Começaram os Exames Nacionais: Português foi "acessível"
A 1.ª fase dos exames nacionais do ensino secundário arrancou esta sexta-feira, dia 2 de julho, às 9h30 com a prova de Português. 41 mil alunos do 12.º ano foram avaliados, entre os mais de 150 mil inscritos para todos os exames deste mês.
Para os alunos que pretendem candidatar-se ao ensino superior, este é um momento decisivo e que os deixa expectantes. Na Escola Secundária Santos Simões, a maioria dos estudantes caracteriza a prova como “fácil” e “acessível”, mas não nega as dificuldades sentidas depois de mais um ano de ensino atípico.
Tal como aconteceu no ano passado, os exames nacionais voltam a realizar-se com um conjunto de regras excecionais introduzidas devido à pandemia de covid-19, não sendo obrigatórias para a conclusão do secundário o que, mais uma vez, causou a descida do número de alunos inscritos em relação aos anos anteriores.
Nas Taipas, o mesmo sentimento
A campainha não repicou, mas eram 11h30 e Elsa já se despedia da Escola Secundária de Caldas das Taipas. Duas horas antes tinha começado o exame de Português. “Estava com muito medo, não consegui dormir esta noite”, refere. Mas o sorriso e relaxamento em conversa com a professora e colegas eram sinónimo de boas notícias. “Correu muito bem. Estava à espera de mais matéria do 12.º ano, mas não saiu. Até foi fácil”, relata a estudante.
Elsa foi um dos 40.966 estudantes que foram a provas esta segunda-feira, data de arranque dos exames nacionais. O que lhe tirava o sono era a expectativa de “um dos exames mais complicados dos últimos anos” para “baixar as médias de entrada para as universidades” – no ano passado havia menos perguntas obrigatórias, algo que permitia aos alunos escudarem-se de matérias menos estudadas.
Ao lado de Elsa, Pedro confessa que esperava um exame “com menos gramática”. “Mas pelo menos foi fácil”, atira. “As médias no ano passado subiram todas, este ano, com mais questões de resposta obrigatória, estávamos a ver a nossa vida a andar para trás”. Acabou por não acontecer. Em conversa com o Reflexo, todos os alunos estava satisfeitos com o exame “acessível”.
Sessões de grupo ajudaram
Em todos os rescaldos, uma constante: a predominância de matéria do 10.º e 11.º. Nas folhas de teste, os alunos decorreram sobre Alberto Caeiro, Almeida Garrett ou Fernão Lopes. “Estudei mais o ortónimo e não os heterónimos”, relata Beatriz. Por esperar uma prova “mais complicada”, dedicou-se “ao mais difícil”. Com o simples e sensorial Alberto Caeiro, “foi mais fácil”. Aluna de Ciências e Tecnologias precisa de “uma boa nota”.
Menos conteúdo do 12.º ano foi sinal de alívio. Porquê? É que, como explica Beatriz, “a prática era maior no 10.º e 11.º. “Com a pandemia, fizemos testes em casa, eram de escolha múltipla. Não aplicávamos os nossos conhecimentos. Nem o esforço era o mesmo”. Ao lado, Margarida destaca o papel dos professores: “Eu tive que ajudar muito a matéria do 12.º ano sozinha e era sem dúvida onde estava muito pior. Sempre que tivemos apoio, vínhamos para aqui estudar”. Para as alunas, as sessões em grupo ajudaram “bastante”.
Palavra-chave: equilíbrio
Nesta maratona que se estende até setembro e marca o final de um ano escolar atípico, o diretor da ESCT dá conta de um “ambiente tranquilo e equilibrado” no primeiro dia de provas. Celso Lima fala de uma “ansiedade normal” que vai transparecendo. Afinal, “são provas que podem condicionar o acesso ao ensino superior”, frisa.
Resta saber como vai ser com os alunos do 11.º ano que vão a provas. “Aí pode haver mais desassossego, porque não tiveram exame no ano passado”, analisa. No entanto, há a crença que o trabalho de “reforço” por parte da escola contrapese a inquietação. “O contexto não permite dizer que está tudo tranquilo, mas as coisas estão equilibradas”, indica.
Ao contrário do que ficou decidido no ano passado, este ano os alunos vão poder realizar exame para melhorar a nota da classificação interna, uma medida imposta pela maioria da Assembleia da República.