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Mucho Flow: “Não só um festival de Guimarães, mas europeu”

Tiago Mendes Dias
Cultura \ quarta-feira, novembro 05, 2025
© Direitos reservados
Os sons alternativos da música voltaram a ressoar, com cerca de 900 espetadores em cada um dos três dias, muitos oriundos de outros países, Espanha sobretudo. Organização louva carinho do público.

Com a viragem de outubro para novembro já reservada no calendário cultural vimaranense, o Mucho Flow reuniu vários nomes das correntes menos comerciais do pop, do rock, da eletrónica e até do jazz para uma edição que consolidou a atração de espetadores de outros países; Espanha sobressaía numa plateia que fez questão de mostrar a sua fidelidade ao festival indoor, criado em 2014.

“O Mucho Flow começa não só a ser um festival de Guimarães, mas europeu. A programação é de nível europeu. E começa a chamar a atenção de pessoas de fora do país, cada vez mais”, vinca Miguel Oliveira, da Revolve, promotora e organizadora do evento que já leva 12 edições.

Habituado a ter 800 espetadores por dia nos anos mais recentes, o evento subiu ligeiramente a fasquia neste ano. “Neste ano, tivemos 900 pessoas por dia, muitas delas de Espanha: não só da Galiza, mas também de Madrid e Barcelona”, acrescenta.

Quem afluiu a Guimarães entre 30 de outubro e 1 de novembro teve a oportunidade de ver de perto, num registo mais íntimo, These New Puritans, dupla britânica que já “atuou para milhares de pessoas”, ou Maria Somerville, cantautora irlandesa que já abriu concertos dos My Bloody Valentine, banda referência do shoegaze, autora do seminal Loveless (1991), mas também artistas que despertam surpresa.

“É um festival de descoberta e de surpresa. Vêm ali umas bandas num período-chave das carreiras. Oportunidade de ver bandas que é muito difícil voltar a ver, porque não fazem parte de um circuito comercial. Recebemos muito bons comentários acerca de feeo, HiTech, plus44Kaligula ou Nick León”, realça.

Miguel Oliveira defende, por isso, que o festival se afirma cada vez mais como “experiência obrigatória no calendário” dos aficionados pela dimensão mais underground da música contemporânea. “Há um grande afeto das pessoas pelo festival. Há um grande carinho pelo festival. Vêm ter connosco e dizem o quanto gostam de cá vir. Algumas até reservam datas para férias nesta semana”, sublinha.

A britânica feeo apresentou o álbum "Goodness" (2025) e deixou impressão positiva na plateia © João Octávio Peixoto

A britânica feeo apresentou o álbum "Goodness" (2025) e deixou impressão positiva na plateia © João Octávio Peixoto

Novos lugares num festival em “constante mudança”

O Centro Cultural Vila Flor (CCVF), o Teatro Jordão e o Centro de Artes e Espetáculos São Mamede constituem hoje o núcleo de um festival que sabe o que é mudar de anfiteatro em pouco mais de uma década de existência. A edição de 2025 foi uma oportunidade para estrear dois novos palcos – o café-concerto do CCVF, para o último espetáculo de quinta-feira, e o Património Club, para o clubbing de sexta-feira – e para um regresso às origens.

O Mucho Flow voltou ao Centro para os Assuntos de Arte e Arquitectura, lugar onde nasceu e cresceu, entre 2014 e 2018, com conferências e um concerto, de Pedro Melo Alves, um dos compositores que começa a fazer nome no jazz português. “O Mucho Flow está em constante mudança e nunca é igual”, descreve Miguel Oliveira.

As novidades para 2026 estão ainda por desvendar, mas é uma coisa é certa: assim que uma edição do Mucho Flow, a seguinte começa a ser preparada. Essa preparação, sublinha o responsável, faz-se com acompanhamento à distância dos vários nomes que emergem nas correntes alternativas da música, embora a Revolve recebe convites para marcar presença em festivais estrangeiros que seguem os mesmos princípios.

“Infelizmente, tem de ser feito à distância. Todos temos outras ocupações profissionais. Isso limita a ida a festivais que gostaríamos de ir. Por fazermos parte de uma rede informal de festivais que pensa de forma semelhante, somos convidados para ir a vários, mas não podemos”, esclarece.

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