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O mundo e a comunidade entrelaçam-se nos passos da Paixão por vir

Tiago Mendes Dias
Cultura \ terça-feira, março 14, 2023
© Direitos reservados
O festival de música religiosa une virtuosos das mais renomadas obras e grupos locais como o Orfeão Coelima. A trindade “Da Quaresma à Páscoa” completa-se com celebrações e roteiro de arte sacra.

De índole cultural, turística e religiosa, o programa “Da Quaresma à Páscoa” volta a pontuar o dia a dia de Guimarães entre 24 de março e 09 de abril, com novos tons a soarem de uma das figuras essa trindade: o Festival Internacional de Música Religiosa de Guimarães (FIMRG), a realizar-se de 02 a 08 de abril.

O compositor César Viana é o novo diretor artístico e propõe um cartaz que viaja pelas várias facetas da música religiosa, desde o canto gregoriano da Idade Média à música barroca e clássica, passando pelas polifonias do Renascimento, e atrai virtuosos do país e da Europa para um itinerário que começa e acaba com quem faz música em Guimarães.

“A vida musical de Guimarães é muito intensa, com uma orquestra, um quarteto de cordas e um movimento coral significativo. O ponto de partida são os vários coros que há na cidade”, realçou o diretor artístico na sessão de apresentação do programa quaresmal da Câmara Municipal de Guimarães, realizada esta terça-feira no salão nobre dos paços do concelho.

Caberá assim ao Orfeão de Guimarães e ao Orfeão Coelima abrirem o festival às 17h00 de domingo, 02 de abril, na Igreja de São Domingos, com uma performance de polifonias portuguesas, e à Orquestra de Guimarães encerrá-lo, na Igreja de São Francisco, a partir das 21h30, ao interpretar “Sete últimas palavras de Cristo na cruz”, de Joseph Haydn, compositor austríaco do século XVIII.

Pelo meio, a cidade acolhee espetáculos como o do coletivo Musica Antigua, sob a direção do madrileno Eduardo Paniagua, especialista em música medieval, a 04 de abril, na Igreja de São Francisco, e o do pianista russo-alemão Lev Vinocour, com a interpretação de obras de Franz Liszy, virtuoso húngaro do século XIX, a 06 de abril, também às 21h30, no Teatro Jordão.

O Quarteto de Cordas de Guimarães atua a 05 de abril, apresentando as Variações de Goldberg na Basílica de São Pedro, e o Ensemble Bonne Chance a 07, na Igreja da Misericórdia. Antes, no dia 03, haverá mesa redonda sob o tema “Música e espiritualidade”, com o musicólogo inglês Ivan Moody e Isabel Fernandes, diretora do Museu de Alberto Sampaio, entidade coorganizadora do “Quaresma à Páscoa”.

O museu volta a ser responsável pela curadoria de outro dos vértices da trindade: o percurso “A paixão em Guimarães”. O roteiro deste ano abrange 18 locais, incluindo quatro dos passos alusivos à paixão de Cristo em espaço público. Em cada igreja ou museu desse itinerário, o visitante pode contemplar três peças do acervo, recebendo “um marcador” a confirmar que passou por lá.

“É importante olhar para o espólio das igrejas e para as narrativas que as peças nos contam. “Todas as peças têm uma passagem bíblica respeitante ao tema da peça. O percurso ainda não é o que todos desejaríamos. De ano para ano, vamos melhorando. Haverá alturas em que o visitante não poderá ver as peças, por causa das celebrações litúrgicas”, realçou a diretora do museu.

Quanto às celebrações religiosas, iniciam-se a 26 de março, com a procissão dos Santos Passos ou procissão do Encontro, e estendem-se até à Páscoa. Pelo meio, sobressaem a via-sacra, a 29 de março, a procissão das endoenças, a 06 de abril, e a procissão do Enterro do Senhor, a 07 de abril, sexta-feira santa. “Estas celebrações podem ser um elã para os paroquianos e aqueles que nos visitam (…) Trabalhamos em conjunto para enriquecer a cultura e dar a conhecer o património e a espiritualidade cristã a quem mora cá”, realçou o arcipreste de Guimarães e Vizela, Samuel Vilas Boas.

Já o vereador municipal para a cultura e para o turismo, realçou que o programa combina “a dimensão de reflexão”, suscitada pela música ou pelas “peças nunca vistas ou de mais difícil acesso”, disponíveis através da Paixão em Guimarães, e a “participação popular” nas celebrações religiosas. “Este é um período em que Guimarães está inundado de público estrangeiro. É o momento certo para se verem as nossas tradições, o espólio dentro dos conjuntos edificados. (…) E que as celebrações sejam momentos ricos de participação popular”, vincou.

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