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Agustina Bessa-Luís e Mozart para bebés no Festival de Canto Lírico

Tiago Mendes Dias
Cultura \ terça-feira, novembro 04, 2025
© Direitos reservados
Segundo espetáculo da tetrologia que se estende até 2026, “Agustinopolis” sobe ao palco do CCVF em 22 de novembro, num fim de semana que conta ainda com ópera para bebés e um espetáculo no Jordão.

Depois de “Leonor e Benjamim”, espetáculo alusivo ao massacre dos judeus de Lisboa, ocorrido em 1506, ter subido ao palco do Centro Cultural Vila Flor (CCVF) no passado dia 21 de junho, a sexta edição do Festival de Canto Lírico da Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense (ASMAV) está de regresso no fim de semana de 22 e 23 de novembro, tendo como protagonista “Agustinopolis”, segundo capítulo da tetrologia operática designada “O corpo e o poder”.

Agendada para 22 de novembro, às 21h30, a ópera encenada por João Brites e composta por Jorge Salgueiro faz de várias frases escritas por Agustina Bessa-Luís, uma das mais reconhecida escritora portuguesa do século XX, o seu libretto. “É uma manta de retalhos de frases da Agustina, de muitos livros dela. Tem aquelas frases pelas quais ficou conhecida. Será um texto representado com 96 personagens, que tem a ver com o facto de ter morrido com 96 anos”, descreveu Jorge Salgueiro, compositor da ópera e diretor artístico da Associação Setúbal Voz, parceira da ASMAV no Festival de Canto Lírico.

Entre cantores líricos e atores da companhia de teatro O Bando, a celebrar os 50 anos em 2025, o espetáculo vai reunir cerca de 50 pessoas em palco, com “um aparato cénico considerável” e uma banda sonora consubstanciada num piano e em timbres eletrónicos, acrescentou.

Já o presidente da ASMAV, Francisco Teixeira, considerou “Agustinopolis” uma ópera “dramática e disruptiva”, que “certamente impressionará o público”, e lançou também a segunda ópera para bebés a apresentar na cidade-berço: depois da adaptação de “A casinha de chocolate”, de Engelbert Humperdinck, em junho, a sede da ASMAV, na rua Gil Vicente, vai receber de “A flauta mágica”, de Mozart, no domingo, 23 de dezembro, a partir das 11h00. O espetáculo de 30 minutos contará com três cantores líricos: uma soprano, um tenor e um barítono.

“Estávamos com um enorme medo que o público não aderisse à primeira ópera. É uma ópera para pessoas muito pequenas, pais e cuidadores. Foi um grande sucesso. Estamos convencidos de que a ópera para bebés será um grande sucesso. Estamos convencidos de que mais crianças, avós, netos possam assistir”, vincou.

O fim de semana operático termina com a apresentação de “As três sopranas” no Teatro Jordão, às 17h00 de domingo. Nascida de uma parceria entre a Associação Setúbal Voz e a Orquestra do Norte, a peça retrata uma competição feroz entre três cantoras líricas pelo estrelato no universo da ópera.

“É um espetáculo um pouco insólito. Poderia parecer uma gala de ópera. Vamos começar de forma normal, com uma abertura. Alguma coisa pelo meio não vai correr muito bem. Cada uma delas acha que é a cantora mais importante do mundo. Vai querer mostrar em palco que é a estrela da companhia. Apesar de ter muitos números, o espetáculo chega rapidamente ao fim. Desenrola-se de forma muito subtil. Para quem não gosta de ópera é uma boa forma de começar”, descreveu Fernando Marinho, maestro da Orquestra do Norte.

 

“Há indícios de que há procura operática em Portugal”

A tetralogia operática prossegue em 2026, com “Eu sou a alma”, alusiva às tribulações da Palestina e dos palestinianos, que se estreia precisamente no CCVF em 21 de março de 2026, e com “Prisciliano”, criação que evoca um período anterior à nacionalidade portuguesa, na antiga região romana da Galécia, no noroeste da Península Ibérica, adiantou Francisco Teixeira.

Convencido de que a ASMAV tem atraído para Guimarães “a cultura operática ao mais alto nível no país”, Francisco Teixeira admite que gostaria de organizar um festival mais robusto, concentrado em “duas ou três semanas”, com “companhias diversas”, embora tal desígnio exija o triplo do atual orçamento.

O dirigente associativo e cultural considera que o aparecimento recente de festivais em Lisboa e Braga e a reativação do festival de Óbidos mostram que há “indícios de procura operática”, embora a arte, pela complexidade e pelo aparato, exija um investimento que se torna impossível de concretizar sem apoios públicos.

“Óperas como estas, para se criarem, podem demorar oito meses, dependendo da velocidade a que o libretista e o compositor escrevam. O ideal era produzir duas ou três óperas para apresentar num curto espaço de tempo, num festival de ópera numa concentração maior. Não há nenhum sítio no mundo em que a ópera se faça sem subsidiação pública”, sublinhou.

Francisco Teixeira agradeceu, por isso, à Oficina, enquanto coprodutora do festival, e disse contar com o apoio da Câmara Municipal para o futuro. A vereadora com o pelouro da Cultura, Isabel Ferreira, esteve ausente da apresentação decorrida no CCVF, embora a sua presença estivesse prevista. Além do município, o Festival de Canto Lírico conta com o apoio da Direção-Geral das Artes.

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