Cheias encerram estrada cidade-São Torcato pela terceira vez num mês
* Bruno José Ferreira e Tiago Mendes Dias
A entrada em 2023 trouxe chuva torrencial e inundações um pouco por todo o litoral norte de Portugal, com Guimarães a sofrer também as consequências da meteorologia. A Estrada Nacional (EN) 207-4, que liga a cidade à vila de São Torcato, está fechada ao trânsito desde manhã, após ficar submersa por um lençol de água na UF de Selho São Lourenço e Gominhães, mais concretamente nas imediações da ponte romana, também ela submersa, face ao avolumar do caudal do rio Selho.
“Logo ao início da manhã fechou o trânsito. De há um mês para cá, já é a terceira vez que a estrada está fechada ao trânsito”, adianta ao Jornal de Guimarães o presidente da UF, Daniel Oliveira.
Apesar de reconhecer que “não vê o rio assim”, tão volumoso ao ponto de transbordar as margens, há pelo menos quatro anos, o responsável lembra que, na altura, a EN 207-4 esteve sempre transitável. “Nestes anos todos, o rio transbordava na ponte romana, mas, na estrada, o trânsito seguia sempre”, diz.
O autarca receia que o cenário de asfalto submerso possa ser consequência de uma alteração verificada há cerca de um ano quanto às condutas de água nas imediações: “Recentemente, guiaram umas águas pelo lado de Azurém e sempre que chove muito vem aquela água pela parte de cima. Vem um autêntico rio pela parte de cima. Sempre que a água chega ali, não há como os carros poderem transitar”, avisa.
Daniel Oliveira tenciona, por isso, avaliar o “porquê dessas águas estarem ligadas como estão” em articulação com a Câmara Municipal.
Bombeiros em várias frentes
No primeiro dia de 2023, os Bombeiros Voluntários de Guimarães têm-se mobilizado para várias ocorrências, em articulação com a Proteção Civil, todas elas relacionadas com cheias.
Durante a tarde de domingo, os bombeiros estiveram com uma viatura e dois elementos na fábrica Campeão Português - freguesia da Costa - uma vez que se registam inundações. De resto, já lá estiveram de manhã.
Verificaram-se também ocorrências em Nespereira, Gandarela, Serzedo, Polvoreira e Creixomil, na rua das Amarilhas, contígua à margem esquerda do rio Selho, e na rua de Eiras, de acesso ao parque da Cidade Desportiva, também encerrada ao trânsito.
Contactado pelo Jornal de Guimarães, o presidente da Junta de Freguesia de Creixomil diz que a rua de Eiras é epicentro de inundações regulares por ser o ponto de encontro de duas correntes de água, uma oriunda da Penha e outra de Santo Amaro.
António Gonçalves diz estar em comunicação com o Departamento de Obras Municipais da Câmara Municipal para solucionar um problema já atenuado com as bacias de retenção da ribeira de Couros, que desagua no rio Selho nas imediações daquela rua. “Temos falado constantemente com o Departamento de Obras Municipais sobre estes pontos críticos. Há sempre soluções, embora engenhosas e difíceis”, referiu.
Quanto à rua das Amarilhas, a “cota muito baixa” é propícia às inundações quando “as chuvas são intensas e repentinas”. “As edificações foram erguidas num sítio errado e vão ter de conviver a vida inteira com aquilo”, alerta. “Pode-se eventualmente atenuar o problema com os muros de suporte nas traseiras, mas estive esta tarde com os moradores da rua da Amarilhas e foram muito sinceros. Os moradores mais velhos disseram que, enquanto miúdos, isto já acontecia. Não era todos os anos, mas acontecia com alguma regularidade”
O distrito de Braga, recorde-se, esteve em alerta vermelho entre as 00h00 e as 15h00 deste domingo.