Dormidas sobem 12% na primeira metade do ano, mas junho e julho “preocupam”
No primeiro semestre de 2023, o número de dormidas em Guimarães cresceu ininterruptamente entre janeiro e maio, antes de diminuir em junho, quer face ao mês anterior, quer na comparação com junho de 2022, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística, que exclui da contabilidade unidades de alojamento local com menos de 10 camas.
Entre 01 de janeiro e 30 de junho de 2023, o território vimaranense acumulou 150.522 dormidas segundo os critérios do INE, número que traduz um crescimento de 12% face a idêntico período de 2022. Mais de 83% desse total deu-se em unidades hoteleiras, distribuindo-se as restantes dormidas pelo alojamento local e pelo turismo rural e de habitação.
Os dados referentes a cada mês indicam que o pico de procura pelos serviços de alojamento vimaranenses se deu em abril – registaram-se então 32.049 dormidas, um aumento de 15,4% face a 2023 -, e que o maior crescimento homólogo mensal se deu logo em janeiro – atingiu os 54%, rumo às 16.749 dormidas em 2023. Junho, que fora o primeiro mês a superar as 30 mil dormidas em 2022, apresentou a tendência oposta: ficou-se pelas 27.954 dormidas neste ano, após uma descida homóloga de 12%. As mais de 150 mil dormidas no primeiro semestre traduziram-se no acolhimento de 87.263 hóspedes, mais 14,3% face a semelhante período de 2022.
AVH salienta conjuntura económica e “falta de estratégia”
Contactado pelo Jornal de Guimarães, o presidente da Associação Vimaranense de Hotelaria considerou “muito preocupantes” junho e julho, mês para o qual ainda não há dados do INE, depois da evolução positiva em abril e em maio.
“Tivemos um abril e um maio como não tínhamos há muito tempo. Foi muito, muito bom, fruto também do que é a Semana Santa em Braga. Depois, houve uma quebra muito grande em junho e em julho. Foram meses muito abaixo do que era expectável”, realça José Diogo Silva, acrescentando que “os sinais de primeira quinzena de agosto são de tendência para melhorar”.
O responsável admite que a conjuntura económica, também marcada pela subida de preços na restauração e no alojamento, se refletiu no decréscimo de junho, com a procura do público espanhol a ressentir-se particularmente. José Diogo Silva admite também que houve quem tenha deixado de fazer “miniférias” em junho, mas crê que é possível mitigar fases de quebra com uma estratégia mais clara para o turismo, algo que julga faltar. “As razões essenciais para junho e julho são conjuntura económica e falta de estratégia de turismo em Guimarães”, salienta.
No primeiro semestre de 2023, Portugal ultrapassou as 30 milhões de dormidas, apresentando um crescimento homólogo de 18,8%: em 2022 registara 28 milhões e na primeira metade desde ano atingiu as 34. Entre junho de 2022 e junho de 2023, o crescimento a nível nacional foi de 3,7%, das 7,2 para as 7,4 milhões.
Oitavo concelho com mais procura fora das regiões mais turísticas
Entre os 308 municípios de Portugal, Guimarães foi o 33.º com mais dormidas no primeiro semestre de 2023, numa tabela encabeçada por Lisboa (7,2 milhões). Atrás da capital, surgem Albufeira (3,3 milhões), Funchal (quase três milhões) e Porto (2,7 milhões) num top 10 constituído exclusivamente por concelhos das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, do Algarve e das regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
Se se excluir da contabilidade essas regiões, as mais turísticas de Portugal, Guimarães surge como o oitavo município do país com mais dormidas entre janeiro e junho, atrás de Ourém, destino turístico impulsionado pelo santuário de Fátima, que se destaca pelas mais de 450 mil dormidas, dos centros urbanos de Évora, Coimbra, Braga e Aveiro, de Grândola, município com turismo balnear, fruto da península de Troia e de praias como a da Comporta, e ainda da Covilhã, destino que sobressai no Inverno. Logo atrás de Guimarães, surgem outros dois destinos balneares – Figueira da Foz e Odemira -, e ainda Viana do Castelo.