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Jota Silva corre e marca em noite de aparição do velho conhecido sofrimento

Tiago Mendes Dias
Desporto \ sábado, março 09, 2024
© Direitos reservados
O Vitória impôs-se quase sempre ao Famalicão, foi avassalador no final da primeira parte, marcando pelo homem do costume, falhou um penálti… e acabou com a respiração suspensa com uma bola ao poste.

Um profundo suspiro de alívio: essa foi certamente a reação da larga maioria dos 12.909 espetadores presente este sábado à noite no Estádio D. Afono Henriques e dos jogadores treinados por Álvaro Pacheco quando Iancu Vasilica soprou para o apito final. Instantes antes, Jhonder Cádiz acertou no poste esquerdo da baliza de Charles. O Vitória esteve a centímetros de se ver esfumar um triunfo que parecia incontestável face ao que aconteceu ao longo dos 90 minutos.

Até esse lance capital, sem reflexos no resultado, o Vitória criou as melhores oportunidades, controlou quase todas as operações, de forma mais assertiva na primeira parte e mais contida na segunda, e encontrou em Luiz Júnior o principal obstáculo: o guarda-redes famalicense travou uma mão cheia de ocasiões claras de golo em bola corrida e uma grande penalidade batida por Adrián Butzke no primeiro minuto de descontos da segunda parte, por decisão de todo o grupo. Incapaz de resolver o jogo a seu favor, o Vitória teve uma fração de segundo em apneia antes de respirar fundo.

O guardião brasileiro só não teve mãos para parar a bomba de Jota Silva, num lance pleno de oportunidade do atacante que soma agora oito golos no campeonato quando está pré-convocado por Roberto Martínez para a seleção portuguesa. Quinta classificada, a formação de Álvaro Pacheco venceu pela segunda vez consecutiva, distanciou-se do Moreirense, agora a oito pontos, e reaproximou-se do Sporting de Braga, que passa a estar a três.

O embate entre os vizinhos do Vale do Ave marcou igualmente o regresso de Mikel Villanueva de regresso à posição que ocupou na maior parte da época 2022/23 – o lado esquerdo do trio defensivo -, o Vitória ditou o ritmo da primeira parte, circulando a bola no meio-campo, à procura de tabelas no corredor central, com variações de flanco, sobretudo de Tiago Silva para Bruno Gaspar, com João Mendes a tentar surpreender nas mudanças de direção com que conduzia a bola ou Nélson Oliveira a tocar de primeira para Jota em busca de situações de desequilíbrio, mas esse domínio só se traduziu numa avalanche de oportunidades após a meia hora, com um golo a coroá-la.

Perante um adversário que procurou explorar a capacidade de arranque dos elementos mais avançados através de bolas em profundidade, sendo apenas verdadeiramente perigoso aos 13 minutos, num lance em que Florian Danho chegou à linha final e cruzou para Charles impedir o desvio final.

Na outra extremidade do relvado, aquela em que os adeptos vitorianos na bancada sul ansiavam pela bola a beijar as redes, o entendimento entre Nélson Oliveira e Jota Silva quase deu certo aos 15 minutos, com o autor de sete golos neste campeonato a isolar-se descaído para a direita, mas a ver Luiz Júnior negar-lhe o golo.

Os resultados das pacientes e incessantes trocas de bola começaram a sentir-se a partir da meia hora: o remate surpresa de Ricardo Mangas para defesa de Luiz Júnior, aos 33 minutos, anunciou o sufoco à área famalicense que estava para vir. Nélson Oliveira rematou de pronto para defesa do guarda-redes famalicense, o protagonista dessa fase do encontro, que viria a negar o golo pela terceira vez em resposta a cabeceamento de Mikel Villanueva. A resistência famalicense estava a soçobrar e nada o guardião pôde fazer para travar o remate fulminante de Jota Silva, aos 38 minutos: poço de energia, entrou de rompante na área após disputa de bola entre Nélson Oliveira e Justin de Haas e disparou um remate fulminante.

O resultado passava assim a espelhar a tendência do jogo, que se prolongou na segunda parte apesar da maior contenção vitoriana. O Famalicão subiu de rendimento, estendeu-se mais no terreno e criou dois lances de perigo aos 50 e aos 70 minutos, embrulhados em falhas de comunicação e atrapalhações da defesa vitoriana.

Ainda assim, o Vitória criou os lances mais perigosos nessa fase – a perdida de João Mendes, aos 60 minutos, é a mais clamorosa de todo o encontro – e, depois de uma fase de recuo, entre os 65 e os 85 minutos, voltou a despertar para o ataque com as entradas de Nuno Santos e Kaio César, o homem que foi derrubado por Luiz Júnior após entrar na área famalicense a toda a velocidade.

O Vitória tinha o porto seguro à mercê, mas o guarda-redes famalicense barrou-lhe o acesso. A partida iria continuar eletrizante até ao último apito.

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