Coelima tem passivo de 29,5 milhões de euros
O passivo da Coelima é de 29,5 milhões de euros e é detido por cerca de 250 credores. A informação consta da petição inicial a requerer a declaração de insolvência da empresa têxtil de Pevidém, apresentada no Juízo de Comércio de Guimarães a 12 de abril.
O Jornal de Guimarães teve acesso ao documento e verificou que o passivo, nomeadamente o de curto prazo, é uma das justificações para o pedido de insolvência, já que a empresa se diz, a curto prazo, “impossibilitada de cumprir com as suas obrigações vencidas”.
“As dificuldades em que se encontra a Coelima residem, essencialmente, na insuficiência de fluxos operacionais gerados para fazer face ao passivo corrente da sociedade, em face da incerteza global que emergiu com o alastramento da crise pandémica e das consequentes restrições na atividade comercial dos principais mercados onde a Coelima e os seus clientes operam”, lê-se no documento.
O passivo de curto prazo respeita sobretudo a financiamentos obtidos (46%) e a dívidas a fornecedores (35%), com o Estado e outros entes públicos a perfazerem 2% desse total. O principal credor da Coelima é a Caixa Geral de Depósitos. O crédito do banco para com a têxtil ronda os 8,5 milhões de euros e resulta sobretudo do acordo-quadro de restruturação financeira celebrado em 2011, ano em que se constituiu o grupo MoreTextile. Nessa altura, foram “constituídas hipotecas” sobre diversos imóveis da Coelima e das outras sociedades do grupo – António Almeida & Filhos, em Moreira de Cónegos, e JMA, em São Martinho do Campo.
As outras entidades com créditos signficativos sobre a Coelima são o Fundo Autónomo de Apoio à Concentração e Consolidação de Empresas (FACCE), com o passivo a atingir os 7,8 milhões de euros, a António de Almeida & Filhos (2,2 milhões), a MoreTextile (1,2 milhões), o Fundo Imobiliário Especial de Apoio às Empresas (329 mil euros) e o Banco Comercial Português (166 mil euros). Os restantes credores são, sobretudo, fornecedores.
Sob um conselho de administração da MoreTextile agora formado por Pedro de Tovar de Magalhães e Meneses Ferros, Dino Barbosa e Sérgio Maia, a Coelima tem 31,1 milhões de euros de ativo, que inclui, por exemplo, os equipamentos das várias secções. A petição inicial também mostra que a empresa não tem salários em atraso, nem qualquer dívida à Autoridade Tributária.
O documento mostra ainda que a Coelima requereu para administrador da insolvência Pedro Pidwell, advogado que conduziu o processo de insolvência da Ricon, antiga fábrica de vestuário de Ribeirão, em 2018, e ainda de empresas como a Soares da Costa e da sociedade Espírito Santo Financial, por exemplo.
6,9 milhões de volume de negócios em 2020
Um dos argumentos vindos a público para o pedido de insolvência foi a quebra de faturação da Coelima no ano passado, por causa da pandemia de covid-19. O documento mostra que o volume de negócios da têxtil de Pevidém foi de 6,9 milhões de euros no ano passado, após uma quebra de 62% face a 2019; isso significa que as receitas desse ano devem ter rondado os 18,2 milhões de euros.
A quebra das receitas na empresa de Pevidém, com 253 trabalhadores, foi superior à do grupo MoreTextile (39%), mostra ainda o documento.
Com infraestruturas que lhe permitem ter fiação, tecelagem, acabamentos e confeção de tecidos de algodão e outras fibras, a empresa fundada em 1922 produz sobretudo lençóis, edredões e outros artigos de têxteis-lar. Os principais mercados para exportação são Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Suíça e Reino Unido.