Governo: Túnel de nove quilómetros torna comboio Guimarães-Braga inviável
A mobilidade está na ordem do dia em Guimarães, seja o funcionamento do sistema concessionado de transportes coletivos, Guimabus, a ligação à linha ferroviária de alta velocidade ou a linha de comboio entre Guimarães e Braga. Precisamente sobre esse último tópico, o secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, disse que “será muito difícil justificar” a existência de ferrovia pesada entre as duas cidades.
O provável túnel de nove quilómetros exigido pela ligação, sob a encosta da Falperra, exigiria um orçamento perto dos mil milhões de euros num território, o das sub-regiões do Cávado e do Ave, em que o “grande número de centros urbanos médios não gera entre si procura suficiente para justificar o investimento numa linha ferroviária pesada, que é necessariamente mais cara”.
"Uma ligação em ferrovia pesada entre Braga e Guimarães exigiria provavelmente um túnel de nove quilómetros, o que coloca o valor da ligação facilmente, numas estimativas por alto, para as muitas centenas de milhões de euros, perto dos mil milhões de euros, com facilidade", disse aos jornalistas à margem da conferência “Portugal e a Alta Velocidade Ferroviária”, que decorreu na sexta-feira na Sede da Região Norte da Ordem dos Engenheiros, no Porto, coorganizada com a Ordem dos Economistas.
"Dada a dimensão dos centros urbanos, o volume de procura que nós esperamos, a nossa convicção é que será muito difícil justificar uma ligação ferroviária pesada", acrescentou, além de referir que “a orografia não é propriamente simpática”, precisamente entre Braga e Guimarães, separadas por uma encosta montanhosa.
A alternativa proposta é um "Sistema de Mobilidade Ligeira do Cávado-Ave", que inclui também ligações a Fafe, Famalicão, Felgueiras e Póvoa de Varzim, aproveitando canais ferroviários desativados, com a “possibilidade de evoluir para um sistema ferroviário", de acordo com o "Sistema de Mobilidade Ligeira do Cávado-Ave", apresentado em novembro e em consulta pública até final de fevereiro.
Frederico Francisco considerou ainda que tal serviço "não tem necessariamente que dar um serviço pior do que teria uma ferrovia pesada", podendo mesmo incluir "a possibilidade de ter serviços diretos de Fafe até ao Porto", num sistema ligeiro semelhante ao do metro.
"Se o Metro do Porto tivesse sido construído à data com a bitola do resto da rede ferroviária, hoje em dia poderiam existir serviços que utilizassem as duas infraestruturas", adiantou o governante.