, que procurou, desde cedo, empurrar o Paços para o seu último reduto com um ataque sempre organizado, cauteloso até, sem grandes rasgos de verticalidade.

O conjunto vestido de branco pareceu minimamente bem oleado nos 20 primeiros minutos, com movimentos precisos na circulação de bola ofensiva, causa, por exemplo, do potente remate de André Silva para defesa de Marafona, aos 12 minutos. Acabou, contudo, por ser o lance mais perigoso do Vitória em toda a primeira metade; faltava à manobra ofensiva do Vitória aceleração para dar força à vontade de empurrar o adversário para o seu último reduto.

Com a avanço do cronómetro, o domínio do miolo, ao início sólido, esbateu-se. O Paços ocupou os espaços entre as linhas vitorianas de forma cada vez mais inteligente e perturbou a toada que se vira então. Moreno respondeu com o recuo de Tomás Händel para o meio de Mikel e de Tounkara, reconstituindo o trio de centrais que tem sido norma ao longo da temporada.

A consequência foi o Vitória perder segurança defensiva: nos derradeiros 15 minutos da primeira metade, o Paços criou as duas melhores ocasiões até então, num remate ao lado de Guedes e num outro de Holsgrove, travado por Celton Biai.

O Vitória reequilibrou a contenda na segunda parte, mas nunca com o conforto para tomar conta do jogo. Os castores continuaram, aliás, a ser a equipa com mais potencial para criar perigo até ao minuto 77, que mudou o curso do jogo, embora não do resultado. Gustavo Correia entendeu que Marafona demorou muito tempo a bater o pontapé de baliza e deu-lhe amarelo. O guardião pacense esbracejou veementemente e o árbitro atribuiu-lhe o segundo cartão. Expulso, o veterano guarda-redes ficou de cabeça perdida, encostando mesmo a face à do árbitro antes de deixar o relvado.

O jogo mudou e o Vitória ameaçou, também graças à entrada de um melhor Rúben Lameiras face às suas aparições mais recentes. Mikey Johston e Anderson falharam clamorosamente e André Silva e Maga acompanharam-nos em cabeceamentos que requeriam gestos técnicos mais difíceis. Tudo se manteve em branco, com tempo para uma última ameaça pacense: o espetacular remate de Nigel Thomas à barra, com uma espetacular palmada de Celton Biai pelo meio. O golo pairou várias vezes, mas, no fim, tudo se resume a um nulo.

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