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Miúdos e graúdos foram à(s) Banda(s)… e dançaram noite dentro

Tiago Mendes Dias
Cultura \ segunda-feira, agosto 29, 2022
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O roteiro habitual do Vai’m-à Banda culminou numa atuação de Bonga que deixou todo o Largo do Trovador a dançar por mais de uma hora e a pedir sempre mais. Cumpriu-se o objetivo de “um dia feliz”.

Do largo às varandas do Trovador, a multidão parecia mais enérgica à medida que a atuação de Bonga e da sua banda progredia. Nome maior do semba – música tradicional angolana precursora do samba brasileiro -, o músico de 79 anos, prestes a completar 80 – fá-los a 05 de setembro -, ditava, sem vacilar, os ritmos e os timbres que ecoaram por aquele recanto de Guimarães marcado pela memória dos couros.

Para as centenas de pessoas que ali se concentraram, parecia inevitável aceder ao impulso de dançar. Feitas as contas, o concerto estendeu-se por mais 20 minutos do que o previsto, e os espetadores, famintos, só pediam mais uma.

“Foi uma boa sensação estar aqui. O pessoal foi muito simpático. Quando temos 50 anos de carreira, temos de saber dar continuação ao que já fizemos à medida que vamos sendo solicitados”, realçou Bonga ao Jornal de Guimarães.

Outro cenário que agradou ao músico, distinguido com o título de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras pelo estado francês, em 2014, foi o de ter crianças, jovens, adultos e mais velhos juntos, a dançarem e a divertirem-se. “Estava tudo misturado, o que é maravilhoso. Todas as gerações se confundiam. É muito agradável quando encontramos um público assim, que corresponde”, prosseguiu.

A ideia de um “dia muito feliz” norteou o regresso do Vai’m-à Banda à sua plenitude, após dois anos de limitações à boleia da covid-19. Bonga fora aliás convidado para a edição de 2020, entretanto cancelada, mas a espera de dois anos valeu a pena, ainda assim. Em nome da Revolve, editora e promotora a cabo da organização, Miguel de Oliveira descreve o concerto como o “mais intergeracional” que se viu naquele evento que marca o fim de agosto vimaranense.

 “O Bonga já estava marcado para 2020, mas, com a pandemia, tivemos de adiar para este ano”, constata. “O Vai’m-à Banda é uma festa para toda a gente. Os jovens adoraram o Bonga e ficaram até ao fim. O cartaz fez o cruzamento de públicos que pretendemos com as tascas, espaços antigos e tradicionais que fazem parte da cultura local”.

Brindado com um Largo do Trovador onde “não cabia mais ninguém”, o promotor realça que o Vai’m-á Banda, palco, em anos anteriores, de nomes como Tó Trips, Luís Severo ou The Legendary Tigerman, viveu “mais uma edição feliz”, a comprovar a falta que o evento fazia. “Sentimos que as pessoas queriam o Vai-m’à Banda normal de volta. É uma festa que parece estar a ganhar importância no verão de Guimarães”, esclarece.

Como é costume, o roteiro começou na Tasca Expresso, com a música de DJ Quesadilla, e seguiu de teleférico para a Penha, para as atuações de April Mármara, na Adega do Ermitão, e de Tomás Walllenstein, o vocalista de Capitão Fausto, nos Amigos da Penha. Mais à noite, DJ Marfox seguiu-se a Bonga. O dia também valeu pelos lugares que “pintam a música”, constata Miguel de Oliveira.

É também uma experiência visualmente fantástica”, reitera. “A passagem pela Tasca Expresso ou a experiência do Ermitão, ou a dos Amigos da Penha, é uma experiência rica. As pessoas que conhecem o Fernando, o Zé, o senhor Clemente, o tio Júlio ou o Daniel. As tascas são os espaços, mas também as pessoas”.

 

 

“Foi muito fixe” – a pop dos Fumo Ninja deu cor à praça

Antes de Bonga, o Largo de Trovador deixou-se conduzir pelas texturas sonoras bem articuladas dos Fumo Ninja, com a voz de Leonor Arnaut a indicar o caminho. O primeiro álbum da banda, Olhos de Cetim, lançado em março de 2022, ressoou por todas as fachadas grantícas, com a multidão a abanar a cabeça, os braços, as ancas. Bem perto do palco, um grupo de fãs acompanhava não só as canções com mais rodagem nas rádios nacionais – “Chapada de Deusa”, “Segredo” ou “Mangas de Camisa” -, mas todas as outras.

“Foi muito fixe. Guimarães é brutal. Adoro a cidade. É muito bonita e as pessoas acolhedoras. Sempre que tocamos aqui, temos envolvência. A atuação correu muito bem, e há um conjunto de pessoas que sabem as músicas. É gratificante tocar para pessoas que sabem as músicas”, disse Leonor Arnaut ao Jornal de Guimarães.

O alinhamento incluiu “uma ou outra música nova”, que “eventualmente estarão num segundo disco”, mas ainda não há datas para o lançamento. Para já, os Fumo Ninja querem continuar a tocar e a divertir-se, precisamente um ano depois do seu primeiro concerto, no Vai’m-à Banda de 2021, na Penha, com um público sentado.

“O primeiro concerto que eles deram de sempre como banda foi no Vai’m-à Banda do ano passado. Tocaram na Penha. Na altura, não tinham disco, e as pessoas não conheciam as músicas. Sentíamos que agora, com o disco cá fora, mais pessoas quereriam ver o concerto. E viu-se realmente muita gente a cantar as músicas no Trovador”, nota Miguel de Oliveira.

 

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