Oposição questiona “a quem serve” o “crescimento galopante” da Vitrus
A Vitrus Ambiente, empresa municipal que tem sob sua alçada serviços como a recolha de resíduos, a gestão dos parques de estacionamento ou a fiscalização dos parcómetros, entre outros, “está a crescer galopantemente” os seus recursos humanos, o que preocupa a oposição.
Não pelo crescimento em si, como explicou Bruno Fernandes, que até aceita que o volume de trabalho possa exigir, mas sim por aquilo que considera a “falta de transparência no processo” de recrutamento. O vereador eleito pelo PSD pede “transparência, critérios claros e igualdade de circunstâncias”, atendendo a que “só no primeiro semestre deste ano houve um aumento de 710 mil euros em recursos humanos, um aumento de 42%”.
Isto entronca noutro argumento do vereador da oposição, que questiona os gastos em comunicação da empresa. “Uma empresa que não opera no mercado é desproporcional o investimento que faz em imagem e comunicação”, disse, acrescentando que ao abrigo do contrato-programa com a câmara o objeto da Vitrus encontra-se salvaguardado: “Não há concorrência na recolha do lixo, ou nos parcómetros”, atirou.
Numa vertente mais política, o líder da oposição – já no final da reunião de câmara – sustentou que as empresas municipais não podem estar ao serviço de ninguém, nem dos partidos. Ainda na reunião, questionou: “Estes meios financeiros, humanos, técnicos, afetos a esta estratégica de afirmação pública o que é que servem? Não percebemos muito bem a quem serve esta estratégia”, aludindo que esta empresa tem até mais meios do que o município na comunicação.
“A câmara recorre insistentemente em situações complicadas à Vitrus, que é um braço armado da Proteção Civil", Domingos Bragança
Domingos Bragança, de forma global, referiu que confia em quem está à frente das empresas municipais, dizendo que “todas as empresas, sem exceção, têm de ter um conjunto de regras, regulamentos, sobre a admissão de pessoal”, e que a câmara “não pode interferir na sua gestão”.
De resto, o presidente da câmara repetiu um argumento já usado no passado, lembrando que “têm órgãos próprios, nomeadamente direção, conselho fiscal e assembleia geral”. Ainda generalizando, Bragança disse que “há dois ou três anos estamos a implementar nos serviços internos um conjunto de regras e regulamentos impositivos para a câmara e para as empresas”.
Já em relação à Vitrus, o presidente da Câmara disse tratar-se de “uma empresa interessante”: “98% é mão de obra operária que é difícil contratar, para andar a recolher resíduos, na mata a fazer as faixas de proteção. Para estas áreas não muito quem queira”, sublinhou, dizendo que não vê mal numa estratégia em que as pessoas se sintam “valorizadas”: “As pessoas têm orgulho em trabalhar na Vitrus”, atirou.
O edil terminou dizendo que no essencial, no cumprimento do seu objetivo, “a Vitrus destaca-se” e é um “braço armado do município”. “A câmara recorre insistentemente em situações complicadas à Vitrus, que é um braço armado da Proteção Civil. Estou preocupado é com as empresas que não têm este dinamismo e esta força”, rematou.