"Conservadorismo" ou "estabilidade"? Plano e Orçamento para 2022 aprovado
A coligação Juntos por Guimarães lançou várias críticas ao Plano de Atividade e Orçamento gizado pela Câmara Municipal de Guimarães para 2022 e votou contra a sua aprovação na reunião de vereação desta quinta-feira. Na troca de argumentos, a oposição atirou que os desígnios elencados pelo município “não correspondem ao de um concelho que deveria liderar indicadores nacionais”; o executivo respaldou-se no programa sufragado recentemente e na questão da “continuidade” e “estabilidade”. O IMI e a participação variável no IRS também foram discutidos – a oposição absteve-se no primeiro, entendendo que “há margem para reduzir” e contra no segundo.
O plano que identifica as principais linhas de atuação do executivo orçado em 107,2 milhões de euros parece “repetido”, sugeriu Bruno Fernandes. O social-democrata acenou com o documento lido há quatro anos: “É um empurrar com a barriga de um conjunto de projetos que se arrastam mandato atrás de mandato. Não há grande novidade, trocamos de mandato e continuamos a a não ver grande ambição, uma linha de rumo definida”.
O vereador da oposição frisou ainda que os vereadores da coligação que une PSD e CDS não se revêm “na protelação de projetos estruturantes e basilares para a afirmação de Guimarães”. Bruno Fernandes enumerou vários projetos que aparecem nas grandes opções do plano – a requalificação energética de habitações sociais, o Parque Industrial de Moreira de Cónegos, a Escola-hotel do IPCA ou o Campus da Justiça – que já estavam plasmadas no primeiro documento do mandato iniciado em 2017. “Há 20 ou 30 projetos que vamos ouvindo há oito anos”, reiterou.
Domingos Bragança lembrou o mote das candidaturas socialistas, ancoradas na palavra “continuar”. E sublinhou que apesar de “acabar um ciclo” – o autarca começou este ano o terceiro e último mandato – e “apesar de [a oposição] dizer que o programa está cansado, os vimaranenses deram confiança [nas últimas eleições]”. O Edil salientou ainda que o “longo prazo só se consegue se se trabalhar o curto e o médio”.
O líder máximo do município “herdou” o pelouro do Desenvolvimento Económico do antigo vereador Ricardo Costa defendeu-se ainda das críticas de Bruno Fernandes que dizem respeito à “estratégia do município para captar investimento externo”. Perante os exemplos enumerados pelo cabeça de lista da coligação às Autárquicas 2021 de empresas que escolhem municípios vizinhos para se fixarem, o autarca socialista reforçou o “respeito pela estrutura económica e empresarial de Guimarães” e “a capacidade empreendedora dos vimaranenses”. O trabalho de base feito pelo município conduz a essa captação, disse. “Não é por varinha mágica”, vincou.
0,33? Há margem para “reduzir”
Bruno Fernandes referiu ainda, à margem da reunião de câmara, que a “maioria gere o município sem ambição, em modo gestão corrente e de forma conservadora”. “Não sabemos se a este ritmo se vão terminar os 12 anos de governação concretizando o que prometeu”, adiu. No seguimento da asserção, o social-democrata justificou a abstenção na discussão do valor do IMI. “O município tem possibilidade de reduzir os impostos, mas esta maioria teima em não mexer, ou mexer pouco. Não permite que as famílias amortizem custos anuais. Se na questão do IMI houve uma aproximação ao que defendemos a redução, abstemo-nos porque achamos que há margem para reduzir já que a receita tem aumentado”, explicou.
A taxa do IMI está fixada nos 0,33% - o mínimo é 0,3 – e Domingos Bragança reiterou que o valor está abaixo do praticado no concelhos do Quadrilátero. Paulo Lopes Silva, em substituição de Domingos Bragança, que não pode prestar declarações aos jornalistas no final da reunião, indicou que o valor cobrado há uma “conciliação com o contexto regional”.