“Urgezes vai ser uma das freguesias com mais população de Guimarães”
Pede uma via de ligação da Avenida D. João IV ao centro da freguesia, para beneficiar toda uma zona do concelho. Revolucionar o centro cívico é o principal projeto de uma comunidade que “tem tudo” perto dentro do seu “sossego”.
Após oito anos na Junta de Freguesia de Urgezes, como tesoureiro, assumiu a presidência em 2021. Como vê o seu mandato até agora?
Estamos a dar continuidade ao que estava a ser feito, com o nosso cunho pessoal; temos de acrescentar sempre as nossas ideias e os nossos pontos de vista. É um trabalho de continuidade, mas com outra pessoa a liderar e com objetivos novos. Estamos a conseguir alguns projetos. Sabemos que as obras que mexem com as pessoas só alguns anos à frente é que vão ter valor. Concluímos um projeto que andávamos a maturar há oito anos, as hortas comunitárias, um projeto que me deu muito gozo concluir logo no primeiro ano.
Urgezes caracteriza-se por ter parte do território já na cidade, com estruturas do município, e outra parte um pouco mais afastada. De alguma forma, é um desafio ao seu desenvolvimento?
Para nós, Urgezes é uno. Temos dinâmicas diferentes na freguesia, a parte que não é tão perto do centro é cidade na mesma, estamos perto de tudo, mas com sossego e tranquilidade. Cria desafios a qualquer executivo, temos pessoas que vêm morar para Urgezes que nem sequer se identificam com a freguesia, e temos as pessoas de sempre, que conhecemos do dia-a-dia. Temos de gerir essas diferentes sensibilidades.
Nessa sequência, Urgezes tem valências como o Centro Cultural Vila Flor e o Jordão, as principais salas de espetáculos de Guimarães. Isso, de alguma forma, inibe a Junta nesta área?
Fazíamos da Vaca Negra o nosso polo cultural, mas por deficiências do edifício, como infiltrações, está um pouco interrompido. Estamos a trabalhar com a Câmara, o espaço vai ser renovado. Tivemos de suspender a atividade cultural como a fazíamos quase mensalmente, mas tentamos promover espetáculos musicais noutras áreas da freguesia, como a Fonte Santa, o auditório. O Amigos de Urgeses também colabora. Não estamos reféns do que se faz no Jordão ou no Vila Flor. Pelo contrário, podemos usufruir dessas atividades, mas temos a nossa própria atividade.
Há vários empreendimentos em curso na freguesia, o Monte Cavalinho, Cães de Pedra, entre outros. Urgezes pode ser um dos principais polos de expansão da cidade?
Urgezes vai ser o principal polo de expansão da cidade, para sul. Urgezes acrescenta cidade à cidade. O Monte Cavalinho está a andar, vai ter habitação a custo controlado, infraestruturas de comércio e uma unidade hoteleira. Temos uma imensidão de coisas a aparecer em Urgezes, é uma freguesia que daqui a meia dúzia de anos vai ser uma das freguesias com maior agregado populacional de Guimarães. Mas não é apenas habitação. Há outras valências a surgir, como a futura escola de engenharia aeroespacial na Fábrica do Arquinho e, não esquecer, a Loja do Cidadão, que também é Urgezes.
Esperemos que, em termos de mobilidade, as coisas se articulem, porque é uma pretensão da Junta de Freguesia, não só de Urgezes, mas das freguesias vizinhas, que é a ligação da Avenida D. João IV – da rotunda – ao alto de Urgezes. Permite desafogar a zona junto aos hotéis. Não faz sentido quem quiser ir para a Abação, por exemplo, ter de ir à rotunda. Numa cidade de futuro quer-se privilegiar o transporte público, que nós também defendemos, mas as infraestruturas viárias não são só para automóveis, podemos usar a bicicleta ou caminhar.
A urbanização do Monte Cavalinho pode significar um quebrar de barreiras entre a cidade e esta zona mais alta da freguesia?
Habitualmente vemos a estação de caminhos de ferro como o limite, uma barreira entre Urgezes mais urbano e Urgezes mais comunitário. A criação dessa via vai tirar esse obstáculo, que não ia só beneficiar Urgezes, mas sim Pinheiro, Costa, Abação, toda esta parte sul. Aproxima as pessoas dos equipamentos. Com uma via, que não é intrusiva nem vai complicar nada, criamos uma enorme facilidade para as pessoas. Temos trabalhado isso com a Câmara, o próprio presidente tem sensibilidade para isso, porque passa cá todos os dias. Temos uma oportunidade única de acrescentar obra, em vez de remendar depois de feito o loteamento do Monte Cavalinho. É essa a pretensão da Junta.
Falou dos transportes públicos. Urgezes é uma freguesia que tem a estação de caminhos de ferro e um apeadeiro, em Covas…
É a única freguesia nessas circunstâncias. Mas, as pessoas da freguesia não usam muito o comboio para se deslocarem para a cidade. As pessoas de Covas não entram em Covas para sair na estação. Podia ser uma mais-valia se tivéssemos mais oferta ferroviária.
Que principal projeto gostava de ver concretizado em Urgezes?
Há um projeto que temos, que é revolucionar este centro cívico, esta área central junto da Igreja. Houve um projeto de uma fábrica que não avançou. Nesse processo, a Junta tinha a pretensão de duas coisas: alargar o parque desportivo do Amigos de Urgeses e criar uma estrutura residencial para idosos. Neste espaço central da freguesia era possível isso. Esta área ficava mais aprazível, com um centro com tudo concentrado, as escolas, um parque desportivo maior, a estrutura para idosos. Queremos transformar este centro cívico, para o colocar ao usufruto do cidadão. O projeto da fábrica agrada-nos. Tinha tudo: era sustentável, ia beneficiar a freguesia, trazia postos de trabalho qualificados e tinha valências que estariam à disposição da comunidade.