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Um golo de tabela deixou o estádio a sorrir e cantar na hora da despedida

Tiago Mendes Dias
Desporto \ domingo, maio 21, 2023
© Direitos reservados
O golo feliz de Anderson, a selar um contra-ataque desenhado a régua e esquadro, deixou a plateia vitoriana a celebrar e depois a cantar com os jogadores, no último encontro da temporada em Guimarães.

Quando a bola deixou o pé de Zé Carlos para aparecer à frente de Andrew, as mais de 22 mil pessoas no Estádio D. Afonso Henriques viraram as suas cabeças, suspendendo a respiração para ver o que dali saía. Anderson estava na posição certa e bastava um toque certeiro para selar um final feliz para o derradeiro jogo da temporada em Guimarães.

Coincidência ou não, o lance começou com um contra-ataque em triangulação e acabou com uma tabela que encaminhou a bola para o fundo das redes: Tomás Araújo, jovem central do Gil Vicente, chegou primeiro à bola, mas cortou-a contra a perna de Anderson. Ela saiu disparada da perna do dianteiro e beijou as redes após tabelar no poste, embora sem capricho; a bola ressaltou secamente, abraçando o momento que devolveu o Vitória ao quinto lugar e deixou a plateia em êxtase.

Estava encontrada a palavra-passe para aquele momento de comunhão que se viveu no final, com os futebolistas que vestem a camisola preta e branca, abraçados mutuamente, a entoarem o último “Sou Vitória” da temporada, em uníssono com (os muitos) adeptos que permaneceram nas bancadas.

Reflexo de uma época com muitos êxitos pela margem mínima, alguns deles conquistados a ferros, o triunfo sobre o Gil Vicente por 1-0 foi o quarto consecutivo para o campeonato. É outro registo inédito numa prova em que os vitorianos atingiram os 53 pontos. O quinto lugar é assim uma discussão em aberto para a 34.ª e última jornada: os comandados de Moreno têm uma vantagem de dois pontos para o Arouca antes da deslocação ao Dragão, para enfrentarem o FC Porto. Já a equipa do vimaranense Armando Evangelista fecha a temporada no Algarve, diante do Portimonense.

O alinhamento da defesa era uma dúvida para a receção ao Gil Vicente, e Moreno optou pelos três elementos mais utilizados ao longo da época: Mikel Villanueva, Ibrahima Bamba e André Amaro. À exceção dos remates de Bilel, cruzados e perigosos, o trio foi eficiente a parar o ataque gilista, minucioso e preciso na construção ofensiva.

No ataque, a formação vitoriana sentiu mais dificuldades para assentar o seu jogo. Contrariada por uma pressão alta dos barcelenses, a equipa de Guimarães optou por um futebol mais direto para chegar com perigo à baliza de Andrew e até criou mais lances perigosos do que o adversário, embora fruto de arrancadas fugazes a desequilibrarem a retaguarda contrária: Jota Silva acertou na face exterior do poste ao minuto 11 e contra o guarda-redes Andrew, aos 27, o mesmo em que Tiago Silva obrigou o guardião gilista a intervir. Aos 34 minutos, André Silva cabeceou ao lado e Ibrahima Bamba seguiu-lhe o exemplo, aos 37.

Na segunda parte, tudo decaiu: lento na primeira parte, o ritmo desacelerou, a qualidade ofensiva esvaiu-se e foram raros os momentos em que o perigo rondou as balizas. Foi assim até ao último quarto de hora, momento em que Moreno colocou em campo Zé Carlos e Anderson Silva, os principais rostos do tento vitoriano.

Apesar das várias paragens, que, no final, ditaram 11 minutos de compensação, o cerco à baliza de Andrew apertou-se e Anderson emitiu um aviso aos 87 minutos, antes de concretizar a ameaça ao cair do pano.

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