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“Toda a região sofre com o adiamento de investimentos preponderantes”

Redação
Política \ quarta-feira, julho 31, 2024
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ENTREVISTA RICARDO COSTA | Há muito que não esconde que quer ser presidente da Câmara De Guimarães em 2025, Depois do abandono da vereação, em rutura com Domingos Bragança.

Há muito que Ricardo Jorge Castro Costa, 48 anos, não esconde que quer ser presidente da Câmara Municipal de Guimarães em 2025. Depois do abandono da vereação, em rutura com Domingos Bragança, e da vitória nas últimas eleições internas do PS, a sua ambição parece estar mais próxima. Sem maioria expressiva, o deputado na Assembleia da República, natural de Caldelas, não escapa à obrigação de negociar lugares com sensibilidades vencidas. Apesar das críticas públicas não duvida que “o PS é o partido que tem mais ideias e que mais tem discutido o futuro de Guimarães”. Quer “afirmar a economia e a Indústria” e nomeia a “habitação” e o “parque escolar” como prioridades. Persiste na ligação ao Avepark “independentemente da fonte de financiamento” e, além de Guimarães, considera que “toda a região sofre com o adiamento de investimentos preponderantes como os da Alta Velocidade”.

ENTREVISTA E FOTOS: Esser Jorge Silva e José Luís Ribeiro

Qual o balanço que faz da governação Socialista desde 2013, ano em que foi eleito pela primeira vez?

O Partido Socialista tem um legado histórico de trabalho na governação local em Guimarães, fruto da dedicação dos autarcas que permitiu sempre a renovação da confiança dos vimaranenses. O ano de 2013 teve a particularidade de, aqui como em outros concelhos, iniciar um novo ciclo de governação política. Tive o privilégio e a responsabilidade de contribuir como vereador desde essa altura e ao longo de oito anos e considero que o projeto autárquico tem sido agregador, concretizando os compromissos eleitorais e honrando a matriz identitária do PS. Isto é, colocando as pessoas no centro da ação política e promovendo a igualdade, a inclusão e a sustentabilidade em áreas muito diversas.

Ao fim de 10 anos deixou o lugar de vereador camarário em rutura com Domingos Bragança. O que vos fazia divergir para chegarem ao ponto de intolerância?

Não encaro isso como uma rutura, mas antes como um processo democrático natural que resultou de uma escolha legítima do então cabeça de lista do Partido Socialista à Câmara Municipal. Não escondo que, em alguns momentos, tive uma visão diferente sobre situações pontuais, mas isso é próprio do processo interno de discussão e de decisão política. Cabe ao Presidente da Câmara Municipal, em última instância, definir o caminho e os vereadores devem-lhe lealdade e compromisso, que da minha parte nunca faltaram. A escolha dos candidatos da lista da Câmara deve ser, como foi nessa altura, da responsabilidade do partido e do cabeça de lista, à época também Presidente do Município. Foi o que aconteceu. 

Afirma-se nos circuitos camarários que o executivo de Domingos Bragança não funciona. Já não funcionava consigo ou é coisa recente?

Há sempre quem procure criar ruído em torno da ação política e das instituições, procurando descredibilizá-las. Aliás, essa estratégia é bastante característica dos partidos mais populistas, que, mais do que combaterem politicamente as ideias, preferem denegrir a imagem das instituições. Essa ideia vai um pouco nesse sentido, até porque não sei bem o que é que significa isso do “não funciona”. Pode discutir-se se os nossos autarcas do Município e das Freguesias têm feito melhor ou pior, podemos concordar ou discordar com as opções tomadas, mas dizer que uma Câmara não funciona é muito abstrato. Independentemente dos partidos que integra, a Câmara Municipal é uma instituição com um trabalho muito abrangente e merece, por isso, ser respeitada. 

