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Têxtil Mabera apresenta proposta de aquisição da Coelima

Tiago Mendes Dias
Economia \ terça-feira, junho 01, 2021
© Direitos reservados
Empresa de Mogege aceita disponibilizar 250 mil euros no imediato para assegurar as necessidades correntes da quase centenária têxtil, de forma a manter a atividade e os postos de trabalho.

A Mabera apresentou uma proposta de compra da Coelima ao Juízo do Comércio de Guimarães e ao administrador da insolvência da reconhecida têxtil de Pevidém, Pedro Pidwell, nesta terça-feira. Especializada em tinturaria e acabamentos têxteis, a empresa sediada em Mogege, no concelho de Vila Nova de Famalicão, juntou-se ao consórcio das empresas RTL e José Fontão e um outro das empresas Mundotextil e Felpinter na corrida pela Coelima, comprometendo-se a mantê-la em funcionamento.

“A presente proposta assenta nos seguintes vetores fundamentais: manter a atividade da Coelima, manter os postos de trabalho, regularizar o passivo resultante dos créditos que venham a ser reconhecidos e verificados no processo, recuperar a confiança de fornecedores e clientes”, refere a proposta, à qual o Jornal de Guimarães teve acesso.

A têxtil fundada em 1973 compromete-se a disponibilizar “de imediato” a quantia de 250 mil euros para “garantir o cumprimento das necessidades correntes da Coelima”, em especial o “pagamento dos salários”. Confrontada com um passivo total de 29,5 milhões de euros, a Mabera compromete-se a pagar 2,6 milhões de euros, com “perdão de juros remuneratórios e/ou moratórios”, aos credores – os principais são a Caixa Geral de Depósitos, com créditos de 8,5 milhões de euros perante a Coelima, o Fundo Autónomo de Apoio à Concentração e Consolidação de Empresas (FACCE), com 7,8 milhões, a António de Almeida & Filhos (2,2 milhões), a MoreTextile (1,2 milhões), o Fundo Imobiliário Especial de Apoio às Empresas (329 mil euros) e o Banco Comercial Português (166 mil euros).

Já o passivo à Autoridade Tributária é de 34.504 euros, com a empresa a prometer liquidar esse valor em “36 prestações mensais iguais e sucessivas”. A proposta para saldar a dívida de 293.242 euros à Segurança Social passa pelo pagamento do valor total em 150 prestações mensais. A empresa de Mogege considera que a Coelima tem “todas as condições para pagar aos credores com um plano de insolvência” e defende que esses credores têm “toda a vantagem na manutenção da continuidade da atividade da empresa”, com a consequente manutenção dos postos de trabalho e a “evolução do volume de negócios”.

A Mabera entende que os credores “sairão prejudicados” com a cessação dos contratos de trabalho que decorra do fecho da empresa, face aos “privilégios creditórios” previstos para os trabalhadores. Além disso, a Coelima é, no entender da Mabera, uma “referência insubstituível no mercado têxtil nacional” e uma “referência social a nível local e mesmo nacional”, face à existência de valências como o “posto médico, cantina e cooperativa de consumo” e a oferta de atividades como “orfeão, futebol, basquetebol e outras atividades desportivas, com o ciclismo à cabeça” durante o século XX.

Embora o “mundo atual não permita restabelecer aquilo que foi o universo Coelima”, têxtil que, no início dos anos 80, atingiu um pico de quase 3.500 trabalhadores, a empresa de acabamentos, cujo proprietário é o vimaranense Dâmaso Lobo, entende ser necessário que “tudo se faça para não deixar morrer a empresa e o que ela representa para a região e para o país”.

A Coelima encontra-se num processo de insolvência, após o pedido apresentado em 14 de abril pelo conselho de administração da empresa, que é formado por Pedro de Tovar de Magalhães e Meneses Ferros, Dino Barbosa e Sérgio Maia e que sucedeu à liderança de Artur Soutinho, no âmbito do grupo MoreTextile.

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