Feira de publicações, concerto e “redes de empatias” para fruir com Vagar
Coletivos de artistas, editoras independentes e músicos afluem, neste sábado, ao Centro Internacional de Artes José de Guimarães para provar que o usufruto da cultura “merece ser feito de forma vagarosa”, sustenta a diretora artística do equipamento cultural, Marta Mestre. “É um programa que temos para fechar o ano, antes de entrarmos nas férias de Natal. É uma jornada para ler com vagar, ver com vagar, apreender o mundo com tempo”, diz ao Jornal de Guimarães.
Precisamente denominada Vagar, a mostra arranca às 14h30 no hall, com 20 a 25 bancas que reúnem publicações e livros de coletivos e editoras independentes. Alguns são de Guimarães – Centro para os Assuntos de Arte e Arquitetura, Sociedade Martins Sarmento, Ócio, Muralha, Revolve ou d’A Oficina, estas com desconto. Outros chegam do Porto, Coimbra e Lisboa, assume a diretora artística. E há obras com a chancela do Museu Etnográfico Nacional da Guiné-Bissau.
Essa feira antecede o lançamento do catálogo da exposição Complexo Colosso, inspirada no Colosso de Pedralva, escultura implantada na Alameda Doutor Mariano Felgueiras, entre o Hospital Senhora da Oliveira e o Guimarães Shopping. Curador da exposição, Ángel Calvo Ulloa estará à conversa com Marta Mestre nessa sessão marcada para as 17h00.
O dia encerra com a atuação dos Unsafe Space Garden na black box, a partir das 18h30; a banda vimaranense apresenta o segundo LP Bro You Got Something In Your Eye - A Guided Meditation. “É uma banda que se apresenta de uma forma muito insólita e singular, com um traço autoral que terá a ver com a proposta irreverente da Vagar, esta jornada de encontros, de publicações, de concertos e de redes de empatias”, descreve Marta Mestre.
A ideia deste evento de entrada gratuita, frisa ainda a responsável pelo CIAJG, é a de “desarrumar a casa para a experienciar de uma outra maneira”.
“Aproximar-se do público de forma consistente”
O ano prestes a terminar foi marcado pela pandemia de covid-19, mas também pelo reencontro com o público, graças a um “conjunto de exposições” que se articulam com as coleções de José de Guimarães, expostas em permanência – arte tribal africana, arte antiga chinesa, arte pré-colombiana e obras próprias do artista vimaranense. “Foi um ano em que, para além das exposições, promovemos encontros com o público. Fizemos debates, realizámos uma proposta que pode permitir novos olhares sobre a coleção de José de Guimarães, que tem mais de 1.000 obras.
Essa proposta, Nas margens da ficção, é um “chapéu” que procura “mostrar e pôr em contacto artistas que trabalham a ficção como elemento determinante da arte contemporânea”, prometendo nortear a ação do CIAJG nos “próximos tempos”. Essa ação visa também uma crescente aproximação entre o equipamento internacional saído da Capital Europeia da Cultura há quase 10 anos e o público.
“Pouco a pouco, estamos a fortalecer-nos e a criar momentos em que a aproximação com o púbico se faça de forma consistente, para que os significados culturais sejam partilhados e debatidos e para que o CIAJG possa cumprir a sua missão ao serviço desta comunidade, da arte e de todos os que queiram estar connosco”, reitera.