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Maior e mais diverso, Mucho Flow chegou à 10.ª edição: “Foi a mais feliz”

Tiago Mendes Dias
Cultura \ terça-feira, novembro 07, 2023
© Direitos reservados
A aposta em nomes emergentes da música alternativa permaneceu âncora de um festival com mais dias, maior lotação, público de latitudes mais variadas e uma “produção mais refinada”.

O átrio das salas de ensaio para as bandas de garagem está num piso inferior ao da entrada principal do Teatro Jordão. Num olhar alegórico, parece o local apropriado para as vibrações da música alternativa, com um espectro de propostas que mistura sensibilidades pop, batidas eletrónicas, vozes etéreas e ruídos ensurdecedores, orgânicos ou programados. No ambiente em redor, pontuado pelo sistema de condutas de ar, sobressaem os ângulos retos. O mesmo se pode dizer do espetáculo de Lost Girls: cuidadosamente enquadrados perante os computadores e a mesa de som, numa pontualidade imaculada, a cantora-compositora Jenny Hval e o guitarrista Havard Volden presentearam centenas com intricadas e suaves texturas eletrónicas em 45 minutos.

Essa foi uma das 24 performances que constituíram a 10.ª edição do Mucho Flow, a maior e a “mais feliz” de todas as organizadas pela Revolve, promotora e editora musical vimaranense. “Ficámos muito felizes com esta edição. Foi a edição mais feliz. O festival tem sido um crescendo e culminou neste 10.º aniversário com tanta adesão e público novo, com tanto entusiasmo, em especial no clubbing, em que as pessoas se libertavam para terem a parte mais social. Sentimos mais feedback positivo do que em qualquer ano. Sentimos que o festival está a ganhar o seu lugar na cena internacional”, realça Miguel de Oliveira, da Revolve, ao Jornal de Guimarães, a propósito do festival decorrido entre 02 e 04 de novembro.

O crescendo mencionado por Miguel de Oliveira tem várias faces; mais dias, desde logo, passando dos dois para os três, com a adição da quinta-feira, marcada pelas conversas sobre curadoria e pela instalação audiovisual “Atavic Forest”, de Jonathan Uliel Saldanha – “um sucesso”, diz o responsável. O público também aumentou: eram 800 os bilhetes disponíveis para cada dia, e a origem de quem os comprou foi mais diversa do que nunca. “Nunca tivemos tanta gente de fora do país. Tivemos gente de 12 países. Conheci gente da Finlândia, que já vinha há dois ou três anos, russos, muita gente de Espanha”, salienta.

E a produção foi a “mais refinada” de sempre, com o contributo de cerca de 50 pessoas. “Aconteceu tudo sem problemas de som ou de luz. Investimos muito na produção dos palcos, na luz de todos os espaços e na zona de comida, preparada para os dias de chuva, para que as pessoas pudessem comer normalmente, com comida vegetariana – cabo-verdiana - e restaurantes locais”, vinca.

Tudo isso se fez para robustecer o propósito do Mucho Flow: o de reunir a “música mais entusiasmante do momento”, nunca preso a um género musical. “Não somos um festival definido pelo género, mas pela diversidade e pela experiência contínua”, assinala.

 

Lankum estiveram no átrio das salas de ensaio do Jordão com o seu folk experimental © Jorge Nicolau

Lankum estiveram no átrio das salas de ensaio do Jordão com o seu folk experimental © Jorge Nicolau

 

Novos espaços, concertos que surpreenderam

O átrio do Teatro Jordão acolhe Mucho Flow desde o ano passado, mas outros cenários desta edição constituíram novidade. Assim aconteceu com o piso -1 do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), para a instalação “Low Intersection of Benign Machines”, na quinta-feira, e com o foyer do Centro Cultural Vila Flor, para pablopablo, nesse mesmo dia. O túnel entre Couros e Caldeiroa acolheu uma outra instalação artística no sábado - Leviatã Magnético ou Experiências com Automagnetofagismo. A outra estreia foi a do auditório do Jordão, palco para Daniel Blumberg, na sexta-feira, e para Lucinda Chua, protagonista de um concerto marcante no sábado. “Deu dos concertos mais bonitos de todos os já promovidos pela Revolve”, crê Miguel de Oliveira.

Nesse mesmo dia, os Lankum brindaram o público com a sua abordagem experimental ao folk irlandês e Aisha Devi elevou a sua voz sobre uma maré de batidas aceleradas a partir do palco do CCVF. Na noite anterior, os Amnesia Scanner, duo finlandês radicado em Berlim, entusiasmaram os presentes com uma atuação que impressionava pelo som, mas também pela produção visual. “O regresso de Amnesia Scanner ficou marcado por uma sala muito cheia e por um espetáculo melhorado face ao de 2019. Foi um bom regresso”, vinca.

O encerramento deu-se, como de costume, com Lynce, mas, neste ano, com um espetáculo novo, com “um cenário montado e desenhado” para lá do dj set. Miguel de Oliveira não esquece, contudo, a performance que se deu logo antes, no Centro de Artes e Espetáculos São Mamede. “Um espetáculo que deixou todos de boca aberta foi o espetáculo visual de Evian Christ. As stories sucederam-se nas redes sociais de quem foi. Foi um espetáculo incrível”, atesta.

 

"Atavic forest", instalação audiovisual de Jonathan Uliel Saldanha na quinta-feira © Tiago Mendes Dias/Rfx

"Atavic forest", instalação audiovisual de Jonathan Uliel Saldanha na quinta-feira © Tiago Mendes Dias/Rfx

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