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Hannah escreve, Manu coordena. Há Guimarães nesta antologia antirracista

Pedro C. Esteves
Cultura \ sexta-feira, outubro 14, 2022
© Direitos reservados
Hannah Bastos publica o seu primeiro conto no segundo volume da antologia coordenada por Manuella Bezerra De Melo. A coletânea de textos antirracistas/antifascistas é apresentado no Aljube, em Lisboa.

É a história da imigrante Helena – garçonete no Brasil, empregada de mesa em Portugal – que Hannah Bastos conta num capítulo de “Volta para tua terra: uma antologia antirracista/antifascista de escritoras estrangeiras em Portugal”. A escritora brasileira residente em Guimarães é uma das autoras que integra o segundo volume desta coleção coordenada pela investigadora Manuella Bezerra de Melo, também ela a viver na cidade berço.

O conto que integra esta publicação que dá a conhecer escritores, poetas, contistas e ensaístas estrangeiros residentes em Portugal chama-se “Papas de Aveia”. As páginas contam a história de Helena, “uma empregada de mesa imigrada e racializada que quotidianamente enfrenta violências simbólicas na sua experiência enquanto mulher imigrada”. Classe social, racismo e feminismo interligam-se numa história que quer ajudar migrantes “a acederem e compreenderem seus sentimentos e perceberem que não estão sozinhos”. Creio que este é uma das grandes fortunas da literatura”, explica Hannah.

O livro já foi apresentado na Feira do Livro do Porto e salta agora para discussão em Lisboa, no Museu do Aljube. Este sábado, naquele baluarte de resistência, uma tertúlia composta por Rita Rato (diretora do Museu do Aljube), Manuella Bezerra de Melo (curadora e organizadora da antologia) Wladimir Vaz (editor e organizador da antologia) e Joacine Katar Moreira (historiadora e ex-deputada) vão problematizar e discutir temas como imigração, colonialismo, racismo e questões de género.

 

 

Um conto agora, mas um Clube de Leitura antes

Este é o primeiro conto publicado pela autora, que também frequenta o curso de Estudos Portugueses na Universidade do Minho e coordena o Clube de Leitura Mulheres do Atlântico, para facilitar e estimula as leituras de obras de escritoras negras e da diáspora africana. O clube é fruto de uma ideia de “inquietação” e de questionamento: “Porque é que não estudamos outras literaturas”, as de vozes que vão para além do “cânone branco europeu?”

O primeiro encontro foi presencial e aconteceu no CAAA – Centro para os Assuntos da Arte e Arquietura, mas Hannah percebeu que o interesse extravasa as fronteiras do concelho. Por isso, tem optado por sessões mistas. O clube lê um livro por mês e está agora aberto o 2.º ciclo de leitura: depois de um primeiro dedicado “ao lado de cá do Atlântico”, a partir de setembro pergunta-se o que significa ser afrodescendente nas Américas. Para ajudar a responder, vão ser lidas obras de Conceição Evaristo (Brasil), Teresa Cárdenas (Cuba) e Alice Walker (Estados Unidos da América).

A autora nordestina, juntamente com Manu e Caroline Bampa, organizou a Minha Poetry Slam, um dos projetos vencedores da segunda edição do open-call do Bairro C. Para o próximo ano, traça um objetivo: lançar o seu primeiro livro, “uma obra infanto-juvenil que conta a história de uma menina afro-europeia e suas vivências em solo português”.

Para já, podemos ler este “Papas de Aveia” no segundo volume da “Volta para tua terra” – mas há muitos mais textos. Ao todo, são 34 autores estrangeiros residentes em Portugal, escolhidos de um total de mais de 300 candidaturas. O livro tem carimbo da editora Urutau e pode ser comprado por 13 euros. O primeiro volume do Volta, antologia de poetas e poetisas, está também disponível.

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