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Suor e sofrimento em bica rumo a uma vitória que escapava há cinco anos

Tiago Mendes Dias
Desporto \ sábado, dezembro 09, 2023
© Direitos reservados
Vitória interrompeu período de cinco anos sem vencer os ‘leões’, num jogo em que a solidariedade dos jogadores e, desta feita, a eficácia compensaram a superioridade contrária em certas fases.

O Vitória pôde enfim erguer os punhos para celebrar um triunfo sobre um dos crónicos candidatos ao título no futebol português. Depois do 1-0 ao Sporting em 23 de dezembro de 2018, numa noite de Natal de gala, a turma de Guimarães voltou a derrotar o mesmo clube neste sábado à noite, em duelo bem mais equilibrado e até com superioridade verde e branca em alguns momentos.

Ao contrário do duelo com o FC Porto, em que teve meia hora demolidora, mas ficou a lamentar a falta de eficácia, o Vitória equilibrou toda a primeira com o líder do campeonato, mas perdeu velocidade e pulmão para acompanhar o andamento do adversário na segunda parte. A solidariedade dos atletas na hora de defender, alguma felicidade nas ocasiões falhadas pelos comandados de Rúben Amorim e a eficácia ausente noutros jogos combinaram-se para elevar os pretos e brancos da cidade-berço à segunda vitória consecutiva na Liga Portugal Betclic, coroada com um excelente golo de Dani Silva, aos 80 minutos.

Utilizado no período em que o Vitória arrancou o golo do triunfo em Faro, Tiago Silva regressou ao onze vitoriano, retomando uma condição que não se verificava desde a eliminatória da Taça de Portugal com o Moncarapachense, em outubro.

E a verdade é que o médio contribuiu para a postura equilibrada e transpirada do Vitória ao longo da primeira parte, embora pouco inspirada. Os pupilos de Álvaro Pacheco anularam várias das movimentações ofensivas de um Sporting renovado na ala direita, com Esgaio a fazer de terceiro central e Geny Catamo no corredor direito. Foi precisamente por essa ala, a esquerda do Vitória, que os homens de preto e branco mais tentaram desequilibrar, mas quase sempre sem sucesso.

O esforço de Mangas, João Mendes, Jota Silva e André Silva a confluir para aquela zona do terreno empurrou toda a equipa para a frente, mas havia sempre um pormenor a emperrar a construção. As ocasiões de golo foram por isso escassas – Pedro Gonçalves rematou para defesa de Bruno Varela ao minuto oito -, numa primeira parte onde sobrou a polémica; primeiro, num lance em que os vitorianos reclamaram penálti de Diomande sobre André Silva, aos sete minutos e por fim na grande penalidade assinalada a favor da turma preta e branca, nos descontos da primeira parte.

João Pinheiro assinalou de pronto a marca da grande penalidade quando Ricardo Mangas caiu em lance com Adán; os sportinguistas pediram simulação do jogador vitoriano, as repetições do lance são pouco esclarecedoras e o árbitro recusou consultar o videoárbitro. Chamado a converter, Tiago Silva atirou para o fundo das redes, igualando um desafio em que o marcador fora inaugurado ao minuto 41, por Gonçalo Inácio a aproveitar falha de comunicação entre Miguel Maga e Bruno Varela para um desvio fácil.

A face da partida mudou na segunda parte; aos poucos, o Vitória deixou de igualar o ritmo imposto pelo Sporting e foi obrigado a recuar no terreno. Os lisboetas operaram três substituições até ao minuto 60 e pareciam revigorados na clareza e no fôlego com que avançavam no terreno. Gyokeres e Trincão ameaçaram o golo entre as várias investidas leoninas à área do Vitória, turma à qual parecia faltar o oxigénio, como se via nos vários alívios sem discernimento.

Ultrapassada a barreira do minuto 70, Álvaro Pacheco decidiu trocar três peças no onze, fazendo entrar Nélson da Luz, Dani Silva e Adrián Butzke. Precisamente nesse instante, o Vitória lançou bem um contra-ataque para Jota Silva, que viu João Mendes falhar por pouco o desvio, antes de a bola sobrar para André Silva e, aí sim, surgir o remate que daria a reviravolta aos vitorianos: o esférico ainda tabelou em Morita antes de beijar as redes.

As substituições ficaram em stand by e, nesse entretanto, o Sporting empatou, num clamoroso erro defensivo dos vitorianos: Nuno Santos estava completamente solto no lado direito da defesa e rematou forte para golo, com a bola a tabelar ainda em Bruno Varela. Consumado o empate, o Vitória efetuou as três substituições e elas surtiram de imediato efeito: Dani Silva combinou às mil maravilhas com Ricardo Mangas na esquerda e encontrou uma nesga entre o corpo de Adán e o poste direito da baliza para marcar o golo do triunfo.

A vencer por 3-2, o Vitória teve finalmente a solidez defensiva que lhe faltou na restante segunda parte, compensando a natural falta de pernas com a solidariedade em muitos dos lances de ataque dos leões, cada vez mais cansados e desorientados pese o esforço atacante até ao último apito. Nos instantes finais, as oportunidades repartiram-se, com Butzke a falhar isolado e Pedro Gonçalves a revelar falta de pontaria no último suspiro do encontro.

Antes, houve tempo para um momento feio, espoletado por um desentendimento entre Luís Neto e um apanha-bolas do Vitória, que se estendeu aos elementos de ambas as equipas e até à Bancada Poente do Estádio D. Afonso Henriques. Um ponto negro numa noite de brio de todos os jogadores no relvado e de brilho vitoriano, sobretudo pela eficácia que faltou perante o FC Porto, adversário contra o qual os vitorianos até foram superiores por mais tempo. Esse reconhecimento traduziu-se no grito de júbilo e de alívio de grande parte do estádio assim que João Pinheiro apitou pela última vez.

Desta vez, o Vitória saiu por cima num confronto perante um candidato ao título e parece pronto para o clássico com o Boavista. Para já, consolida o quinto posto e encurta a distância para a liderança, precisamente ocupada pelo Sporting, com 31.

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