Turismo com subida ligeira em 2021. Mais do dobro das viagens de teleférico
O ano recém-terminado foi de retoma turística em Guimarães. Mas também é certo que os números de 2021 são ainda muito inferiores aos de 2019, pico de uma trajetória crescente interrompida pela pandemia de covid-19. Estas são as duas principais conclusões do relatório da atividade turística do ano passado, divulgado nesta quarta-feira pela Câmara Municipal de Guimarães.
A afluência aos postos de turismo comprova essa realidade: os espaços informativos receberam 29.313 visitas em 2021, mais 22,3% face a 2020. O registo do ano passado está, porém, abaixo do número de 2019: 107.638 visitas, o pico de um crescimento que se verificava pelo menos desde 2017.
Olhando para a distribuição da afluência ao longo do ano, nota-se que o crescimento entre 2020 e 2021 ocorreu sobretudo entre setembro e dezembro, já que, em agosto, o mês mais forte, os números se assemelharam: cerca de 7.500 visitas em cada um dos anos.
Mais de metade das pessoas que entraram nos postos de turismo em 2021 têm nacionalidade espanhola (53,89%), seguindo-se Portugal (14,31%) e França (13,40%) como os países dos turistas que mais privilegiam esses serviços.
Quanto ao mercado espanhol, as comunidades autónomas mais frequentes entre os visitantes dos postos de turismo são a de Madrid (22,36%), a Galiza (17,19%), a Catalunha (9,52%) e o País Basco (9,48%). No território nacional, os visitantes provêm sobretudo de Lisboa (35,8%) e do Porto (13,0%), com Aveiro a surgir na terceira posição (5,5%).
A tendência aplica-se igualmente à taxa média de ocupação por quarto: o território vimaranense apresentou um resultado de 36% em 2021. Em 2020, esse registo fora de 25%. Mas entre 2017 e 2019, essa taxa média de ocupação oscilou entre os 60 e os 62%. Agosto marcou o auge da ocupação em hotéis, com uma taxa média de 70% - no período homólogo de 2020 havia sido de 47%. Os picos de ocupação do turismo de habitação e rural (82%) e do alojamento local (74%) verificaram-se igualmente em agosto. A taxa de 36% acabou por superar as de Portugal Continental (33%) e da região Norte (31%).
Teleférico acelera, ao mesmo tempo que as visitas a museus crescem
O crescimento turístico mais vincado entre os dados reunidos pela Câmara Municipal deu-se nas viagens de teleférico entre o centro da cidade e o topo da Penha. O ano de 2021 contemplou 187.028 viagens de teleférico, praticamente mais 100 mil face a 2020; nesse ano, registaram-se 87.918 deslocações, pelo que o número cresceu 112%.
A variação contrariou igualmente o trajeto descendente que se verificava desde 2017, quando o serviço contabilizou 280.316 viagens.
Na sequência da pandemia, o teleférico encerrou em fevereiro e em março de 2021. No ano anterior, esteve encerrado de janeiro a junho, quer para manutenção (janeiro e fevereiro), quer devido ao coronavírus (nos meses que se seguiram). Mesmo em 2019, já encerrara no primeiro trimestre.
Quanto às visitas a museus, monumentos e sítios arqueológicos, quer a cargo da Direção Regional de Cultura do Norte – Castelo, Paço dos Duques e Museu de Alberto Sampaio -, da cooperativa Oficina – Centro Internacional das Artes José de Guimarães ou Casa da Memória - ou da Sociedade Martins Sarmento – museu arqueológico, Museu da Cultura Castreja e Citânia de Briteiros -, elas voltaram a crescer, após a abrupta descida entre 2019 e 2020, de 67,7%: as entradas diminuíram de praticamente 940 mil para 303 mil. Em 2021, esse número aumentou 24,5%, até às 377.632 visitas.
O relatório perspetiva ainda a “aceleração” do setor do turismo ao longo de 2022, mas com “uma retoma lenta e gradual” e ênfase nos segmentos de “turismo de natureza”, “sustentável” e de “enogastronomia”. A “cultura” é outro dos eixos a ter em conta, face à passagem dos 10 anos da Capital Europeia da Cultura. O documento menciona também uma eventual “mudança no lado da procura”, com a ascensão de um perfil de turista que “privilegiará cada vez mais a sustentabilidade e o ambiente”, traduzindo-se na “busca de destinos não tão massificados”. Essa alteração exige um “ajustamento na estrutura da oferta”.