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Da pintura à palavra, o CAR lança uma fanzine com cravo à lapela

Tiago Mendes Dias
Cultura \ segunda-feira, abril 22, 2024
© Direitos reservados
A edição deste ano floresce a partir dos 50 anos da revolução, com mais de 50 trabalhos que reúnem jovens e idosos, sócios e escolas, para “manter vivo o espírito de Abril”.

As expressões criativas inscritas na fanzine lançada pelo Círculo de Arte e Recreio (CAR) em 30 de abril são várias: há pinturas, desenhos, colagens, banda desenhada, cartoons, muitos textos e até uma radionovela com a chancela do Agrupamento de Escolas de Briteiros. O tema que as norteia, porém, é só um: os 50 anos do 25 de Abril.

Desde o anúncio da publicação, em 31 de janeiro, com um cravo de caule verde e flor vermelha sob a inscrição “50 anos” a dar rosto à capa, a associação sediada na Casa de Agra recebeu mais de 50 trabalhos. “Convidámos escolas, sócios, pessoas que costumam ir ao CAR, seguidores habituais”, refere Catarina Moura, dirigente do CAR e responsável pela montagem da fanzine.

Há gente de todas as idades a participar, com as pessoas mais velhas a mostrarem tendência para exprimirem a sua visão sobre a Revolução dos Cravos em palavras. “Há textos com vivências próprias do 25 de Abril de 1974. E também a crítica do estado atual da política portuguesa em comparação com os valores de Abril”, refere a arquiteta de formação. Já os cartoons e a banda desenhada são, em parte, veículos para satirizar o que está a acontecer na política portuguesa.

Mas, a adesão das escolas é também assinalável numa fanzine que procura “manter vivo o espírito” de um acontecimento histórico que abriu as portas da democracia a Portugal. “É para não cair no esquecimento. E para trazer as pessoas mais jovens para este espírito”, diz Catarina.

 

Trabalho que brota de “uma história extensa”

Cunhado em 1940 para designar uma publicação não profissional, elaborada por aficionados de uma cultura ou tema particular, fanzine é um termo familiar no seio do CAR desde a década de 80, quando os desenhos e textos de alguns artistas vimaranenses deram à luz o primeiro CAROLA, nome encontrado para batizar a publicação. “A fanzine já tem uma história extensa no CAR. Houve uns anos em que esteve interrupta, sem produção, e voltou a ser produzida em 2016”, descreve Filipa Pereira, presidente desde 2021.

Por norma associado à programação municipal “Abril com cantigas do Maio”, o CAR elegeu, em 2021, o cantautor José Mário Branco e, no ano passado, o dirigente associativo e ativista político Joaquim Santos Simões, como temas, vinculando a fanzine ao ideário da Revolução dos Cravos. Nesses anos, a paginação coube a Filipa Pereira, sendo o equilíbrio o principal desafio. “A parte mais difícil para mim teve a ver com o equilíbrio da paginação. Fazer com que não tenha o mesmo tipo de trabalhos seguidos para que tivesse uma estética harmoniosa e característica da fanzine”, refere a dirigente, também arquiteta.

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