“Ambiciono ser um cidadão comum após deixar função de presidente da Câmara”
Apesar de ter apoiado Sofia Ferreira nas eleições para a comissão política concelhia de Guimarães do PS, Domingos Bragança diz que “só não estaria bem” com a nova liderança “se não houvesse processo democrático”. Aberto a que qualquer pessoa no seio do partido apresente “ideias”, caso se queira afirmar como candidato à Câmara em 2025, o autarca espera concluir a sua vida política no final do mandato em curso.
Ricardo Costa venceu as eleições para a concelhia do PS contra Sofia Ferreira, a candidata que apoiou. Confirmam-se diferentes fações socialistas na Câmara e na concelhia quando se aproxima a sua sucessão, em 2025? Receia um PS dividido nas próximas autárquicas?
Isso gere-se muito bem. É a democracia a funcionar. O Partido Socialista é o Partido Socialista. A Câmara Municipal é a Câmara Municipal. A Câmara de Guimarães governa para todos os vimaranenses. Depois de ser eleito, sou presidente dos que votaram em mim e dos que não votaram. O PS tem os seus órgãos próprios e a sua discussão própria, que se faz no Toural. Os militantes escolheram um novo líder para a concelhia, Ricardo Costa. Foi legitimado. Desejo-lhe uma boa liderança, em nome do PS. Que consiga alcançar todos os objetivos que definiu. Por mim, está tudo pacífico e tranquilo. Só não estaria bem se não houvesse processo democrático.
Após essa eleição, crê estar definido o candidato do PS à Câmara Municipal em 2025? Ainda teremos outras eleições para a concelhia antes das Autárquicas.
A minha preocupação é a de dar o meu melhor para, até ao final do meu mandato, executar projetos, definir rumos, governar Guimarães. Trabalho entre 12 e 14 horas por dia para a Câmara. Quanto aos partidos, têm as dinâmicas próprias. Tendo em conta que o grupo parlamentar do PS na Assembleia Municipal está em consonância com a Câmara em matéria de defesa política, desejo-lhes o melhor trabalho. Há um novo líder da concelhia, que deve definir, a nível partidário, o que tem de fazer.
“Se houver questões essenciais em que seja chamado à responsabilidade, não as recusarei. Mas não estou a vê-las. Do ponto de vista pessoal, ambiciono ser um cidadão comum após deixar a função de presidente da Câmara”
Numa entrevista a O Conquistador, publicada em novembro, a vice-presidente Adelina Paula Pinto disse que seria interessante ver a Câmara Municipal liderada por uma mulher. Gostaria de ver uma mulher candidatar-se pelo PS em 2025?
Quem está na Câmara tem de estar focado na governação, mas não posso cercear ambições a outro nível de quem trabalha na Câmara. Uma questão essencial é a equipa estar focada na vereação e nas funções que tem. Outra coisa é a liberdade plena de, em processos democráticos, todos apresentarem as suas ideias, os seus projetos, como aconteceu com a vereadora Adelina Pinto, que disse que gostaria de ver uma mulher a presidir. Desde que as coisas sejam feitas dentro da pluralidade democrática que tanto defendo, não tenho o direito de cortar a liberdade de ninguém. A primeira grande preocupação do presidente da Câmara no dia a dia é o exercício da plena democracia. E a plena democracia pressupõe plena liberdade, com responsabilidade, dos que trabalham comigo. Quem está comigo tem de fazer o trabalho político e técnico, com plena lealdade e plena capacidade técnica. De resto, está tudo bem.
O que podemos esperar de Domingos Bragança após 2025?
Ainda tenho mais três anos, mas quando deixar de ser presidente da Câmara sentir-me-ei satisfeito pela entrega que mostrei, pela responsabilidade que assumi. Depois, passarei a ser um cidadão comum. Remeter-me-ei a essa condição. Não tenciono continuar na política ativa. Se houver questões essenciais em que seja chamado à responsabilidade, não as recusarei. Mas não estou a vê-las. Do ponto de vista pessoal, ambiciono ser um cidadão comum após deixar a função de presidente da Câmara.