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Mickaël de Oliveira no Teatro Oficina até 2024: missão é robustecer criação

Tiago Mendes Dias
Cultura \ quinta-feira, janeiro 19, 2023
© Direitos reservados
Novo rosto da companhia apresentou projeto de dois anos, centrado no apoio à dramaturgia e à criação, que engloba residências e bolsas. Câmara quer balcão de apoio à criação a funcionar até abril.

O documento que incorpora o projeto artístico do Teatro Oficina para o biénio 2023-2024 exibe a palavra “criação” por 36 vezes. O seu mentor, Mickäel de Oliveira, reconhece que é “chatíssimo” ler a palavra com tamanha frequência, mas justifica essa presença com a necessidade de se discutirem os processos artísticos que conduzem à peça de teatro e com a necessidade de se abrirem portas aos “novos criadores” que deixam as escolas, até para saberem onde encontrar “financiamento, produtores e equipamento”.

“O projeto artístico é baseado na criação. A minha vontade é apostar na criação. Temos várias linhas. Começamos pelas criações do Teatro Oficina (TO). Não é pré-requisito, mas faz parte de uma missão de uma companhia criar peças de teatro”, resumiu, em conferência de imprensa de apresentação como diretor do TO, realizada no Espaço Oficina.

À semelhança do que aconteceu em 2022, com Há ir e voltar, sob a direção artística de Sara Barros Leitão, a nova criação do TO para este ano vai-se estrear entre setembro e outubro. E já tem nome provisório: Ensaio Técnico, uma peça sobre o processo de criação dramatúrgica. “O ensaio técnico é o último antes de apresentarmos um espetáculo. O objetivo é mergulhar em todos os impasses e felicidades que um processo de criação implica. Vai ter uma open call para reunirmos o elenco”, descreveu.

Outra das iniciativas que prossegue nos moldes desenhados por Sara Barros Leitão é as Oficinas do Teatro Oficina, entre janeiro e maio, mas o restante programa aflora outras dimensões do teatro, ligadas sobretudo à dramaturgia.

A partir de março, Guimarães acolhe os Encontros de Dramaturgia, para os quais estão projetados momentos de criação textual, a iniciativa Antestreia, na qual os processos de trabalho artístico do TO são apresentados ao público, as bolsas de criação em dramaturgia, com a oferta, em princípio, de três bolsas aos projetos que se candidatem por open call, e o Criação Crítica, um programa de residências artísticas “críticas” a desenvolver entre março e junho, assim descreveu Mickaël de Oliveira. “É um programa de residências, mas com acompanhamento técnico e dramatúrgico”, disse.

O novo diretor artístico do TO confessou ainda ter aceitado muito rapidamente o convite para a função que vai abraçar até 2024, tendo defendido que dois anos é o período ideal para “pensar um projeto, executá-lo com alguma calma e ver os resultados”. “Conhecia o projeto, sempre teve uma dimensão regional e nacional forte. Dois anos é muito tempo, mas não é assim muito tempo. “Conhecemos muita gente, ficam memórias. Dois anos é perfeito”, realçou, tendo ainda elogiado a firmeza com que Guimarães aposta no modelo de diretor artístico convidado, uma prática que disse pouco comum em Portugal, e os “recursos” que proporciona a quem quer criar.

 

Dois anos permite mais “ambição”

Depois de uma primeira experiência de direção artística convidada do TO com Sara Barros Leitão, ao longo de 2022, “talvez fosse uma experiência boa” o próximo responsável “ficar por mais tempo” para consolidar a sua proposta, admitiu o diretor artístico da Oficina para as artes performativas. “Falamos não de uma sucessão, mas de uma progressão. Este ciclo trata-se de somar e não de um para-arranca. Parte do perfil que traçamos para a progressão do trabalho da Sara tem a ver com o conhecimento que Mickaël tem de Guimarães. Está umbilicalmente ligado à pós-graduação em teatro da Universidade do Minho”, referiu.

À espera do contributo do novo diretor artístico num programa de atividades paralelas aos Festivais Gil Vicente, em junho, à semelhança do que aconteceu em 2022, com Sara Barros Leitão, Rui Torrinha disse ainda que um projeto de dois anos exige “mais ambição na execução”. “Em 2024, o impacto deste projeto será muito visível do que fazer sempre uma sucessão vertiginosa”, refereiu. O orçamento do TO para 2023 é de 75 mil euros.

 

Balcão de apoio à criação até ao final de abril

Presente na conferência de imprensa, o vereador municipal para a Cultura, Paulo Lopes Silva, apontou a roda de oleiro presente no Espaço Oficina, intimamente ligada à primeira atividade da Oficina – promoção do artesanato -, para uma metáfora sobre a “transformação do território” que aquela cooperativa municipal preconiza.

“Estamos a meter as mãos na massa. Queremos um território transformado”, disse, agradecendo a Sara Barros Leitão por ter reaberto e repensado o Espaço Oficina e a Matilde Magalhães por ter mantido “a roda em movimento” até à chegada de Mickaël de Oliveira.

O responsável informou ainda que o ambicionado Balcão de Apoio à Criação da Câmara Municipal de Guimarães deve entrar em funcionamento no primeiro quadrimestre de 2023; ou seja, até ao final de abril; será um espaço físico, desenhado de acordo com seis projetos de alunos do curso de Design de Produto da Universidade do Minho, instalado em Couros.

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