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“Sou candidato para devolver a esperança a Guimarães e aos vimaranenses”

Redação
Política \ sexta-feira, fevereiro 07, 2025
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“O PS tem uma geração de pessoas, a nível local, que nasceu e viveu sempre no poder, por isso o seu foco é lutar pela sobrevivência e a manutenção dos interesses instalados”

Ricardo Araújo, 47 anos, teve uma vida jovem entre o Colégio Nossa Senhora da Conceição, onde a mãe trabalhava, a casa dos avós na Rua da Rainha e a residência familiar em Azurém. As associações do centro urbano foram a sua escola de cidadania. Ser presidente da Associação de Estudantes da Escola Francisco de Holanda foi o primeiro passo para o apelo para a política que o levou até ao lugar de deputado à Assembleia da República. Depois de vários cargos, este quadro de gestão numa grande empresa privada e militante do PSD avança para a Câmara Municipal de Guimarães. Considera que o PS querer “Afirmar Guimarães” ao fim de 36 anos é uma “crítica” aos mandatos passados dos próprios socialistas. Uma “Agência para o Desenvolvimento Económico de Guimarães”, ligações viárias do centro às Vilas das Taipas, Lordelo e Ronfe e atenção diferenciada aos jovens e idosos são a base do seu projeto para uma nova “dinâmica” e um “novo ciclo de progresso” de Guimarães,

ENTREVISTA: José Luís Ribeiro e Esser Jorge Silva

 

É escasso o conhecimento público do seu percurso profissional e político. Reconhece que para o desempenho político era importante as pessoas saberem por onde passou, o que fez/faz e onde?

Estranho que considere escasso, uma vez que - desde os 15 anos! - desenvolvo uma intensa e ininterrupta atividade de intervenção cívica, associativa e política, tendo-me envolvido e empenhado nas mais diversas matérias e assuntos que respeitam à vida coletiva de Guimarães. Mas esta é uma boa oportunidade para o tornar mais conhecido. Fui presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Francisco de Holanda, fundador e presidente do Conselho Municipal da Juventude de Guimarães, presidente do Círculo de Arte e Recreio durante 12 anos e, neste âmbito, tive ações empenhadas e participativas em diversas manifestações culturais da cidade como os Festivais Gil Vicente ou a coordenação do Programa associativo da Capital Europeia da Cultura em 2012. Participei em diversas organizações, fóruns e conferencias internacionais, como dirigente ou orador.

 

E em termos de cargos públicos?

Fui administrador do Instituto Português do Desporto e da Juventude, presidente da Movijovem - a entidade gestora das Pousadas de Juventude e do Cartão Jovem - Secretário Geral Adjunto da Conferência de Ministros da Juventude e Desporto da CPLP, Membro do Conselho Diretivo da OIJ – Organização internacional Ibero-americana, desempenhei funções de Autoridade Nacional do Programa Erasmus+, tendo participado em reuniões de Diretores Gerais da União Europeia, CPLP e Ibero-America.

 

Quando começou a atividade política?

Como Deputado Municipal em 1997. Sou vereador na Câmara Municipal de Guimarães desde 2013 até ao presente e Deputado na Assembleia da República desde março de 2024. Tenho 47 anos e sou licenciado em Relações Internacionais, com um MBA - Master Business Administration em Gestão de Empresas pela Porto Business School e formações executivas internacionais no IE em Madrid e Universidade de Cornell em Nova Iorque. Profissionalmente sou quadro superior de uma grande empresa de engenharia nacional onde exerci funções nas áreas de planeamento estratégico, gestão de projetos e comércio internacional.

 

É candidato à presidência da Câmara Municipal de Guimarães. O que lhe faz acreditar que pode vencer um partido “colado com cimento” ao poder?

O PS deixou de ter soluções para os problemas de Guimarães, é um partido esgotado, a desmoronar-se, não conseguiu renovar os seus quadros e deixou-se controlar por uma fação impreparada, megalómana, caciqueira, que vive da aparência, dos grandes anúncios, do “show off” e alicerçada nos pequenos interesses e lugares instalados na câmara, nas freguesias e nas empresas municipais. Prometem tudo quanto deixaram por fazer ao longo de 36 anos. O PS tem uma geração de pessoas, a nível local, que nasceu e viveu sempre no poder, por isso o seu foco neste momento é lutar pela sobrevivência e a manutenção dos interesses instalados.  É um PS local muito semelhante ao PS nacional, altivo, extremado, proclamatório, que diz uma coisa e o seu contrário com muita facilidade, o que importa é dizê-lo com holofotes e com convicção…

 

Mas …

Reparem que, apesar dos esforços de Domingos Bragança, o PS esteve focado nestes últimos anos nas guerras internas, quebrando o elo da confiança com os vimaranenses e deixando Guimarães para trás. O slogan de campanha do líder do PS “Afirmar Guimarães” é a maior critica que se pode fazer aos mandatos do atual presidente da Câmara. Eles bem tentam disfarçar, aparecer juntos, mas já ninguém acredita. O atual Presidente da Câmara dispensou da sua equipa o atual candidato do PS, e este último quer convencer os vimaranenses que será fácil resolver todos os problemas que o primeiro não resolveu… Sou candidato exatamente para devolver a esperança a Guimarães e aos vimaranenses. Quero inaugurar um novo ciclo, uma nova dinâmica de progresso e desenvolvimento para Guimarães.

