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Cancro da próstata. Há “mitos” a destruir: “Era fatal, mas hoje é curável”

Bruno José Ferreira
Saúde \ terça-feira, outubro 29, 2024
© Direitos reservados
Ter cancro da próstata não implica ficar impotente ou incontinente. O diagnóstico é "simples e indolor", e as sequelas são cada vez mais debeláveis. Campanha da ULSAAve pretende desmistificar a doença

“Novembro Azul – Faça o toque pela sua consciência”. É este o repto da nova campanha da Unidade Local de Saúde do Alto Ave (ULSAA), mais propriamente do Serviço de Urologia desta unidade, que pretende sensibilizar os homens para a realidade cancro da próstata, o segundo mais frequente no homem.

Os médicos Preza Fernandes e Pedro Passos são os principais responsáveis pela campanha, salientando que “os cancros não são todos iguais, há mais agressivos e menos agressivos, e é importante diagnosticar os agressivos para os poder tratar e evitar desfechos que não queremos”.

Associado ao cancro da próstata, o mês de novembro dará, então, corpo a esta iniciativa, sendo que os dois clínicos explicam que o diagnóstico faz a diferença numa doença em que ainda há estigmas por parte dos homens. “Esta campanha é importante porque existe um medo associado ao cancro da próstata, que mitifica e assusta os homens. Quase que a masculinidade do homem fica afetada com o diagnóstico”, reiteram.

É precisamente para desmistificar esta realidade que a ULSAA avança com a campanha “Novembro Azul – Faça o toque pela sua consciência”. “Um diagnóstico célere pode, e é, essencial”, dá conta Preza Fernandes ao Jornal de Guimarães. "O diagnóstico é simples e indolor. Trata-se de um cancro comum, com uma ampla diferença de mais agressivo ou menos agressivos, é importante diagnosticar os mais agressivos, porque apesar de ser bastante comum, a taxa de cura é muito grande, entre os 70% e os 90%. Em cada dez doentes, sete a nove ficam curados, e mesmo os outros que não ficam curados, conseguimos com a medicação eu existe hoje em dia, conseguimos adormecer e tornar uma doença crónica. Portanto, se conseguimos fazer isto, não vale a pena deixar avançar ao ponto de já não termos soluções”, atiram.

Impotência e incontinência? “Não é verdade”

Os dois médicos envolvidos olham também para aquelas que normalmente são as sequelas associadas a esta doença, desmistificando algumas das conceções criadas. “Ao falar em cancro da próstata automaticamente o homem associa que, com o tratamento, vai ficar impotente e vai ficar incontinente. Isto não é verdade; hoje em dia temos tratamentos, fazemos cirurgia minimamente evasiva. É altamente eficaz e minimizamos muitíssimo estas sequelas. Se antigamente uma cirurgia podia deixar um homem incontinente por largos meses, hoje em dia a maior parte dos doentes ao fim de quatro a seis semanas está perfeitamente continente. A parte sexual ainda é um desafio, mas ainda assim temos soluções. Numa situação destas a pessoa não tem de pensar que vai ficar incontinente ou impotente. Temos de desmistificar isto para as pessoas procurarem ajuda”, clarificam Preza Fernandes e Pedro Passos.

O primeiro passo a seguir no sentido de diagnosticar um possível cancro na próstata é a realização do PSA, “uma análise do sangue específica de próstata”, explicam, que deve ser feito a partir dos 45 a 50 anos, solicitado junto do médico de família ou de um urologista.

“A partir desse PSA se houver valores elevados devemos fazer exames mais específicos, nomeadamente uma ressonância magnética e se aí se levantar suspeita, fazer enão uma biópsia.  Esta biópsia vai confirmar, ou negar, o tumor. A partir daí, conforme a idade do doente, as doenças que tenha, optamos pela cirurgia ou radioterapia ou até, simplesmente, pela vigilância ativa. Muitas vezes nem é preciso tratar, basta acompanhar. Um diagnóstico precoce transforma uma doença que antigamente era fatal numa doença perfeitamente tratável e curável. É importante que o homem procure o médico de família, ou um urologista, para fazer um PSA, e a partir daí tudo se desenvolve”, conclui.

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