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Com “exigência artística mais meticulosa”, Banda de Pevidém ruma a Valência

Tiago Mendes Dias
Cultura \ quarta-feira, julho 12, 2023
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Os 80 músicos que vão atuar no icónico Palau de les Arts, no concurso de bandas filarmónicas, estagiaram por três dias para “elevar o patamar”, acompanhados pelo compositor da obra que vão apresentar.

A temperatura estava alta no último ensaio da Banda Musical de Pevidém antes da partida para Valência: o auditório nobre da Sociedade Musical de Pevidém transpirava literalmente calor, enquanto as madeiras e os metais se elevavam para interpretarem as derradeiras secções do “Concerto N.º 5 para Orquestra de Sopros” de Ferran Ferrer, também denominado de “Atenea”, precisamente em alusão à deusa da sabedoria na mitologia grega.

Essa é a obra livre que a banda filarmónica vimaranense irá apresentar na 135.ª edição do Certamen Internacional de Bandas de Música Ciutat de Valencia, que se estende desta quarta-feira até domingo. A performance da formação dirigida pelo maestro Vasco Silva de Faria está marcada para as 20h00 de quinta-feira – encerra esse dia –, incluindo outras duas obras: “With heart and voice”, de David R. Gillingham, “Sorolla – Jota del Ballet”, de Juanjo Colomer, que têm de ser interpretadas por todas as concorrentes da designada Segunda Secção – bandas até 80 músicos.

É precisamente com esse número de intérpretes que a Banda de Pevidém rumou ao concurso; a azáfama entre eles era notória, quando transportavam malas de viagem, para os dois autocarros que os esperavam, na noite desta terça-feira. “Estamos motivados e, como é normal na música, um pouco ansioso”, realça ao Jornal de Guimarães o maestro.

À frente da banda desde 2007, Vasco Silva de Faria já liderou a banda em quatro concursos anteriores – um em Portugal e três em Espanha, entre os quais o de Aranda de Duero, em 2015, no qual se sagrou vencedora. Mas o festival que se aproxima, “provavelmente o mais reconhecido em Espanha”, exigiu mais daquela formação. “Conseguimos elevar o nosso trabalho a outro patamar. Não chegávamos lá se não fosse com isto. Esse patamar tem a ver com questões de interpretação, questões artísticas e questões técnicas, individuais e coletivas. É uma exigência artística muito mais meticulosa”, descreve.

E essa exigência sente-se no mais jovem dos músicos, Tomás, de 12 anos, ao mais velho - Manuel, de 80. "O senhor Manuel tem 80 anos e 70 de banda. Teve uma operação há pouco tempo, mas queria ir a Valência connosco. Não queria faltar. Felizmente está bem de saúde”, conta, enaltecendo um “esforço coletivo” para promover a instituição, a cidade de Guimarães e o país, sem qualquer ganho financeiro.

 

Palau de les Arts Reina Sofia, onde vai atuar a Banda Musical de Pevidém

Palau de les Arts Reina Sofia, onde vai atuar a Banda Musical de Pevidém

 

Um estágio gratificante: “Podem ser uma das melhores bandas do mundo”

Icónica obra de Santiago Calatrava, com um palco de 200 metros quadrados e uma lotação para 1.200 a 1.300 pessoas, o Palau de les Arts Reina Sofia será o culminar de uma preparação que inclui um estágio, entre 8 e 10 de junho, e uma primeira interpretação de “Atenea”, no concerto do Dia de Portugal no auditório da Universidade do Minho, este ano excecionalmente realizado em 11 de junho. " Foram três dias de uma experiência muito gratificante. Como os dois feriados coincidiram com esses três dias, aproveitamos para trabalhar. O concerto acabou por ser no dia 11 para termos mais um dia de estágio", lembra Vasco Silva de Faria.

Esse estágio teve precisamente a companhia de Ferrer Ferran, o compositor da obra livre. A Banda Musical de Pevidém gravou a performance e percebeu que “havia muitas coisas a trabalhar para um concurso de altíssimo nível”. O autor desse trabalho ouviu e teceu o seu parecer quanto à banda, com a indicação de que já não precisa de fazer “fretes a ninguém”, realça o maestro. “Disse-nos uma coisa que recebemos com muito orgulho: "Pelo que vi nestes dias, vocês podem ser uma das melhores bandas do mundo”, cita.

Na quinta-feira, esperam-se 40 minutos de coordenação e concentração, pontuados por breves pausas entre as obras. "Um concurso é um concurso. Compete-nos fazer o melhor. Depois cabe ao júri decidir. São cinco pessoas, um deles português”, disse, em alusão a Alberto Roque, professor do Instituto Politécnico de Leiria.

O concurso vai receber duas bandas de Portugal, uma da Colômbia e 13 de Espanha, 10 delas da Comunidade Valenciana, região com “muita tradição” nas bandas filarmónicas, realça Vasco Silva de Faria. E acolhe mais oito formações convidadas, sete delas valencianas.

 

* Notícia atualizada às 09h39 de 13 de julho de 2022.

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