Mas o que apresenta de novo para alcançar esse objetivo?

Temos sublinhado que é necessário mudar de políticas e de rumo, assumir a economia como prioritária, conquistar investimentos e novas indústrias, somar inovação e visão estratégica, tirar o concelho do marasmo, dar-lhe mais e melhores vias de comunicação e mobilidade, oferecer mais e melhor habitação, mais oportunidades aos jovens e mais dignidade aos idosos. Os vimaranenses já perceberam que cada dia que passa sem inversão de rumo, é um dia perdido na luta por um concelho com liderança regional, que já teve, e pela qual deve lutar, aspirando a ser referência nacional em domínios estratégicos que garantam mais e melhor qualidade de vida para todos.

 

Tradicionalmente o PSD gosta muito da ideia de “unidade”. André Coelho Lima já lhe manifestou apoio ou faltam peças à “unidade”?

O Dr. André Coelho Lima e o Dr. Bruno Fernandes (últimos candidatos do PSD à CMG) foram as primeiras pessoas a declarar-me apoio na candidatura à presidência da Câmara Municipal de Guimarães. São, naturalmente, quadros de referência, que muito valorizam e honram o partido, com quem sempre contamos. O PSD está forte e unido nesta candidatura. Tentamos construir as nossas propostas e intervenção política em cima do que tem sido a nossa história, em particular das últimas candidaturas autárquicas.

 

Vai concorrer em coligação, como anteriormente, ou pensa concorrer isolado?

Estamos a construir uma ampla plataforma política que junta partidos e independentes que acreditam que Guimarães precisa de iniciar um novo ciclo de crescimento e desenvolvimento, com novos protagonistas e novas políticas.

 

Quem o acompanhará na lista para a Câmara? E para a Assembleia Municipal, quem será a figura de proa?

As listas estão em construção, sem pressa. Seguramente que me acompanhará um grupo de pessoas muito válidas, pessoas capazes de oferecer todas as garantias aos vimaranenses de credibilidade, competência e motivação para nos superarmos e voltarmos a fazer do nosso concelho uma referência.

 

Ao contrário de Braga e Famalicão em que o PSD derrotou o PS, desde 1989, há 35 anos, que o PSD não vence umas eleições autárquicas em Guimarães. O que explica esse falhanço? O Partido Socialista tem sido melhor?

Todos os concelhos têm os seus ciclos políticos e também as suas mudanças. Até 2013 também se podia dizer que o PSD não vencia o PS em Braga. Mas venceu e o concelho cresceu e melhorou. Em Famalicão foi igual, o PSD venceu num território que parecia improvável e a verdade é que a mudança foi muito positiva para esse concelho. O mesmo vai acontecer em Guimarães nas próximas eleições. É hora de mudar, de iniciar um novo ciclo, de dar uma oportunidade a outros, de fazer diferente. O PS teve os seus méritos em Guimarães - não o nego - e conseguiu concretizar projetos importantes. Porém, nos últimos anos tornou-se mais evidente o desgaste de 4 décadas no poder.

 

Enquanto vereador, muitas vezes pareceu dar suporte, ou a não ser veemente nas distâncias, às decisões de Domingos Bragança. Esse estilo “low profile” não pode ser confundido com falta de acutilância política?

Prezo muito a honestidade intelectual, política e tento ser coerente. Quando estou de acordo com determinado assunto, não vou dizer mal só porque a proposta não é nossa ou porque vem do PS ou do Presidente da Câmara. Também houve mérito, importa reconhecê-lo, do Dr. Domingos Bragança ao consensualizar determinadas políticas ou objetivos, como foi o caso da Capital Verde Europeia. Para mim, o interesse de Guimarães está à frente do interesse partidário ou eleitoral. Por outro lado, lanço um desafio: vejam a quantidade e a qualidade das propostas que apresentamos nos últimos anos em reunião de Câmara: nos transportes, na educação, na mobilidade, no desporto, na economia, na habitação. Considero-me um moderado, do centro político na esfera ideológica e confesso que tenho preferência por este estilo de fazer política pela positiva, de apresentar propostas, soluções para os problemas e não só criticar. Isso não me impediu de ser firme e denunciar o que está mal, sempre que se justificou.

