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SMS recomenda associação de moradores na área património mundial

Tiago Mendes Dias
Cultura \ quinta-feira, maio 06, 2021
© Direitos reservados
Membro do conselho científico da Sociedade Martins Sarmento, Maria José Meireles também sugeriu relatório bienal das condições de habitabilidade do centro histórico e de Couros.

Um dos propósitos do plano de gestão de 2021 a 2026 para o centro histórico, Património Mundial da UNESCO desde 2001, e para Couros, área que a Câmara Municipal de Guimarães deseja ver classificada, deve ser o de criar uma associação de moradores para esse território, afirmou nesta sexta-feira Maria José Meireles.

“O objetivo é defender os interesses económicos, técnicos e legais dos moradores”, referiu a investigadora e membro do conselho científico da Sociedade Martins Sarmento (SMS), entidade que acolheu nesta quinta-feira, ao final da tarde, a primeira sessão de discussão pública relativa ao plano aprovado na segunda-feira, em reunião do executivo municipal.

A autora de “Permanências e alterações – o património urbano de Guimarães nos séculos XIX-XX”, tese de mestrado pela Universidade do Minho editada num livro apresentado na passada sexta-feira, considerou também que o plano deve assegurar um “relatório bienal das condições de habitabilidade do centro histórico e de Couros”, bem como reforçar o “estudo das artes, técnicas e organizações ancestrais locais”.

Para Maria José Meireles, o plano deve ainda explicitar melhor o que vai fazer a Comissão de Acompanhamento aí proposta e também “reforçar as parcerias com museus, bibliotecas, arquivos e centros de arte” no sentido de valorizar o território que abrange.

Durante a sessão, o presidente da SMS, Paulo Vieira de Castro, frisou que o património é “aquilo que as pessoas constroem e vivem”, sendo necessariamente “algo de dinâmico”, em que as pessoas “se reconhecem”.

A versão preliminar do plano, com 252 páginas, está disponível para consulta pública até ao final deste mês, e o vereador municipal com o pelouro do Urbanismo, Fernando Seara de Sá, vincou que esta é a primeira de cinco sessões de apresentação do documento, tendo por tema a credibilidade. As próximas, sempre às 18:00, terão lugar a 13 de maio, no Instituto de Design, sob o tema “competências”, a 20 de maio, no Cineclube de Guimarães, sob o tema “comunicação”, a 22 de maio, no Convívio, sob o tema “comunidade”, e a 27 de maio, na Assembleia de Guimarães, sob o tema “conservação.

Seara de Sá frisou que a “credibilidade é uma das coisas necessárias para a candidatura destes processos à UNESCO” e que o documento deve servir para se “construir uma cidade que, no futuro, seja mais inclusiva e produto da vontade da comunidade”.

Também presente na sessão, a diretora regional da Cultura do Norte, Laura Castro, enalteceu, numa curta intervenção, o “lado dinâmico” do plano e também a vontade de se alargar a área classificada, quando, em vários outros casos, subsistem “dúvidas sobre a permanência das classificações”.

 

“Uma jóia de família”

O Salão Nobre da SMS também acolheu a intervenção da diretora do Paço dos Duques e do Museu Alberto Sampaio. Isabel Fernandes comparou o centro histórico a uma “joia de família”.

“É algo que herdamos de quem gostamos. A não ser que as condições financeiras sejam muito más, não se vende. Mas também só tem valor se se usar. A joia vale nada se estiver guardada no banco”, comparou.

A responsável instou, por isso, os vimaranenses, residam eles na cidade ou no restante território concelhio, a participarem no processo, mesmo que as sugestões venham a ser recusadas pela Câmara Municipal de Guimarães, por colocarem em risco a “autenticidade” dos imóveis. Para Isabel Fernandes, deve-se “preservar o centro histórico””, “torná-lo vivo” e “manter pessoas”.

 

 

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