Está aí um fim de semana para ouvir e sentir de olhos bem fechados
O fim de semana cultural em Guimarães começa suavemente no Convívio, em pleno Largo da Misericórdia, com algum do melhor pop-rock feito em Portugal, mas a alguns ramais de distância, no CAAA, os ritmos são outros: feedbacks, sobreposição de harmonias estão no cerne do projeto Deep South, que aproxima Portugal e Alemanha.
E se o pop ou a experimentação não forem os melhores cardápios, há ainda, para ouvidos a precisar de algo diferente, a mostra da IV residência artística de 2022 da Orquestra de Guimarães em conjunto com o pianista António Rosado, que celebra no Centro Cultural Vila Flor as obras de dois virtuosos pianistas compositores: Franz Liszt e Sergei Rachmaninoff.
Sábado, a poucos metros do Suave Fest, no Largo Condessa do Juncal, a Comunidade Angolana de Guimarães organiza o encontro regional "África Minha" durante todo o dia. Logo de manhã, pelas 10h30, começam os workshops de dança. Durante o dia haverá palestras, exposições e sessões de poesia. Pelas 22h00 Tlove Angola e Oraca Guiné Bissau sobem a palco.
Um guia para o que fazer:
Suave Fest (sexta-feira e sábado) - a partir das 21h30 - Largo da Misericórdia
O projeto musical e performático entre os músicos e artistas visuais Jorge Quintela e Davide Luciani. A sua música explora os campos da eletrónica bruta, bem como a composição eletroacústica harmônica e textural. O seu som pode ser descrito como uma onda de vozes interpoladas, na qual o time stretching, feedbacks, sobreposição de harmonias e uma formulação rítmica assimétrica criam uma densa experiência sonora. A sua performance musical é informada por polirritmias, quietude, caos onde gêneros e suportes se misturam e sua origem se perde. Com sede entre Berlim (DE) e Porto (PT) formaram-se em 2020.
África Minha (sábado) - todo o dia - Largo Condessa do Juncal
O encontro regional promove gastronomia, artesanato, literatura africana, mas também música e dança. Há até uma visita guiada pelo centro histórico conduzida pelo professor Fernando Capela Miguel a partir das 14h00.
De olhos bem abertos
Nem só de música e animação se fazem as próximas 72 horas. A sexta edição da ConTextile, bienal de arte têxtil contemporânea, inaugura este sábado e prolonga-se até 30 de outubro, num programa que abarca a exposição internacional no Palácio Vila Flor, com 58 obras de 34 artistas, que retrata a história da arte têxtil em Portugal, no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) e que tem a Noruega como país convidado, em obras espalhadas pela cidade, além das habituais residências artísticas.
Por falar em produção têxtil... no CAAA a artista Carla Rebelo explora o passado e o presente da transformação de fibras. Tendo como referência os conceitos de Memória e Tempo, a artista fez um trabalho de campo em Guimarães de forma a pesquisar o Lugar e a(s) sua(s) história(s). Nesta primeira fase de residência artística, visitou algumas fábricas na zona industrial Têxtil, a Casa da Memória, Citânia de Briteiros, centros de recursos e bibliotecas locais. Nesta pesquisa houve recolha fotográfica, gráfica, escrita, de sons e também de materiais a usar posteriormente nas várias peças a construir. A exposição inaugura este sábado e está patente até ao final de outubro.