BIG: edição de 2021 destaca o “olhar feminino” — e não esquece as escolas
A tinta vai voltar a fluir e a escoar pela cidade-berço. A terceira edição da Bienal de Ilustração de Guimarães (BIG) torna a colocar o ilustrador sob o holofote e regressa em outubro de 2021. Este ano, o destaque vai para “o olhar feminino” e para “o papel preponderante da mulher” no processo criativo. Assim, o Prémio Carreira vai ser atribuído à cenógrafa Cristina Reis – “uma homenagem a uma grande artista”, indicou o Diretor Artístico da BIG, Tiago Manuel. A este tributo junta-se uma interpretação feminina de “Os Lusíadas”, obra seminal de Luís de Camões. Segundo o diretor artístico da bienal, “as obras dos grande clássicos foram sempre trabalhados por grande mestres, mas eram homens” e surge agora uma oportunidade para alargar a visão que temos acerca do texto com uma versão ilustrada por mulheres.
Mas a febre da ilustração não vai somente ao encontro dos públicos habituais. Na apresentação das linhas-mestras da bienal, o Diretor Técnico da BIG, Rui Ramos, adiantou que nas escolas também se vai meter mãos à obra. “Para estabelecer uma ligação com as camadas mais novas, contaremos com um conjunto de oficinas que vão ter lugar em escolas do concelho”. Esta ligação entre arte e educação foi sublinhada pela vereadora da cultura, Adelina Paula Pinto, que referiu a importância de levar às “crianças e jovens a vertente da ilustração como forma artística de ver e reinterpretar o mundo”.
A troca de ideias foi outro dos pontos vincados na apresentação, que decorreu por videoconferência. O ciclo de palestras dedicadas à ilustração vai contar com o artista multidisciplinar Sérgio Godinho, que, segundo Tiago Manuel, “tem uma ideia plural da cultura, tendo conhecido nomes como Ângelo de Sousa, Cristina Valadas e Cristina Sampaio”; a jornalista e crítica literária Sara Figueiredo Costa; e o investigador na área da biologia, João de Sousa Santos.
A apresentação do programa também marcou a abertura das inscrições para Prémio Nacional BIG, um concurso nacional dirigido aos artistas que desenvolvem a sua atividade profissional nas áreas da ilustração de imprensa, de livros e de cartazes culturais. Os artistas têm até 31 de maio de 2021 para submeter os trabalhos. O vencedor da edição de 2019, André Letria, vai ter alguns dos originais expostos na edição deste ano.
A galardoada com o Prémio Carreira, Cristina Reis, foi cenógrafa no Teatro da Cornucópia, em Lisboa. O diretor artístico, Tiago Manuel, realçou o “trabalho de grande humilde, que não está nas paredes dos museus” realizado pela artista lisboeta. Cristina Reis recebeu, em 2010, o Prémio Gulbenkian Artes.
A mostra de ilustração começa a 23 de outubro e termina a 31 de dezembro deste ano.