
Luís Cirilo: “A equipa de há dois meses teria atropelado este Braga”
A gestão da direção de António Miguel Cardoso voltou a merecer críticas de Luís Cirilo Carvalho nos planos financeiro e desportivo. O mercado de transferências de janeiro, que valeu ao Vitória uma receita bruta recorde de 34 milhões de euros, conduziu “a uma quebra qualitativa inevitável” na equipa principal de futebol, considerou o candidato da lista A. O dérbi minhoto de domingo, com o Sporting de Braga (0-0), foi um exemplo claro dessa quebra.
“Pese uma carreira meritória na Liga Conferência, o Vitória vive com uma instabilidade como não há memória, com um haraquiri em janeiro. (…) Não há treinador, por muito bom que seja, que faça milagres. (…) Isso redundou numa eliminação vergonhosa da Taça de Portugal. No domingo, empatámos com o pior Braga dos últimos 15 anos. Não tenho dúvidas que a equipa de há dois meses teria atropelado este Braga sem grande dificuldade”, vincou, em conferência de imprensa realizada nesta terça-feira à tarde, na sede de campanha.
Rosto da candidatura “Por um Vitória maior”, voltou a considerar “lastimável” o negócio de Kaio César e disse que seria “legítimo acreditar que o Vitória poderia atingir as meias finais ou, quem sabe, a final” da Liga Conferência, sem “a razia no plantel”.
Luís Cirilo Carvalho defendeu também que o cenário financeiro do Vitória, a prosseguir no rumo atual, pode levar os associados a confrontarem-se com “o risco de venda da maioria do capital da SAD” e prometeu uma auditoria a ser apresentada em assembleia geral, apurando os resultados financeiros de várias épocas.
“Os associados não gostariam de ser confrontados com um ‘encostar à parede’. Se continuarmos com estes dirigentes, corremos o risco de vender a maioria do capital da SAD a um investidor qualquer ou a SAD não tem viabilidade financeira. Se assim for, diremos adeus a 102 anos de Vitória como o conhecemos (…) Ganhando as eleições, faremos uma auditoria a sério”, adiantou.
Uma das operações que lhe deixa dúvidas é a transferência do internacional angolano Beni Mukendi, ex-Casa Pia, concretizada por três milhões de euros no último dia do mercado de inverno de 2024/25. A seu ver, o Vitória realizou um investimento “arriscado” num “jogador de valor desconhecido, para uma posição que não necessita”, e alegou que a direção de António Miguel Cardoso pediu um empréstimo à entidade que detém a SDUQ dos casapianos.
“Não é normal que o Vitória contraia empréstimos junto de sociedades que lhe vendem jogadores. A sociedade que tem a maior parte do Casa Pia emprestou dinheiro ao Vitória com 11% de juros”, referiu.
António Miguel Cardoso “confunde eleições do Vitória com associação de estudantes”
O candidato alegou também que o seu programa eleitoral para a área financeira não “está completo” devido à indisponibilidade da direção em funções para facultar documentos e prestar explicações e acusou mesmo António Miguel Cardoso de ter dito que “o período eleitoral provocava instabilidade”.
Repudiou também o facto de os resultados financeiros do primeiro semestre de 2024/25, que espelham um lucro de 2,8 milhões de euros, terem sido publicados à mesma hora da conferência de imprensa, sem qualquer notificação formal para a sua candidatura, no que considerou “uma falta de respeito”.
“Fiquei a sensação de que o António Miguel Cardoso confunde as eleições do Vitória com as eleições para uma associação de estudantes. Instamos a lista B a deixar-se de comportamentos adolescentes, a comparecer aos debates. Não se escondam, vão fazer a campanha eleitoral.Vão às freguesias onde foram pedir votos há três anos”, vincou.
Já a candidata à vice-presidência para a área financeira, Cristina Cepa, prometeu que pelo menos 10% do valor líquido de cada transferência vai ser destinado ao abate de um passivo consolidado que, em 30 de junho de 2024, era de 72 ME, entre outras medidas para reduzir custos.