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Miguel Miranda: “É melhor ver um jogo que fica 90-88 do que um 60-57”

Tiago Mendes Dias
Desporto \ segunda-feira, maio 15, 2023
© Direitos reservados
O Vitória cumpriu os três objetivos primordiais, contrastando o nível ofensivo “muito elevado” com a fragilidade defensiva, afirma o técnico. Diz ainda que há “interesse” em continuar ao leme.

A segunda derrota perante o FC Porto nos quartos de final do play-off da Liga Betclic significou o fim da temporada para a equipa masculina de basquetebol do Vitória. Concluída a época, o treinador salienta que o plantel, várias vezes condicionado por lesões, cumpriu os três principais objetivos firmados para 2022/23: alcançar a permanência no escalão principal, melhorar face ao 10.º lugar do ano transato, garantido somente através de um play-out de manutenção e chegar ao play-off do título.

Os vitorianos apuraram-se para a fase decisiva no sétimo lugar, mas faltou-lhes mais uma vitória na primeira fase para conseguirem um dos seis primeiros lugares e disputarem a segunda fase com as melhores equipas da prova, em vez das formações da cauda da tabela, como aconteceu. “À medida que fomos analisando o que a nossa equipa conseguia fazer e o valor das outras equipas, estabelecemos o objetivo interno de ficar no grupo dos seis primeiros. Ficámos a uma vitória desse grupo. Com todas as contrariedades, fomos conseguindo lutar. Estivemos várias vezes perto de entrar nos seis primeiros”, diz ao Jornal de Guimarães.

 

Anthony Roberts foi o melhor pontuador da fase regular da Liga Betclic © vitoriasc.pt

Anthony Roberts foi o melhor pontuador da fase regular da Liga Betclic © vitoriasc.pt

 

“Queria um basquete muito rápido, com muitas posses de bola”

Além dos resultados, Miguel Miranda diz-se agradado com o estilo francamente ofensivo que os jogadores apresentaram ao longo da temporada; o Vitória concluiu a fase regular – primeira e segunda fase – com 2.847 pontos marcados, o terceiro melhor registo do campeonato, apenas superado por Benfica (2.981 pontos) e por Sporting (2.806); teve ainda em Anthony Roberts o melhor pontuador da Liga Betclic (média de 22,8 pontos por jogo) e em Zach Simmons (8,6 ressaltos por jogo) o melhor ressaltador. Tais dados vão ao encontro da “imagem de marca” que o Vitória queria transparecer em 2022/23.

“Queria que a equipa jogasse um basquete muito rápido, com muitas posses de bola. Quando se joga com muitas posses de bola, marca-se muitos pontos. Em média, um jogo tem 70 posses de bola. Os nossos jogos foram para 90 ou para 95. Daí haver resultados com números elevados. Essa era uma característica que eu queria”, salienta. O treinador ilustra, aliás, essa filosofia com uma comparação: “É melhor ver um jogo que fica 90-88 do que um que fique 60-57”, reitera.

Agradado com a “facilidade” dos jogadores em “apanhar diferentes estratégias de jogo para jogo”, o que tornava o Vitória uma equipa “muito imprevisível” no ataque, Miguel Miranda admite que o campeonato teve na defesa o reverso da medalha. “Não defendíamos bem. Não éramos bons defensores. Não conseguimos recrutar, dentro do nosso limite orçamental, um jogador muito bom na parte atacante e muito bom na parte defensiva. Um jogador muito bom na parte atacante e na parte defensiva não está ao alcance do nosso orçamento”, explica.

Limitado a optar por atletas com qualidade só no ataque ou só na defesa, Miguel Miranda enveredou pela primeira opção, aquela que preconiza para o ADN do basquetebol vitoriano. O treinador estava preparado de antemão para jogos a sofrer muitos pontos, como se viu nos dois encontros do play-off: mais de 110 pontos sofridos em cada um deles.

“A defesa trabalha-se muito durante o treino, mas é preciso os jogadores gostarem de perseguir a bola e de defender. Essas características custam dinheiro. Para não irmos além do orçamento que tínhamos, optámos por jogadores com mais qualidades ofensivas em detrimento de qualidades defensivas”, esclarece.

As lesões de atletas como João Ribeiro, afastado ao longo de quase todo o campeonato, após lesões no dedo e na mão, também afetaram a solidez da defesa mais batida da fase regular (2.871 pontos sofridos), crê o técnico. “Foi uma época muito atípica a nível de lesões. Estivemos incompletos em muitos jogos. Houve muitas semanas e meses de treino sem a equipa completa, num plantel curto. O Vitória ainda não tem gente na formação que possa suprir algumas lacunas durante a época”, acrescenta.

Desde que teve o plantel finalmente completo, há cerca de seis semanas, o Vitória embalou para um registo de seis triunfos em sete jogos a terminar a segunda fase da Liga Betclic, o que valeu o apuramento para o play-off, lembra. “Diz muito do potencial que poderíamos ter atingido”, frisa.

 

“Há interesse em ficar”

À frente do Vitória desde meados da época 2021/22, Miguel Miranda deve conhecer o seu futuro na terça-feira, mas adianta ao Jornal de Guimarães que há interesse na continuidade da equipa técnica por ambas as partes. “A época acabou ontem [domingo]. Temos amanhã [terça-feira] uma reunião. É bom para o clube, quer para mim, começar a planear a próxima época. Há interesse do clube em que eu fique e há interesse meu em ficar, mas teremos uma reunião que irá definir o meu futuro no clube”, revela.

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