Um centro de estudos na casa onde nasceu Alberto Sampaio 180 anos depois
Perpetuado desde 1928 no museu que exibe o espólio da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, o nome de Alberto Sampaio está agora inscrito num centro de estudos que vai funcionar a partir daquela que foi a sua primeira casa, na rua da Rainha. Estudioso da agricultura e vitivinicultura ou pedra basilar da exposição industrial de 1884, o historiador económico nasceu a 15 de novembro de 1841 naquele lugar que acolheu a apresentação do novo projeto da Oficina, idealizado como “difusor do pensamento e da obra do seu patrono”.
“O Centro de Estudos Alberto Sampaio (CEAS) como objetivos programar e dinamizar estudos e atividades de caráter histórico, cultural e científico para públicos diversos, seja por iniciativa da Oficina, seja em conjunto com entidades parceiras”, resumiu Catarina Pereira, líder da área do Património e Artesanato na cooperativa municipal.
Um dos propósitos do centro de estudos é o de facilitar estudos e até “novas linhas de investigação” sobre o historiador vimaranense ou as “temáticas que ele estudou”, tendo como ponto de partida o funcionamento da casa como residência para investigadores desde 15 de novembro de 2019; fruto de um protocolo com o polo da Universidade das Nações Unidas em Guimarães, investigadores portugueses ou estrangeiros podem ali trabalhar, adiantou a responsável da Oficina.
“Ao mesmo tempo que recebemos acervos físicos ou os digitalizamos no centro de estudos, queremos desenvolver linhas de investigação para fazer publicações ou colaborar com as iniciativas dos parceiros”, esclareceu.
Essas entidades parceiras são a Academia das Ciências de Lisboa, a Associação Portuguesa da História do Vinho e da Vinha, o Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, o Museu Alberto Sampaio e a Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, o Agrupamento de Escolas Alberto Sampaio, em Braga, a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e a Sociedade Familiar de Bens da Casa de Boamense, onde o historiador viria a morrer em 1908, aos 67 anos. Algumas dessas instituições já produzem estudos, pelo que o intuito da Oficina é “ativar programações” a partir dos estudos, não raras vezes presos no “âmbito académico”, explicou ainda Catarina Pereira.
Pelos lugares que Alberto Sampaio calcorreou
Para gerar “entusiasmo” pela figura de Alberto Sampaio “junto de todos os públicos”, a Oficina quer promover "conversas, conferências e até visitas de estudo", tendo já iniciativas agendadas para o próximo verão. Depois da criação de um núcleo expositivo em memória do vimaranense, à vista na casa que acolhe o CEAS, a cooperativa municipal vai promover visitas mensais entre julho e setembro de 2021, bilingue, aos lugares percorridos pelo homem de letras e de cultura.
“Vamos à Casa de Sarmento, já que ele esteve muito ligado à figura de Martins Sarmento, à Colegiada da Oliveira, onde foi batizado. Tudo isso tenciona envolver o público mais amplo e genérico nas questões relacionadas com a história e o património”, refere Catarina Pereira. A exposição industrial de 1884 também estará em foco, com um encontro que promete reunir especialistas em história e património industrial.
Também presente na apresentação, o diretor executivo da Oficina, Ricardo Freitas, vincou que a área “do pensamento, da investigação e da documentação” é “igualmente muito importante”, apesar dos espetáculos serem a “parte mais visível”. “O Centro de Estudos Alberto Sampaio é sobretudo um local de encontro e de aproximação dos investigadores e de uma série de entidades que estudam a obra de Alberto Sampaio”, realçou.
Quanto ao vereador com o pelouro da Cultura, Paulo Lopes Silva, a Oficina tem “um papel de centralidade” no CEAS, atuando como “facilitadora e catalisadora” do trabalho de todas as entidades parceiras.