Nega então que Domingos Bragança tenha tido várias explosões encolerizadas, perante vereadores, escutadas em todo o edifício da Câmara…

Qualquer resposta a essa questão nada acrescenta de conteúdo ou de matéria relevante àquilo que interessa a Guimarães e aos vimaranenses, pelo que me dispenso de fazer comentários sobre rumores.

O PS está no poder desde 1989 e os sinais são de muitas divisões, quase fragmentação. Também parece que o tempo corroeu a imaginação socialista. O que tem a dizer sobre isso?

Não considero que o tempo corroeu a imaginação socialista. Pelo contrário, o PS é o partido que tem mais ideias e que mais tem discutido o futuro de Guimarães. Se é verdade que somos poder desde 1989, também é verdade que desde então temos renovado muitos dos nossos protagonistas na Câmara, na Assembleia Municipal, nas Juntas e nas Assembleias de Freguesia. Soubemos sempre responder aos desafios e corresponder às expectativas e isso garante-nos a confiança renovada dos vimaranenses. As eleições autárquicas de 2025 trazem-nos mais uma vez esse desafio: vencer eleitoralmente e assumir um novo ciclo de compromisso e de desenvolvimento. 

Guimarães deixou de ombrear com Braga e agora disputa a sua posição regional com Famalicão. Qual a responsabilidade do PS na redução da importância territorial vimaranense?

O lema da minha candidatura à concelhia do PS e que nos orientará na candidatura às eleições autárquicas do próximo ano é “Afirmar Guimarães”. Esta não é apenas uma mensagem forte, mas um propósito para nos posicionarmos em relação ao distrito, à região e no País. A responsabilidade do PS deve ser, em primeiro lugar, a de ter ambição e visão. Só assim conseguiremos cumprir o objetivo de afirmarmos o nosso concelho. 

Vemos empresas a irem para concelhos limítrofes e assistimos a uma fraca captação de empreendimentos. Que planos tem para a economia local?

O Projeto I9G foi impulsionado pela Câmara Municipal, na altura em que estive como vereador, e o Governo reconheceu-lhe valor, sobretudo pela capacidade de dinamizar a transferência de conhecimento dos centros de conhecimento para as empresas e influenciar a inovação no tecido empresarial da região. Quando dizemos que pretendemos “Afirmar a Economia e a Indústria”, estamos a considerar recuperar este conceito, integrando novos desafios que, entretanto, se levantam às empresas e à economia global e, consequentemente, à economia local. Nesta fase não quero adiantar muito mais, tendo em conta a discussão que está em curso e que se prolongará no âmbito da construção alargada do nosso programa eleitoral de 2025. 

Vai insistir na via dedicada para o Avepark? Com tantos entraves legais, faz sentido persistir?

A questão que está em cima da mesa é a de perceber se vamos conseguir agarrar a oportunidade de financiamento de 40 M€ do PRR ou se, no limite, terá de ser o Governo a incluir novamente esse investimento no Orçamento de Estado. Esperemos que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga se pronuncie em tempo útil e favoravelmente para garantirmos o financiamento europeu. Caso contrário, terá de ser cabimentado no OE. Tudo farei para que a via dedicada ao Avepark seja executada, independentemente da fonte de financiamento. Mais, a abertura de uma ligação à autoestrada, em Brito, é fundamental para servir toda a zona norte do concelho. Além disso, vamos avançar com a requalificação de todos os Parques Industriais existentes, nos quais pretendemos incluir “Espaços Empresa”. Construiremos também dois novos Parques Industriais.

Venceu as eleições mais concorridas do PS vimaranense até hoje. Também é público que quer ser candidato à Câmara. Que Visão tem para Guimarães? O que almeja para os vimaranenses? 

