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Kits tardam: há alunos com dificuldade em aceder aos manuais digitais

Bruno José Ferreira
Educação \ sábado, janeiro 27, 2024
© Direitos reservados
Gestão dos kits do Programa Escola Digital, que prevê a atribuição de um computador e ligação à internet aos alunos, leva a que, no início do segundo período, ainda haja estudantes sem essa ferramenta

Situação atinge “maior dimensão” na Secundária das Taipas, que através de um projeto piloto aderiu aos manuais digitais.

 

A Escola Secundária das Taipas integra o “Projeto Piloto dos Manuais Digitais”, em que os livros convencionais foram substituídos – em algumas turmas – pelos manuais em suporte informático, mas há ainda alunos daquele estabelecimento educativo sem recurso ao material necessário, nomeadamente o kit digital atribuído aos alunos – um computador portátil, ligação à Internet e fones. Esta realidade foi revelada através de uma entrevista do diretor da Secundária das Taipas ao Trigal, o jornal da Secundária das Taipas. “A tutela ainda não disponibilizou o número de kits digitais suficientes para satisfazer o universo de todos os alunos, 12.º ano de Científico-Humanísticos e 10.º ano dos cursos Científico-Humanísticos e Cursos de Ensino e Formação Profissional”, pode ler-se na edição de dezembro.

Celso Lima complementava na entrevista, publicada no final do primeiro período letivo, que fora “necessário implementar uma solução híbrida, que combina manuais digitais e conteúdos didáticos produzidos pelos docentes”. Ao Jornal de Guimarães, Celso Lima confirmou este cenário, dizendo que “há alunos à espera de kits”. “A nossa escola não tem nenhum kit por entregar, e neste momento temos alunos à espera de kits, mesmo que não fosse pela questão dos manuais digitais”. Esta situação tem “maior dimensão” na Secundária das Taipas, comparativamente com as outras secundárias do concelho, uma vez que foi precisamente o único estabelecimento de ensino a integrar o projeto piloto dos manuais digitais.

Esta questão “foi reportada às estruturas do Ministério da Educação, que estão a acompanhar”, dá conta o diretor. À partida, as escolas que integram este projeto piloto dos manuais digitais seriam aquelas a que o Ministério contaria assegurar os kits desde o início do ano. A contabilização terá sido feita tendo em conta a devolução por parte de escolas com kits em excesso, mas tal não se veio a verificar e Celso Lima acredita que “há escolas que têm kits na sua posse que não foram entregues aos alunos”.

 

“Entendemos que as escolas têm de dar o salto para o digital”

Neste momento, as turmas do 12.º ano na Secundária das Taipas têm os kits todos assegurados e as turmas de 10.º ano dos cursos Científico Humanístico têm um rácio de satisfação acima dos 90 por cento. Nos alunos do Ensino Profissional, esse rácio está entre 60 e 70 por cento. Celso Lima explica que a decisão deliberada em Conselho Pedagógico” não foi tomada de forma “imatura”. “Os manuais digitais têm muitas vantagens, mas também desvantagens, como todos os projetos”, defende.

“Entendemos que as escolas têm de dar o salto para o digital. Os alunos que estão num curso profissional têm de se preparar para, a curtíssimo prazo, se depararem com a evolução tecnológica nas empresas. Os que vão para o Ensino Superior sabem que lá não há recursos em papel. Temos também a questão da sustentabilidade ambiental, que é importante em termos de território. O projeto do município implica a implementação prática de políticas de ação verde no território e de proteção do ambiente”, conclui. Realça, aliás, que, sabendo o que sabe hoje, “continuava com os manuais digitais”, apontando como único problema a questão dos kits. “A escola tem um papel importante de ver a médio prazo as necessidades que os alunos vão ter para a vida futura”, termina.

Como já foi referido, a Escola Secundária das Taipas foi a única de Guimarães a aderir a este projeto dos Manuais Digitais, por razões diversas. Um dos fatores para não se avançar com este projeto no Agrupamento Santos Simões foi o facto de, no entender do diretor Benjamim Sampaio, não se conseguir evitar a “chatice” de “não conseguir garantir computador para todos os estudantes”, assume ao Jornal de Guimarães. “Temos um Plano de Ação Digital, mas temos dúvidas a nível de projeto educativo; do uso do digital não temos dúvidas, mas, para já, apenas como complemento. Na Santos Simões, ainda nem todos os alunos do Secundário tiveram kit. E, em todo o agrupamento, há 300 estudantes sem computador num universo de 1.800.

 

“Num mundo ideal seria engraçado. Na prática ainda dá muitos problemas”

No Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda, o cenário é o mesmo da Santos Simões. “Num mundo ideal, seria engraçado os miúdos andarem com o PC, mas na prática traz muitos problemas, para além da questão pedagógica”, introduz Rosalina Pinheiro. Também aqui não há kits para todos os 2.700 estudantes do agrupamento. “Estamos sempre à espera que alguns pais possam não querer para que quem quer possa ter”, nota. Rosalina introduz outra problemática, como as condições existentes: “Na Secundária, temos uma escola renovada, com condições para ligar vários computadores, mas nas básicas ainda não temos capacidade, a nível de potência energética, por exemplo; muitos computadores chegam já sem garantia e o ministério não contratualizou manutenção. Como se faz? As escolas não têm verbas para tantas reparações, e há a questão da internet. Muitos cartões de uma operadora não funcionam, devido a questões contratuais que são geridas a nível central”.

A diretora do Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda acrescenta que o Conselho Pedagógico “entendeu que este não era o caminho”, dando, a título pessoal, o exemplo de países estão a retroceder na adesão aos manuais digitais depois de terem abraçado esse processo: “Para já, entendemos que é mais proveitoso ter os livros”.

O único caso em que há computadores para todos é na Escola Secundária Martins Sarmento. Também neste caso não se aderiu aos manuais digitais, havendo “muitos pais que não pretendem o kit”. Os alunos do 11.º e do 12.º ano já têm o respetivo kit, estando a ser feita e entrega, complexa, de kits aos alunos de 10.ª ano. “Mesmo que todos os alunos quisessem, tinha computadores para os 1.370 alunos”, diz a diretora Ana Maria Silva.

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