Luís Cirilo: “Direção tem de ser primeiro motor de crescimento” do Vitória
Na reta final de um discurso de mais de 40 minutos, Luís Cirilo explicou o porquê do lema da sua candidatura às eleições do Vitória SC em 01 de março: “Por um Vitória maior” é uma alusão à Comissão de Fundos por um Vitória Maior, constituída por voluntários que despendiam tempo a arranjar financiamento para melhorias várias no clube durante as décadas de 70 e de 80 do século XX. A ideia de crescimento também foi uma das mais vincadas durante a apresentação da sua candidatura, decorrida numa unidade hoteleira de Guimarães.
“O Vitória, na nossa ótica, tem de crescer. A direção tem de ser o primeiro motor de crescimento. Temos de crescer na influência e na transparência. O Vitória tem de estar representado com uma posição ativa nos órgãos dirigentes do futebol, do voleibol, do basquetebol, do polo aquático. (…) Somos um clube grande com um palmarés pequeno. Face à grandeza da sua massa associativa e da sua história, a nossa sala de troféus não tem a repercussão justa e merecida”, admitiu.
No caso de ser eleito, prometeu deixar o Vitória de fora de qualquer apoio à corrida pela presidência da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), tendo prometido trabalhar com quem for eleito para o órgão. Quanto à Liga Portugal, defendeu que o clube de Guimarães, enquanto quarto no país com maior número de presenças no campeonato nacional e maior média de assistências, deve ter representação permanente na direção.
Disposto a ver o Vitória SC crescer no número de sócios e no património – modernizar o Estádio D. Afonso Henriques e aumentar as infraestruturas disponíveis para as modalidades, já que o Pavilhão Desportivo Unidade Vimaranense é “curto” –, Luís Cirilo sugeriu ainda que os equipamentos desportivos das várias equipas vitorianas devem ser produzidos localmente, através do conhecimento têxtil local, e criticou a alegada “pressa inopinada” na marcação das eleições.
“As eleições foram marcadas para 01 de março, com esta pressa toda, não me parece que seja uma atitude de respeito pelo clube. Se calhar, marcaram as eleições pensando que não havia tempo para outra lista. Enganaram-se. Nunca vi tanta pressa, mas nunca vi pessoas fazerem uma lista tão depressa, com tanta determinação, tanto empenho e tantas dores de cabeça”, disse, num elogio à sua lista e numa crítica à lista de António Miguel Cardoso, candidato à reeleição.
“Uma debandada de jogadores, uma debandada de treinadores, uma debandada de dirigentes”
As críticas estenderam-se também ao estado financeiro do clube e da SAD e aos resultados desportivos. A seu ver, a atual liderança do Vitória está a viver de aparências. “Já chega de vivermos de aparências. Vivemos de uma aparência de recuperação financeira. Os números dizem-nos que o passivo cresceu mais de 20 milhões de euros em três anos. Há também a aparência de que se fazem grandes negócios, mas, depois, temos a obrigação de esmiuçar essas transferências”, disse.
Vice-presidente do clube em 2012 e ‘vice’ da mesa da assembleia geral entre 1995 e 1998, Luís Cirilo Carvalho realçou que a equipa de futebol está a fazer “uma grande época” na Liga Conferência, prova em que se apurou para os oitavos de final, mas está aquém nas restantes provas.
O candidato defendeu que a equipa vimaranense tem de estar sempre nas quatro primeiras posições da I Liga e que ficar no quinto posto “está mal”, numa altura em que ocupa o sétimo lugar da prova, e disse que é “melhor nem falar” da eliminação da Taça de Portugal, perante o Elvas, do Campeonato de Portugal, nos oitavos de final (2−1), tendo ainda criticado “a rotação altíssima de jogadores” que impede “um trabalho em profundidade” a qualquer treinador.
“Nove treinadores de futebol em três anos? É isto a estabilidade? Um entra e sai de jogadores como não há memória na história do Vitória. Um entra e sai de dirigentes como nunca houve na história do Vitória. Diversas pessoas saíram. São mais de 100 pessoas. É uma debandada de jogadores, uma debandada de treinadores, uma debandada de dirigentes. Há uma instabilidade neste clube como nunca houve na sua história”, disse.
O candidato criticou ainda a ausência de António Miguel Cardoso na celebração do título nacional masculino de polo aquático em 2022/23, tendo defendido que um título nacional de qualquer modalidade é “sempre uma coisa maior”.
“Se o Vitória for campeão de polo aquático nesta época e for presidente do clube, salto para a piscina para festejar com os jogadores. Nunca uma equipa campeã nacional terá a ausência do seu presidente”, disse.
Duas mulheres candidatas à vice-presidência
Apoiado por António Pimenta Machado, presidente do clube entre 1980 e 2004, Luís Cirilo Carvalho encabeça uma lista com Jorge Folhadela, Albino Teibão, Cristina Cepa e Filipa Silva como candidatos a vice−presidentes da direção, Pedro Carvalho como candidato à mesa da assembleia geral, Marcos Carvalho como candidato ao conselho fiscal e Alexandra Pinto Coelho como candidata ao conselho de jurisdição.
“Quero mostrar a minha satisfação e o meu orgulho pela primeira vez, em 102 anos de história, o Vitória ter duas candidatas a vice-presidentes do clube. Também assim se faz história. Quis que esta candidatura, dentro do possível, correspondesse sociologicamente às bancadas do Estádio D. Afonso Henriques e às bancadas do nosso pavilhão. Ainda não há tantas mulheres como homens, mas há uma presença feminina muito importante. Queríamos que essa presença fosse um incentivo às vitorianas nesta lista”, vincou.