Morreu José Casimiro Ribeiro, resistente à ditadura e dirigente associativo
Resistente ao Estado Novo e homem do associativismo vimaranense após o 25 de Abril, através do Convívio, do Centro Infantil e de Cultura Popular (CICP) ou da cooperativa O Povo de Guimarães, José Casimiro Ribeiro morreu esta terça-feira aos 83 anos.
Confrontado com uma doença grave há alguns anos, foi encontrado morto na sua residência, na rua do Gaiteiro, perto das avenidas de Londres e de Conde Margaride, pelos Bombeiros Voluntários de Guimarães, alertados às 18h30. Quatro elementos da corporação deslocaram-se para o local em duas viaturas, assim como a Polícia de Segurança Pública. O corpo foi transportado para o Gabinete Médico-Legal de Guimarães, para autópsia.
José Casimiro Ribeiro nasceu em março de 1940, em Gondar, numa família avessa ao salazarismo. Irmão de Eduardo Ribeiro, um dos Democratas de Braga, movimento de resistência ao Estado Novo no regime, conheceu cedo as outras figuras do movimento – Joaquim Santos Simões, Victor de Sá, Humberto Soeiro e Lino Lima – e rejeitou participar na Guerra Colonial. Desertou do Exército em 1962 e mudou-se para Paris, onde viria a participar no Maio de 68, movimento marcado por greves, protestos e ocupação de fábricas e universidades com enorme impacto social.
Tornou-se militante da Liga de Unidade e Ação Revolucionária, organização fundada em 19 de julho de 1967, em Paris, por Hermínio da Palma Inácio, com quem viria a participar em várias operações e a ser preso, em novembro de 1973, em Lisboa.
Esteve em Caxias e foi torturado, antes de ser libertado após o 25 de Abril de 1974 e de iniciar um período de atividade cultural: foi dirigente do Convívio e viria a ser um dos fundadores do Centro Infantil e Cultural Popular. Sediada no convento de Santa Rosa do Lima, a associação viria a ter em destaque em 1982, com a Circultura, um evento realizado numa tenda de circo na Alameda Alfredo Pimenta, com Zeca Afonso, José Mário Branco e Carlos do Carmo, que visava também combater o que chamavam de “marasmo” na vida cultural da cidade. Na década de 80, trabalhou também no Theatro Circo, em Braga.
Fundador da cooperativa O Povo de Guimarães, José Casimiro Ribeiro assinou vários textos para o semanário O Povo de Guimarães, semanário em circulação entre 1978 e 2013.