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Novo ciclo expositivo do CIAJG inaugurado a 17 de maio

Redação
Cultura \ quinta-feira, maio 01, 2025
© Direitos reservados
Reconhecido pelas instalações de desenho, imagem e som em movimento, Alexandre Estrela expõe, a partir de 17 de maio, "Intervalo", uma coreografia espectral que faz das salas do CIAJG um espaço vivo.

O Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) prepara-se para inaugurar, a 17 de maio, uma exposição de um dos mais reconhecidos artistas portugueses, que tem vindo a explorar questões formais e conceptuais relacionadas com a perceção da imagem e do som, utilizando dispositivos por vezes inusitados e provocadores para estimular uma consciência crítica no espectador.

Desde meados da década de 1990, a obra de Alexandre Estrela tem-se distinguido pela forma original e idiossincrática como reúne e sobrepõe um vasto leque de domínios, temas e referências da instalação, desenho e imagem em movimento. Entre as exposições individuais recentes, destaca-se Flat Bells no MoMA: Museum of Modern Art (Nova Iorque), 2024. O artista participou ainda em inúmeras exposições coletivas em instituições e bienais e, com Ana Baliza, programa o projeto farO, um espaço em Lisboa que reúne uma comunidade de artistas. 

Após a abordagem 'naturalista' de "A Natureza Aborrece o Monstro" (2024), exposição de Alexandre Estrela na Culturgest (Lisboa), o artista apresenta no CIAJG a segunda parte de uma exposição tripartida - um interlúdio que dialoga com a animação e o desenho animado. Em "Intervalo", Alexandre Estrela explora a exposição como um meio em si mesmo, transformando as salas do CIAJG numa experiência meticulosamente orquestrada. Os visitantes serão guiados por uma coreografia espectral e técnica, experienciando a galeria como um espaço vivo, desdobrado e em evolução. O conjunto de trabalhos reunidos tem no desenho e na pintura as fundações estruturais - “esqueletos” - para aparições digitais, ou “fantasmas” que ecoam os ritmos primordiais da vida multicelular. Esta nova exposição no CIAJG tem a curadoria de Marta Mestre e o apoio da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC) em colaboração com a Culturgest (Lisboa) e o MACE (Elvas).

Neste mesmo momento inaugural, abrem-se igualmente as portas para conhecermos a filmagem da pintura “Inferno”, realizada pela dupla de artistas Mariana Caló e Francisco Queimadela a convite do CIAJG. “Inferno” é uma das mais peculiares pinturas portuguesas, geralmente conotada com os "Primitivos Portugueses", por referência à pintura da segunda metade do século XV e começos do século XVI. Com autoria de um mestre português desconhecido, nesta pintura o demoníaco é associado ao universo extra-europeu: Lúcifer veste-se com um toucado de penas ameríndias, senta-se num trono africano e segura uma trompa de marfim; outro demónio está ornado também com plumagem. A datação de "Inferno" é contemporânea dos primeiros contactos entre indígenas brasileiros e portugueses, e sucede aos "Reis Magos" do Retábulo da Sé de Viseu que configura, de forma inédita, o indígena brasileiro no cristianismo.

A aparição desta pintura ao grande público deu-se somente em 1940, no contexto de eventos associados à Exposição do Mundo Português, entre outras comemorações. Até essa data esteve retirada, tanto por questões de conservação, como pela natureza "demoníaca" da representação, que alude à Inquisição e às crenças do Antigo Regime. "Inferno" apresenta uma imagem medieval do Inferno, inventariando os suplícios eternos com relação aos pecados capitais. A convite do CIAJG, Mariana Caló e Francisco Queimadela filmaram esta pintura pertencente ao acervo permanente do Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa), apresentando-se agora em filme, na forma de uma "aparição" ou "vertigem", com curadoria de Marta Mestre e João Terras.

 

Visita-conversa e visita PICNIC à coleção do CIAJG

Na manhã seguinte à inauguração de um novo ciclo expositivo, segue-se o ritual de visita às novas exposições com a presença de artistas e curadores. No dia 18 de maio, em sincronia com o Dia Internacional dos Museus, pelas 11h00 e com entrada livre, percorremos na primeira pessoa a exposição "INTERVALO" com a visita-conversa orientada pelo artista Alexandre Estrela e pela curadora da exposição Marta Mestre. No dia 31 de maio (sábado), às 11h00, esta mesma exposição será explorada com recurso a interpretação em Língua Gestual Portuguesa, numa visita orientada por Mariana Vila e Margarida Silva.

Ainda neste dia pós-inaugural, o programa de Educação e Mediação Cultural lança as mantas para fazer do museu um jardim, onde arte e alimento se constituem com um só elemento na Visita PICNIC à coleção do CIAJG. Orientados pelas artistas Luísa Abreu e Polyanna Marinho, visitaremos às 15h00 a coleção permanente do CIAJG, entre objetos e alimentos, colhendo e recolhendo alimentos e imagens, numa visita que termina num piquenique onde comida e arte se servem da mesma forma.

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