Vitória espera 14ª mudança técnica em 10 anos. Moreirense é quem mais troca
A demissão anunciada por Moreno no domingo lançou o Vitória SC para mais uma fase de transição no comando técnico. É a 14.ª vez que o clube vai mudar de timoneiro nos últimos 10 anos ou até a 15.ª, caso João Aroso, o principal treinador adjunto do vimaranense no último ano, assuma o comando da equipa na receção ao Gil Vicente, da segunda jornada da Liga Portugal Betclic, marcada para as 15h30 de sábado; o emblema preto e branco confirmou que Aroso só vai orientar o plantel a título provisório e Paulo Turra, central vitoriano na temporada 2004/05, é o nome mais falado para treinar os conquistadores doravante.
Com a mudança que se avizinha, o Vitória confirma a tendência para, em média, ter mais do que um treinador por época, acentuada nos últimos três anos. Depois de viver sete mudanças no comando técnico entre as épocas 2013/14 e 2019/20, o clube prepara-se para igualar esse número no intervalo entre 2019/20 e 2023/24.
A entrada de Tiago Mendes para o lugar de Ivo Vieira foi o primeiro capítulo de um ciclo que inscreveu ainda os treinadores João Henriques, Bino Maçães, Pepa e Moreno na história vitoriana, com o vimaranense de 41 anos a assumir a função por duas vezes. Fê-lo nas duas últimas jornadas de 2020/21, de forma interina, e na época 2022/23, que valeu um sexto lugar e o consequente apuramento para a Liga Conferência Europa, prova da qual o Vitória SC viria a ser eliminado na segunda pré-eliminatória, pelos eslovenos do Celje. Esse desfecho pesou na decisão de sair, assumiu Moreno no domingo, após o triunfo sobre o Estrela da Amadora, a abrir a 79.ª participação vitoriana no principal campeonato nacional.
Desde Rui Vitória, técnico que orientou o clube entre 2011/12 e 2014/15, conduzindo-o à primeira Taça de Portugal da sua história, nenhum treinador completou duas épocas consecutivas à frente da equipa principal.
Moreirense é recordista de trocas. Benfica aparece no polo oposto
Entre os 10 clubes com mais participações no escalão maior desde a temporada 2013/14, o Vitória SC é o quarto que mais troca de treinadores. O primeiro é o outro representante de Guimarães na Liga Portugal Betclic, o Moreirense FC. Presentes em nove das últimas 11 edições do campeonato, incluindo a que começou no passado fim de semana, os axadrezados passaram por 19 mudanças de treinador desde que começaram a esboçar o regresso ao convívio dos grandes com Vítor Oliveira, em 2013/14.
Os cónegos conquistaram o principal troféu da sua história na época em que mais trocas operaram – tiveram quatro treinadores em 2016/17, erguendo a Taça da Liga com Augusto Inácio -, e voltaram ao cenário de instabilidade técnica nas duas temporadas que antecederam a mais recente descida de divisão. Em 2020/21, a SAD presidida por Vítor Magalhães começou a época com Ricardo Soares e tentou César Peixoto, antes de Vasco Seabra conduzir a formação de Moreira de Cónegos ao oitavo lugar; em 2021/22, o comando técnico pertenceu a João Henriques, Lito Vidigal e Ricardo Sá Pinto, treinador com o qual os vimaranenses caíram no play-off de manutenção frente ao Desportivo de Chaves de Vítor Campelos, ex-técnico de Vitória e de Moreirense. Paulo Alves encarregou-se de levar os axadrezados ao título da Segunda Liga em 2022/23, antes de o clube apostar em Rui Borges, ex-Mafra, para esta época.
Entre os dois emblemas vimaranenses, surgem dois dos clubes que desceram à Segunda Liga na época transata: o Paços de Ferreira, com 17 mudanças técnicas em 10 anos, e o Marítimo com 15. No extremo oposto, os três crónicos candidatos ao título nacional tiveram, em média, menos de um treinador por ano.
O Benfica tem sido o clube com mais estabilidade técnica ao longo da última década, contando com seis mudanças técnicas e cinco treinadores – Jorge Jesus e Nelson Veríssimo lideraram a equipa lisboeta por duas ocasiões. O FC Porto surge logo atrás, com sete treinadores e seis mudanças, todas elas realizadas até 2017/18, temporada em que contratou Sérgio Conceição. O ex-técnico do Vitória, na época 2015/16, está a começar a sétima época à frente dos dragões. O Sporting apresenta oito mudanças, a última das quais em 2019/20, aquando da entrada de Rúben Amorim para o lugar de Silas.
Crónico residente entre os quatro primeiros lugares no século XXI, o Sporting de Braga é, entre as equipas que almejam o topo do futebol nacional, aquela que mais vezes tem mudado de treinador. Fê-lo por 12 vezes desde a época 2013/14, tantas quanto o Rio Ave, com Luís Freire no comando pelo terceiro ano seguido, e mais uma do que o Boavista, liderado pelo mesmo treinador desde 2021/22: Petit, que esteve no Moreirense por duas vezes, em 2016/17 e 2017/18.