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Batalha quase sempre longe do controlo, Jamor mais longe no horizonte

Tiago Mendes Dias
Desporto \ quarta-feira, abril 03, 2024
© Direitos reservados
Embora lutador na defesa e nos vários duelos de um jogo repleto de interrupções, o Vitória quase não criou perigo para a baliza portista e sofreu numa infelicidade de Bruno Varela.

A oitava final da Taça de Portugal é agora um objetivo mais distante do que era no começo deste dia, mas ainda em aberto. O Vitória perdeu com o FC Porto por 1-0 na primeira mão da meia-final, decidida com um golo em que Bruno Varela foi muito infeliz: de regresso à baliza quase dois meses depois de ter jogado oficialmente pela última vez, no triunfo sobre o Vizela em reduto alheio (1-0), o guardião foi incapaz de agarrar uma bola à figura, embora Pepê estivesse sozinho em posição frontal à baliza.

A bola ultrapassou a linha de baliza aos rodopios, muito lenta, numa trajetória que poderia resumir o ascendente da formação portuense sobre o Vitória nesta noite com 18.103 espetadores no Estádio D. Afonso Henriques: primeiro, teve mais iniciativa atacante, mas sem qualquer perigo, antes de as ocasiões aparecerem aqui e ali, quase sem o Vitória dar por ela. Quando se soma a produção de ambas as equipas, é uma realidade que o FC Porto esteve sempre mais perto do golo, num encontro mais transpirado do que inspirado, com sucessivas faltas e paragens.

Próximo, mas não idêntico à versão que tem sido a mais habitual no campeonato, face à troca de Charles por Bruno Varela entre os postes, o Vitória rubricou uma primeira parte onde sobressaíram facetas bem diferentes do seu modelo de jogo; pelo menos, diferentes daquelas que o têm distinguido na época 2023/24.

A equipa de Álvaro Pacheco encarou quase sempre o FC Porto atrás da linha da bola na hora de os dragões iniciarem a construção, mas com serenidade, cortando as linhas por onde o adversário poderia progredir, com engenho tático ou em faltas cirúrgicas, muitas em zonas adiantadas no terreno. Bruno Gaspar, por exemplo, foi implacável na marcação a Galeno, enquanto Ricardo Mangas sentiu mais dificuldades para fechar o espaço a Gonçalo Borges. Foi, aliás, pelo corredor direito que a equipa hoje vestida de azul‐esverdeado canalizou todo o seu ataque, mas os inúmeros cruzamentos dessa ala só se traduziram em real perigo para as redes vitorianas ao minuto 45+3, num cabeceamento de Nico González por cima.

O longo período de compensação de nove minutos, ditado pelo violento choque de cabeças entre Ricardo Mangas e Jorge Sánchez ao quarto de hora, ao qual se sucedeu uma interrupção de oito minutos, foi, aliás, mais emotivo e vertiginoso do que os 45 que lhe antecederam, com Alan Varela e Gonçalo Borges a ameaçarem a baliza vitoriana e João Mendes a responder pela equipa de preto e branco.

Este remate sobressai numa produção ofensiva escassa do Vitória na primeira parte. Os pupilos de Álvaro Pacheco saíram várias vezes em velocidade para o ataque, sobretudo por Bruno Gaspar na direita, pela dupla de meio‐campo ou pelo inevitável Jota Silva, mas a bola nunca chegou redondinha para o toque final; referência no eixo atacante, Nélson Oliveira sentiu tremendas dificuldades para se virar rumo à baliza portista, entre Pepe e Otávio.

A segunda parte trouxe poucas novidades, a não ser o golo do FC Porto, num lance que começou numa falha individual e terminou noutra: muito marcado, João Mendes recuou a bola para o também marcado Tiago Silva, ao invés de descongestionar a manobra vitoriana, e o esférico perdeu-se. Porto seguiu em velocidade, e Nico González cruzou para Pepê. Em posição privilegiada, o cabeceamento do brasileiro saiu fraco, mas bastou para dar golo, face à abordagem deficiente de Bruno Varela na defesa.

Em desvantagem, o Vitória acelerou, principalmente após a entrada de Kaio César para o lugar de João Mendes, ao minuto 60, mas o volume ofensivo esteve longe de se converter em oportunidades ou perigo para a baliza de Cláudio Ramos; os remates saíam ao lado ou eram intercetados. Num duelo incaracterístico, marcado por inúmeras paragens, os lances de maior perigo até ao apito final pertenceram ao FC Porto, com Bruno Varela a opor-se aos remates de Romário Baró e de Iván Jaime para evitar males maiores. O Vitória foi uma equipa aquém do que já mostrou esta época e vê o Jamor mais longe. Mas esse não tem de ser um horizonte perdido de vez: há uma segunda mão para resgatar esse sonho, numa tarefa que se avizinha hercúlea.

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