Resíduos têxteis e plásticos podem ser árvores de Natal. E valer prémios
Árvores de Natal que incorporem resíduos têxteis, resíduos plásticos ou de ambos os materiais podem valer prémios a creches, escolas, centros de dia ou lares do concelho de Guimarães. Esses prémios enquadram-se no concurso “Natal mais sustentável: resíduos como matéria-prima", lançado pelo Centro para a Valorização de Resíduos (CVR), em parceria com a Câmara Municipal de Guimarães e o Laboratório da Paisagem, com o intuito de promover “comportamentos ambientalmente mais sustentáveis”, a partir da ideia que “os resíduos como recursos que importa aproveitar”, lê-se na nota de imprensa.
Cada instituição que se inscreva – tem de o fazer até 11 de dezembro – pode “submeter a concurso uma peça com altura máxima de 80 centímetros que deve, obrigatoriamente, conter resíduos plásticos e/ou têxteis, não invalidando a incorporação de outro tipo de resíduos”, esclarece o CVR.
Depois de formalizadas as inscrições, as peças têm de ser entregues no CVR, localizado no campus de Azurém da Universidade do Minho, até 21 de dezembro, estando agendada a divulgação dos vencedores para 06 de janeiro. As escolhas dependem, em partes iguais (25% cada), da “originalidade do produto criado”, da “diversidade dos resíduos utilizados”, do “método de reutilização e valorização dos resíduos” e do “design do produto”.
Os prémios para os dois vencedores – uma instituição de crianças e outra de idosos – são dois televisores – um para cada -, oferecidos pelas empresas Auchan e Vimasol – Energias Renováveis.
O CVR vai ainda entregar a todos as instituições participantes um “kit” para criarem um designado “ecoproduto” a partir de um resíduo industrial, com “todos os materiais necessários” e as “instruções passo-a-passo”. Esse produto segundo a lógica “faça você mesmo” enquadra-se no projeto Wast’Awareness, concebido para a sistematização e transferência de tecnologias de valorização de resíduos para empresas.
Resíduos como meio para cumprir “metas ambientais” da União Europeia
A opção pelos resíduos têxteis e plásticos está relacionada, segundo a presidente do Conselho de Administração do CVR, Cândida Vilarinho, com o impacto atual deste tipo de resíduos e está enquadrada nas atuais políticas nacionais e internacionais: “A reutilização, a reciclagem e a valorização dos resíduos é preponderante para a recuperação de materiais e de energia e para o cumprimento dos objetivos e metas ambientais propostos pela União Europeia aos seus estados-membros”.
De acordo com o Relatório Anual de Resíduos Urbanos, em 2021, 10,67% dos resíduos urbanos produzidos em Portugal Continental foram caracterizados como “plástico”. Só os “biorresíduos” representam uma fatia maior no total de resíduos urbanos produzidos (37%).
No que diz respeito aos têxteis, dados da Agência Europeia do Ambiente indicam que, por ano, na Europa, cada pessoa consome cerca de 26 kg de produtos têxteis, deitando fora cerca de 11 kg. Os impactos ambientais e climáticos do vestuário e do têxtil para uso doméstico estão relacionados com a poluição da água, as emissões de gases com efeito de estufa e os aterros. Segundo investigação do Parlamento Europeu, estima-se que, para fabricar uma única t-shirt de algodão, sejam necessários 2700 litros de água doce.
“É urgente mudarmos o paradigma e, para além de ser fundamental reduzirmos a quantidade de resíduos produzidos, devemos também olhar para eles como matéria-prima e recursos que devem ser aproveitados e valorizados, promovendo os conceitos de economia circular e da sustentabilidade”, acrescenta a responsável máxima pelo CVR, instituição que comemora 20 anos.