Dança: obra seminal de Maguy Marin inspirada em Beckett no CCVF
Vista como obra-prima da dança contemporânea, May B marca o regresso do corpo e do movimento ao palco do Grande Auditório Francisca Abreu, no Centro Cultural Vila Flor, a partir das 21h30 desta sexta-feira. Criada há mais de 40 anos pela Compagnie Maguy Marin e pela Maison des Arts et de la Culture de Créteil, a peça inspira-se em Fim de Partida, uma das obras de Samuel Beckett, dramaturgo irlandês que se mostrou resistente à adaptação do que escreveu até uma conversa com a coreógrafa indicar o caminho para a adaptação, lê-se na nota de apresentação do espetáculo.
Em May B, coreografia estreada em 1981, a carga simbólica de reivindicação política é transportada por um coletivo de figuras que anda em grupo, que suscita interrogações acerca do ritmo, da escuta, do jogo teatral ou da precisão do corpo.
O título da obra condensa múltiplos sentidos e é, desde logo, uma possível interpretação de uma homenagem à mãe de Samuel Beckett, que se chamava May. E nesta coreografia de Maguy o que resta do texto é: “Acabou. Está acabado. Isto vai acabar. Isto vai talvez acabar.” Naqueles corpos e rostos de pó, cansados de um movimento perpétuo que não os leva a lado algum, uns encurvados, outros tortos, outros desamparados ou simplesmente perdidos. Também suportados pela intensa relação com a música original de Franz Schubert, Gilles de Binche e Gavin Bryars, numa partitura rítmica muito precisa que nos leva a explorar o imaginário através do corpo.
Os bilhetes para o espetáculo têm um custo unitário de 10 euros ou de 7,5 euros, nos espaços físicos da Oficina e também online.