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Recolha de cápsulas de café começa de imediato em juntas e supermercados

Tiago Mendes Dias
Ambiente \ terça-feira, junho 20, 2023
© Direitos reservados
Guimarães é o segundo município a adotar o processo, numa parceria entre a Vitrus e a Associação Comercial e Industrial do Café. Os contentores estão ao dispor dos consumidores já esta terça-feira.

Anunciado na semana anterior, o projeto de recolha de cápsulas de café para posterior reciclagem, levado a cabo pela empresa municipal Vitrus Ambiente e pela Associação Comercial e Industrial do Café (AICC) arranca esta terça-feira, dia em que foi assinado o protocolo entre a Câmara Municipal de Guimarães e as seis empresas detentoras das 12 marcas de café incluídas nesta parceria: a Nestlé Portugal – responsável pela Nespresso, Nescafé Dolce Gusto, Sical, Buondi e Starbucks -, o Grupo Nabeiro – Delta e Bellissimo -, a Massimo Zanetti – Segafredo e Nicola -, a New Coffee – Bogani -, a José Maria Vieira – Torrié – e a UCC.

Nos jardins do Palácio Vila Flor, responsáveis das 48 juntas e uniões de freguesia de Guimarães receberam os contentores nos quais os consumidores podem depositar as cápsulas de café utilizadas. “O projeto é para ser implementado já hoje e para avançar com a reciclagem”, adiantou o presidente da Câmara Municipal, Domingos Bragança, no último dos quatro discursos da manhã.

A assinatura do protocolo consumou Guimarães como o segundo município de Portugal que adere ao processo de recolha e reciclagem de cápsulas de café; o primeiro foi Cascais, em novembro de 2022. O presidente da Vitrus Ambiente realçou que o projeto agora em curso resultado de um desafio lançado por Guimarães à AICC, perante o desperdício gerado pelas cápsulas: “São produzidas 39 mil cápsulas de café por segundo no mundo. Por minuto, são 2,4 milhões. O destino delas era o aterro”, estimou Sérgio Castro Rocha.

Logo que a AICC deu “luz verde” ao projeto, a Vitrus convidou as 48 freguesias e uniões de Guimarães a aderirem ao projeto e contactou, depois, supermercados e hipermercados. Além das juntas, há 21 supermercados que aderiram à recolha de cápsulas de café, recebendo ainda hoje os respetivos contentores, batizados de “Descápsula”.  “Ainda hoje vão ser entregues os contentores nos espaços comerciais”, acrescentou o responsável, vincando o interesse em aumentar a “rede de entidades” que possa aderir ao projeto.

Grato ao cantor Zé Amaro pelo contributo na divulgação do projeto, Sérgio Castro Rocha frisou que, “mais do que ser o primeiro município do Norte” a aderir ao projeto, a prioridade é alcançar “resultados” numa iniciativa que acredita de “sucesso”, embora sem avançar com um objetivo a nível de quantidade de cápsulas recolhidas.

O presidente da Câmara frisou igualmente que “distinções” como a da Capital Verde Europeia para 2025 são “referências e objetivos”, tendo defendido que o “caminho a percorrer”, o “desenvolvimento holístico e integrado, ambientalmente sustentável” é o mais importante na sua ação política.

Domingos Bragança defendeu assim que cidadãos e empresas devem recusar “ser predadores da natureza” e aproveitar o momento “deslumbrante” que a ciência atravessa para mudarem comportamentos sem terem de perder “conforto e qualidade de vida”. Convencido de que o projeto vai ser um “sucesso” por haver potencial para todos “economicamente ganharem”, o autarca reiterou ainda que os consumidores têm o direito e o dever de conhecerem o material em que são produzidas as cápsulas, se são reutilizáveis ou não e também terem a noção de onde estão os contentores para levarem essas cápsulas. A seu ver, as alterações começam pela “consciência ecológica” de cada um.

“Não vale a pena varrer os problemas para debaixo da cama, porque só se acumula o lixo. As alterações climáticas são o grande desafio da humanidade, mas temos conhecimento e tecnologia para não deitar nada fora. O material em que é produzida a cápsula tem de ser conhecido. Aí entra a ciência e a responsabilidade social e ambiental das empresas”, vincou.

 

Os contentores para as cápsulas de café © Miguel Faria/JdG

Os contentores para as cápsulas de café © Miguel Faria/JdG

 

AICC enaltece “capacidade de organização e celeridade” de Guimarães

A sustentabilidade é um dos vértices da estratégia da AICC desde 2017, altura em que a associação também começou a olhar para fenómenos como o apoio à exportação de café e as novas tendências de café, adiantou o presidente da entidade, Victor Martins. O responsável diz que parcerias como as que existem com os municípios de Guimarães e de Cascais são um passo em frente na “recolha e reciclagem dos milhões e milhões de cápsulas” e desejou boa sorte a Guimarães na candidatura a Capital Verde Europeia, em 2025.

Já a secretária-geral da AICC vaticinou “sucesso” a um projeto já no terreno graças, em parte, à capacidade de organização de Guimarães. “Queremos que a reciclagem seja o mais facilitada possível. Guimarães mostrou disponibilidade, capacidade de organização e celeridade exemplares. Visualizou bem o município, chegando facilmente às juntas e aos supermercados. Assim o consumidor pode depositar as cápsulas perto de casa”, referiu.

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