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Com Turra em Guimarães, Vitória opta por técnico brasileiro 23 anos depois

Tiago Mendes Dias
Desporto \ segunda-feira, agosto 21, 2023
© Direitos reservados
Desde que Paulo Autuori deixou o Vitória, em 2000, o Vitória teve ao seu comando 26 treinadores lusos, antes de voltar a optar pelo Brasil, país de alguns dos técnicos mais marcantes da sua história.

Presente no triunfo da equipa principal do Vitória sobre o Gil Vicente, no sábado, e na derrota caseira da equipa B perante o São João de Ver, no domingo, Paulo Turra está prestes a ser oficializado como treinador da formação preta e branca.

O antigo defesa central está prestes a tornar-se no oitavo timoneiro brasileiro da história do clube e a interromper um hiato de 23 anos sem qualquer técnico do maior país sul-americano ao leme dos vitorianos; nesse período, a equipa de Guimarães foi orientada por 26 treinadores portugueses, desde Álvaro Magalhães até João Aroso, passando por alguns nomes que deixaram marca na história do clube, como Augusto Inácio, Manuel Cajuda, Rui Vitória e Pedro Martins, e outros que assumiram a função a título interino, como o malogrado Basílio Marques ou Vítor Campelos, o agora técnico do Gil Vicente.

A última ocasião em que o Vitória fora orientado por um técnico brasileiro dera-se em 18 de novembro de 2000: numa época de luta pela manutenção, a goleada caseira sofrida às mãos do Benfica (4-0) ditou o fim da segunda passagem de Paulo Autuori pelo comando técnico do Vitória. A primeira, em 1989/90, fora mais bem sucedida: a equipa vimaranense classificou-se no quarto lugar, com 17 vitórias, 11 empates e seis derrotas, embora tenha sofrido um amargo de boca na Taça de Portugal, ao ser eliminado nas meias-finais, em casa, pelo Estrela da Amadora. O técnico ainda iniciou a temporada 1990/91 antes de ser rendido pelo uruguaio Pedro Rocha durante a primeira volta.

 

Marinho Peres conduziu o Vitória a uma época brilhante em 1986/87, mas desiludiu em 1992/93

Marinho Peres conduziu o Vitória a uma época brilhante em 1986/87, mas desiludiu em 1992/93

 

Uma história de brilho à primeira e de frustração à segunda

Paulo Autuori repetiu um padrão que já se verificara com outros dois treinadores brasileiros: a de brilharem na primeira passagem e a de frustrarem expetativas no regresso. Em 1968/69, Jorge Vieira conduziu os conquistadores a um inédito terceiro lugar, no único campeonato em que se manteve na luta pelo título nacional até às derradeiras jornadas. Dois anos depois, regressou para uma temporada em que o Vitória lutou pela manutenção até à última jornada.

O cenário viria a repetir-se com Marinho Peres, o treinador brasileiro mais recordado na história do Vitória, fruto da campanha de 1986/87; o antigo defesa central internacional pelo Brasil liderou uma equipa onde pontificavam Jesus, Costeado, Miguel, Nené, Carvalho, N’Dinga, Nascimento, Ademir Alcântara, Adão, Roldão e, claro, Paulinho Cascavel, conduzindo-a ao terceiro lugar do campeonato e aos quartos de final da Taça UEFA, naquela que foi a melhor prestação europeia de sempre.

Depois de passagens por Belenenses e por Sporting, Marinho Peres regressou seis anos depois, em 1992/93, para uma primeira metade de temporada aquém do esperado. O brasileiro deixou o Vitória na viragem para a segunda volta, com a equipa em posição de descida de divisão: ocupava o 16.º lugar.

A primeira passagem de Marinho Peres por Guimarães desencadeou a aposta em treinadores brasileiros para o arranque das cinco temporadas que se seguiram: entre Marinho Peres e Paulo Autuori, o então presidente, Pimenta Machado, apostou em dois treinadores que deixaram marca por razões diferentes. O primeiro foi René Simões, em 1987/88, e ficou associado a uma célebre frase do dirigente – “O que hoje é verdade amanhã é mentira” -, a propósito dos rumores da sua saída, que viria a confirmar-se mais tarde. Em 1988/89, surge Geninho, treinador envolvido no primeiro título oficial do Vitória SC – a Supertaça Cândido de Oliveira -, antes de sair a meio de uma época em que o brasileiro Nenê teve de assumir as funções de treinador-jogador em seis jogos, com um saldo de três vitórias.

Antes, na temporada 1969/70, o Vitória SC apostara em Gilberto Carvalho - Giba -, mas o técnico brasileiro apenas comando a equipa nas duas primeiras jornadas. Viu-se forçado a regressar ao Brasil em setembro de 1969, acometido por uma doença grave da qual viria a morrer em janeiro de 1970.

Paulo Turra é o próximo nome brasileiro num clube centenário, com dezenas de treinadores na sua história; regressa a Portugal após duas experiências como treinador principal no Brasileirão, ambas este ano: uma no Athletico Paranaense e outra, mais breve, no Santos.

 

* Atualização 21h39: com Paulo Turra, a história do Vitória SC passa a incluir oito treinadores brasileiros e não seis, como inicialmente noticiado.

 

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