Mais de 200 pessoas de 29 países reunem‐se no dia da diversidade cultural
Os placards com a bandeira do país, a localização geográfica e alguns dados demográficos resumiam as apresentações das praticamente 200 pessoas reunidas na antiga fábrica da Ramada, oriundas de várias latitudes do planeta, todas com Guimarães em comum. Esse foi o cenário do encontro organizado pela plataforma Guimarães [In]volve para assinalar o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e Desenvolvimento, na noite de terça‐feira.
“O evento de ontem foi dos melhores até hoje. Tinham‐se inscrito pessoas de 22 países. Chegaram de 29. Ultrapassamos as 200 pessoas a participar no evento. Vieram pessoas de Vizela e de Moreira de Cónegos para estarem presentes. E houve escolas e empresas a fazer recrutamento”, adianta Nelson Oliveira, dessa plataforma cívica.
Como havia demasiada gente para “fazer uma apresentação individual”, os participantes partilharam um pouco do seu país através de objetos, peças de artesanato ou pequenas performances – uma dança por parte de um grupo de pessoas de São Tomé e Príncipe, associadas a uma escola profissional de Vizela, ou a récita de um texto em crioulo por uma pessoa da Guiné‐Bissau – e também as suas experiências de migração e de procura de emprego.
O trabalho da Guimarães [In]volve, plataforma que se apresentou publicamente no final de setembro de 2023, tem feito alguma diferença nesse sentido: desde então, já contribuiu para empregar 19 pessoas, normalmente na indústria ou na construção, a partir da compilação de 276 currículos.
“Temos tido cada vez mais empresas a confiar no nosso trabalho. Abrimos uma vaga de empregos, fazemos uma primeira filtragem dos currículos. Muitas vezes, dadas as localizações das empresas, temos de garantir. Já não têm aquele trabalho de filtrar”, acrescentou o responsável.
Segundo Nelson Oliveira, “as empresas estão cada vez mais dispostas a acolher” pessoas oriundas de outras geografias. “Algumas estiveram presentes na terça‐feira para conhecerem algumas pessoas, nomeadamente quadros superiores. Muitas vezes, esses quadros não podem exercer a sua profissão por não terem a equivalência de grau, mas são colocados por terem know how”, acrescentou.
Com 12 voluntários mais comprometidos e outras pessoas a colaborar, a Guimarães [In]volve identifica como “primeira e grande dificuldade” dos migrantes a habitação, algo, aliás, transversal a toda a população. A língua é outra barreira que vai sendo ultrapassada, com trabalho formal, em parceria com o Instituto do Emprego e Formação Profissional, mas também com aulas informais de voluntários da plataforma. “Temos voluntários para ensinar português e inglês a quem só fala árabe. Funciona quase como explicações, embora a Escola Secundária Francisco de Holanda disponibilize as salas”, referiu Nelson Oliveira.