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Morreu o padre António Moreira, ideólogo do “infantário” de Candoso

Tiago Mendes Dias
Freguesias \ quinta-feira, julho 14, 2022
© Direitos reservados
O sacerdote esteve 66 anos na paróquia de São Martinho de Candoso e fundou, em 1971, o centro social local, raiz para o primeiro jardim de infância criado fora da área urbana de Guimarães.

António de Freitas Moreira fundou o Centro Social e Paroquial de São Martinho de Candoso em 1971 e a ele presidiu até à hora da sua morte, nesta terça-feira, aos 99 anos.

Natural de São Romão de Arões, em Fafe, o sacerdote assumiu a paróquia correspondente à freguesia situada entre a cidade e a área industrial de Pevidém em 1956, tendo, 15 anos depois, avançado para uma instituição de solidariedade social com jardim de infância – o então designado “infantário”, algo praticamente inexistente em Guimarães à época; a instituição que então se distinguia no apoio social a crianças e jovens era as Oficinas de S. José.

“Marcou a comunidade com o seu modo de ser e com a sua ação. Um dos marcos mais proeminentes foi o Centro Social. Foi uma das primeiras referências no concelho de Guimarães, à qual muitas outras freguesias seguiram as pisadas”, resume Samuel Vilas Boas, arcipreste de Guimarães e Vizela.

Encarregado, em 2015, de assumir algumas das funções da paróquia de São Martinho de Candoso, até então sob a alçada de António de Freitas Moreira, o padre Samuel Vilas Boas lembra ainda que o malogrado “senhor reitor” foi também o responsável pela fundação do Clube Recreativo de Candoso, instituição ligada ao Centro Social que tem agora uma equipa de futsal na Liga Placard, em 1975, pelo acolhimento de “uma comunidade de irmãs religiosas franciscanas” que deu “um grande impulso ao ensino, à catequese e à ação do centro social” e pela disponibilização de terrenos da paróquia para habitação.

“Ao longo das décadas, deu-se a construção de arruamento e de habitações, como na área envolvente à Junta de Freguesia ou ao pavilhão do Centro Recreativo de Candoso. Vieram de terrenos libertados numa paróquia pequena, mas com forte identidade à volta da sua igreja românica”, acrescenta.

Além do “legado muito forte” à comunidade, o arcipreste realça a “proximidade”, o “sentido de humor”, as “ideias muito bem orientadas” e a “forte espírito de liderança” como traços de personalidade do sacerdote.

 

Empenhou-se em “criar uma sociedade diferente”

A presidente da Junta de Freguesia de Candoso São Martinho, Odete Lemos, vê em António de Freitas Moreira um “precursor de um serviço social à comunidade” em todo o concelho de Guimarães, que deixa aquele território “mais pobre”. “Em termos pessoais, é com muita tristeza e pesar que vejo partir uma pessoa muito importante na minha vida. Para a freguesia, também o foi. A freguesia vai ficar mais pobre”, adianta ao Jornal de Guimarães.

Para a autarca, o sacerdote oriundo de Arões São Romão foi um homem “não só preocupado com a fé”, mas também “em criar uma sociedade diferente”, marcando “todos os que por ele passaram”; em 27 de outubro de 2021, a Junta atribuiu o seu nome à rua contígua à escola EB1.

Nascido a 02 de dezembro de 1922, António de Freitas Moreira foi ordenado sacerdote a 15 de agosto de 1946 e tornou-se pároco de Paredes de Coura nesse ano, mantendo-se naquela comunidade até 1955, os últimos quatro anos como arcipreste.

Em agosto de 1956, António de Freitas Moreira rumou São Martinho de Candoso, paróquia na qual decorrem as cerimónias fúnebres, a partir das 18h00 de sexta-feira, antes do corpo ir a sepultar no cemitério local.

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