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“O Neno era o dia a dia da alegria”. E 61 atletas espalharam-na no relvado

Tiago Mendes Dias
Desporto \ sábado, junho 10, 2023
© Direitos reservados
Amizade, simpatia e alegria são os atributos mencionados por alguns dos protagonistas de “O legado de Neno”, jogo solidário no D. Afonso Henriques que homenageou o antigo guarda-redes.

A condução de bola de Nuno Assis, a compostura de Oceano, a pontaria de Meyong e de Edinho, as vozes de Zé Amaro e de Fradique Ferreira, dos Calema, e os mais de dois mil espetadores na bancada nascente do Estádio D. Afonso Henriques reuniram-se esta tarde para se curvarem perante as memórias que Neno lhes legou. “Ele era um senhor. Toda a gente queria estar perto dele. O Neno era o dia a dia da alegria. Bastava ele entrar no balneário e o estado de espírito era logo outro”, lembra Dimas, antigo lateral esquerdo internacional português, colega do antigo guarda-redes no Benfica, na temporada 1994/95.

Intitulado precisamente “O legado de Neno”, o jogo solidário organizado pela Câmara Municipal de Guimarães e aPalavra, associação de apoio a crianças desfavorecidas com sede em Vila Nova de Famalicão, atraiu ao recinto vitoriano 61 protagonistas, a maioria ex-jogadores – do Vitória, da seleção nacional e de outros clubes lusos. O resultado, bem menos relevante do que nas outras ocasiões em que o D. Afonso Henriques abre as portas, foi 5-2: a equipa Futebol Solidário, denominada em nome do projeto de solidariedade social desenvolvido pelo empresário Sandro Giovetti, impôs-se à formação O Legado de Neno, formada, na sua maioria, por antigos jogadores vitorianos e orientada por Manuel Cajuda.

 

 

“A melhor pessoa que encontrei no futebol”

O regresso a Guimarães foi, para o ex-treinador e agora presidente do Olhanense, um “dia muito especial”, a começar desde logo pelas memórias que guarda de Neno. Nos anos em que orientou o Vitória – 2007, 2008 e 2009 -, Manuel Cajuda guarda a “alegria” e a “gargalhada” nos corredores. “Uma vez até falei com ele e questionei-o se não tinha problemas. Respondeu-me que sim, mas que se ria. Foi um homem fantástico. Foi a melhor pessoa que encontrei no futebol”, realça o algarvio, de 71 anos.

Antigo defesa central do Estrela da Amadora e do FC Porto, Jorge Andrade nunca foi colega de equipa de Neno, mas também foi brindado com a sua presença, que “significa amizade, simpatia e também companheirismo”, sempre com um sorriso e “uma palavra para toda a gente” em qualquer das coisas em que se envolvia. “Muita gente veio de longe para estar aqui, porque a família do Neno e o Vitória merecem. Estamos aqui com um sorriso gigante. Espero não sair daqui emocionado demais, porque o Neno era um craque a sério”, frisa.

Um dos nomes do Olimpo do desporto português também esteve na cidade-berço: medalha de prata nos 100 metros dos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, Francis Obikwelu aproveitou o gosto por “jogar futebol com amigos” para homenagear Neno. “Participo nestes jogos para ajudar as pessoas. Tentamos ajudar as crianças jovens. Devemos ajudar quem precisa, devemos participar nestes eventos solidários. E o Neno era uma pessoa que enchia o coração”, realçou.

Ao olhar para o tempo que viveu com Neno, Dimas crê que o ícone do futebol português e do universo vitoriano gostaria de ver este jogo solidário. Afinal, enquadra-se na forma como encarava a vida. “Quando se chega ao Vitória só se vê Neno. (…) Durante muitos anos, fiz um torneio de veteranos. Ele fazia questão de estar lá, mesmo que o Vitória jogasse nesse fim de semana. Já tinha praticamente o acordo para nos acompanhar sempre. Seriam quatro dias a rir muito, a partilhar muitas ideias”, confessa.

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