A mensagem que nos serve de slogan não é uma ideia menor. Queremos mesmo “Afirmar Guimarães” e ainda que isso possa parecer vago, a verdade é que temos trabalhado internamento com militantes e simpatizantes para discutir o futuro do nosso concelho. Mas também o temos feito com um grupo de independentes das mais diversas áreas de atividade e isso vai enriquecer o nosso programa eleitoral para as próximas autárquicas. A seu tempo apresentaremos o que nos move, mas há vários setores que serão fundamentais nesse novo ciclo: a cultura e o conhecimento, a inovação e o talento, a mobilidade e o ambiente, a economia e a indústria e a felicidade e o bem-estar dos vimaranenses. A habitação será uma prioridade efetiva, a par da reabilitação de todo o parque escolar no próximo mandato autárquico.

Quem, ao nível de perfis, levará consigo numa lista para a Câmara Municipal? 

Levarei competência, trabalho e compromisso. Todas as pessoas que integrarão as listas do PS à Câmara, à Assembleia Municipal ou às freguesias terão de obedecer a estes critérios. 

Tenciona convidar algum dos atuais vereadores socialistas a recandidatarem-se, em lugar elegível, na sua lista?

Os nomes serão discutidos e decididos em sede e tempo próprios.

Quando tudo indicava que a sua maioria estava ameaçada pelas “inerências”, entendeu-se com Vítor Oliveira. Paulo Lopes Silva e a sua quase metade do PS estão fora do seu projeto? O que seria necessário para serem integrados?

O projeto que encabecei enquanto candidato nas eleições internas para a Comissão Política Concelhia e que lidero enquanto Presidente do PS local é um projeto coletivo, forte e mobilizador. O diálogo tem sido a matriz da minha ação política dentro e fora do PS. Exigir mais do que a representatividade que nos confiaram ou desviar-nos do bom senso, nomeadamente face à constituição dos órgãos internos, desvirtua o processo democrático e torna-o inexequível. No entanto, isso não significa que o PS deixe de contar com todos os socialistas. E com os vimaranenses em geral.

Sobre mobilidade, até há pouco só se falava em BRT mas agora o PS fala numa ligação ferroviária com Braga. E recentemente soube-se que não é viável o metro ligeiro para Lordelo como advogava Domingos Bragança. A confusão é grande, não é? O que pensa fazer para resolver um dos maiores problemas do Concelho de Guimarães?

Enquanto Deputado da Assembleia da República, tive a oportunidade de subscrever a recomendação ao Governo para aprovar o Plano Ferroviário Nacional. Acho que devemos começar por aí, desde logo porque esta é uma matéria que não depende apenas da vontade nem da competência de qualquer autarquia, mas também porque essa prioridade tem hoje um grande consenso na sociedade portuguesa. Está lá a Ligação de Alta Velocidade Porto-Braga-Valença ou a Ligação Braga-Guimarães, cujo impacto será extremamente positivo para as famílias, para os trabalhadores, para as empresas e para o turismo. Enquanto presidente da Câmara, tudo farei para garantir que esses investimentos são concretizados, nomeadamente os que dizem diretamente respeito a Guimarães. 

Mas não vê Guimarães remetido para um plano secundário quando se fala em Alta Velocidade?

Não só Guimarães, mas toda a região sofre com o adiamento de investimentos preponderantes como os da Alta Velocidade.

É uma pessoa de fé?

Sem dogmas, mas sou uma pessoa de fé. 

Existe alguma figura da Igreja Católica que mais o tenha marcado e tenha influenciado o seu quotidiano?

O Papa Francisco. O seu pontificado distingue-se pela humildade e pela humanidade e isso não deixa ninguém indiferente. 

 

"5 respostas rápidas"

Sugestão gastronómica?

Espetada de tamboril 

 

Que livro está a ler?

Liderança de Henry Kissinger

 

A música que não lhe sai da cabeça?

One - U2 

 

Um filme de referência?

O Negociador

 

Passatempo preferido?

Leitura e Festivais Rock

Conteúdo produzido pelo Jornal O Conquistador, publicado em parceria com o Jornal de Guimarães. Entrevista da edição de julho de 2024 do Jornal O Conquistador.]

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