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A escassez tornou-se fartura nas asas de André Luís… e do banco

Tiago Mendes Dias
Desporto \ domingo, dezembro 17, 2023
© Direitos reservados
Depois de 75 minutos cinzentos, coloridos por dois golos para cada lado, o Moreirense despertou para um final avassalador, com três golos em 10 minutos, encostando-se ao quinto lugar.

Uma tarde, 90 minutos e dois jogos de futebol num só: um primeiro, com 75 minutos, teve quatro golos, produção algo enganadora para a escassez de oportunidades, para a falta de velocidade e para as ações previsíveis que se viram no Comendador Joaquim de Almeida Freitas; um segundo, de quase 20 minutos, em que só deu Moreirense.

Quando arriscava deixar fugir um triunfo que começara a ser construído na primeira parte, a turma de Rui Borges despertou para uma performance agressiva e sedenta de baliza, coroada com três golos: André Luís fez o 3-2 depois de ter estado envolvido nos dois primeiros dos vimaranenses e o banco fez o resto. Kodisang e Matheus Aiás confirmaram um triunfo por 5-2, em desafio da 14.ª jornada da Liga Portugal Betclic, que permite ao Moreirense colar-se de novo ao Vitória. Sem qualquer derrota nas últimas nove jornadas, os cónegos ocupam o sexto lugar da tabela com 25 pontos, menos um dos que os vitorianos.

Obrigado a mudar o onze face ao castigo de Gonçalo Franco, Rui Borges efetuou não só uma, mas três alterações: além da escolha de Wallisson para preencher a vaga no meio-campo, o Moreirense apareceu renovado na ala direita, com Dinis Pinto em vez de Fabiano na defesa, e João Camacho a render Kodisang no ataque.

O encontro começou, porém, com um susto: um dos nomes mais esclarecidos do lado algarvio, Hélio Varela, arrancou pela esquerda, puxou a bola para o meio ainda fora da área e acertou no poste. Avisados desde cedo, os cónegos anularam esse ímpeto contrário, acalmaram o ritmo e começaram a trocar a bola, mas com rapidez a menos e previsibilidade a menos. A circulação de bola lateralizada e a ausência de nervo nos duelos congelava o jogo naquele meio do meio-campo do Portimonense, longe das zonas de perigo.

O faro pela baliza só se voltou a evidenciar aos 18 minutos, quando Wallisson se enquadrou de fora da área para rematar por cima. O lance foi uma anomalia num jogo de produtividade ofensiva escassa, mas o Moreirense viria a encontrar o caminho do golo assim que encontrou o caminho da grande área alvinegra; fê-lo num lance de insistência, que começou com um pormenor delicioso de Ofori na receção de bola. O médio ganês tocou depois para Madson que cruzou para a pequena área: bola dividida entre André Luís e Filipe Relvas, bola perdida no meio da área e Maracás aproveitou para fazer o primeiro golo da temporada.

Ainda no rescaldo dos festejos do primeiro golo, já a equipa de verde e branco estava a celebrar o segundo: sempre interventivo em campo, André Luís viu-se de frente para o trio defensivo do Portimonense e viu o espaço para Madson se isolar. Frente a frente com Vinicius Silvestre, o extremo colocou a bola sobre o guarda-redes e marcou pela terceira vez no campeonato.

Resguardada pelos dois golos de vantagem, a equipa de Rui Borges organizou-se mais atrás para conter a reação dos comandados de Paulo Sérgio; fê-lo quase sempre bem, até pela falta de engenho do Portimonense na criação de espaços para chegar à baliza de Kewin Silva, mas falhou clamorosamente ao minuto 40. Apesar da infelicidade na interceção de Marcelo, com a bola a sobrar para Carlinhos, a defesa ficou praticamente imóvel quando Sylvester Jasper apareceu solto para encostar fácil para o 2-1.

Concluída uma primeira parte de futebol lento e escassas ocasiões, apesar dos três golos, o Portimonense apareceu para a segunda parte com o médio Paulo Estrela em vez do avançado Paulinho, e a intensidade nos duelos subiu. As equipas apareceram mais compactas e cederam menos espaço uma à outra; a partida ganhou choque e também alguma qualidade, mas o perigo esteve quase sempre arredado das balizas até ao apito final.

O Moreirense sentiu-se cada vez mais confortável à medida que o cronómetro avançou, com Madson a ameaçar o 3-1 num remate acrobático, aos 63 minutos – seria um golo espetacular – e André Luís a tentar a sua sorte aos 71, mas foi o Portimonense a empatar num lance em que sofrer parecia pouco provável: Gonçalo Costa cruzou de muito longe da área e Filipe Relvas cabeceou ainda longe da baliza, mas a bola desferiu uma trajetória em chapéu, entrando junto ao ângulo superior direito perante um Kewin Silva sem reação.

A partir daquele instante, o jogo foi outro: o assalto do Moreirense à área contrária foi implacável e, depois das ameaças, fez brotar os golos. Presente nos dois primeiros golos, André Luís cabeceou para o 3-2 que viria a ser decisivo; o gesto técnico foi certeiro e irrepreensível. Estava aberto o caminho para a equipa verde e branca regressar aos triunfos; um regresso mais folgado do que o expectável à entrada para o último quarto de hora do desafio. Relegado para o banco, Kodisang entrou pronto a ser decisivo e foi-o: marcou o quarto golo e assistiu Matheus Aiás para a estreia a marcar do ponta de lança brasileiro.

A equipa de Rui Borges segue em águas tranquilas e em comunhão com os adeptos, à espreita do sempre apetecível duelo com o Vizela, como as bancadas fizeram questão de lembrar.

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