 

O que tem, pessoalmente, de diferente para que leve os vimaranenses a votar em si?

Penso possuir experiência de liderança de pessoas e organizações, experiência profissional e política relevante, tanto no setor público como privado, que creio poderem ser úteis para a presidência da autarquia e para o futuro de Guimarães.  Conheço muito bem o meu concelho, as pessoas da minha terra e as suas instituições. Tenho conhecimento profundo dos problemas e desafios que Guimarães enfrenta, e tenho uma visão clara para o nosso futuro coletivo. Mas a candidatura autárquica é assente num vasto conjunto de homens e mulheres, numa equipa! Estamos a construir o nosso programa eleitoral com o contributo de muitos vimaranenses, nas diferentes áreas, não precisamos de uma consultora internacional para nos fazer o programa estratégico e nos vir dizer o que Guimarães precisa, como fez o candidato do PS…

No seu entender o que é premente e a necessitar de intervenção que possa ter impacto positivo no concelho? Que tipo de solução preconiza?

É absolutamente urgente resolver os problemas e estrangulamentos de trânsito em todas as principais entradas e saídas da cidade, começando pelo desbloqueamento do nó de Silvares com a construção de uma ligação curta e direta da via rápida à estrada nacional 206, resolver os problemas de ligação do centro às vilas, a Norte até às Taipas, a Sul até Lordelo e a Oeste até Ronfe. Para isso é necessária uma requalificação das vias, criando um canal dedicado para metrobus (BRT) nestas ligações e uma forte aposta em transportes públicos. Na área económica é premente a criação de novas zonas de acolhimento empresarial, a requalificação dos parques industriais existentes e a criação de uma Agência para o Desenvolvimento Económico de Guimarães, focada na captação de investimento e no apoio direto aos nossos empresários. Quero uma forte aposta na inovação, no apoio ao empreendedorismo e na diversificação do nosso tecido industrial.

 

E quanto ao Plano Diretor Municipal, neste momento em elaboração, que ideias devem norteá-lo?

Quero um novo PDM rapidamente aprovado, que permita mais zonas de construção, de forma organizada e planeada obviamente, mas que permita rapidamente o aumento da oferta de habitação. Quero uma Câmara com regras, mas ágil e célere a responder aos pedidos de licenciamento, que não bloqueie processos anos e anos… Quero um aumento da construção pública, da construção a custos controlados, que permita oferta de habitação digna e de qualidade, seja para os mais desfavorecidos como para a classe média e os jovens. Quero aumentar rapidamente a oferta de creches, bem como a oferta de soluções residenciais para os idosos, assegurando o acesso a medicamentos, serviços de saúde e uma boa rede de serviços de apoio. Ou seja, quero que Guimarães seja um referencial de qualidade de vida para os mais jovens e para os mais velhos. Definitivamente não quero um Concelho onde os pais não têm creches ou escolas de qualidade onde deixar os filhos ou os filhos não têm como assegurar respostas dignas aos pais ou avós. Quero as pessoas no centro da ação política, focar o Município na resolução dos problemas concretos dos cidadãos, empresas e instituições. Para que tudo isto seja possível, para que o futuro de Guimarães seja melhor, é necessário que os vimaranenses nos possam dar uma oportunidade de governar.

 

É uma pessoa de fé?

Se ser uma pessoa de fé, como diz o Papa Francisco, é defender o primado da pessoa humana e a defesa da sua dignidade, independentemente das circunstâncias, então, sim, sou seguramente. Acredito muito na ação humana, na sua capacidade transformadora, racional e assente em valores e princípios.

 

Existe alguma figura da Igreja Católica que mais o tenha marcado e tenha influenciado o seu quotidiano?

Tenho uma especial admiração pelo cardeal português D. José Tolentino Mendonça, que julgo uma figura inspiradora e notável pelo pensamento e ideias que expressa enquanto investigador, poeta e ensaísta.

 

“5 respostas rápidas”

Sugestão gastronómica?

Cabrito assado em forno de lenha.

 

Que livro está a ler?

A Biografia de Winston Churchill escrita por Martin Gilbert e a “Guerra do Fim do Mundo” de Mário Vargas Llosa.

 

A música que não lhe sai da cabeça?

Por estes dias, “Traz outro amigo também” de Zeca Afonso e “Blowin’ In the wind” de Bob Dylan.

 

Um filme de referência?

A Lista de Schindler de Steven Spielberg, protagonizado por Liam Neeson.

 

Passatempo preferido?

Fotografia, viagens, leitura, música, gosto de assistir a vários desportos. 

[Conteúdo produzido pelo Jornal O Conquistador, publicado em parceria com o Jornal de Guimarães. Entrevista da edição de janeiro de 2025 do Jornal O Conquistador.]

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