Bailar em Casa: a dança como fator de inclusão e integração
O que têm em comum pessoas de Angola, do Irão, da Índia, da Colômbia ou da Guiné-Bissau, todas as quintas-feiras – entre as 19h00 e as 20h00 – na Casa da Memória? “Põem as músicas que conhecem, que aprenderam a dançar, as músicas da sua cultura, e ensinam as outras a dançar”, retrata, em traços gerais, Francisco Neves. Esta iniciativa, se é que assim se pode chamar, repete-se ininterruptamente desde 21 de setembro e teve origem na vontade d’A Oficina “incluir, integrar e democratizar a cultura para a toda a gente”, prossegue o diretor do serviço de Educação e Mediação Cultural daquela cooperativa municipal.
“Achamos que devemos trabalhar com a população imigrante. Já há pessoas de mais de cem nacionalidades a viver em Guimarães neste momento”, contextualiza. Num processo de auscultação, através das turmas de aprendizagem de português do Centro Qualifica, foi possível perceber “que havia esta vontade grande das pessoas dançar músicas de todo o mundo”. A Oficina “agarrou a ideia”, mesmo não sabendo quais seriam os resultados práticos, mas a verdade é que essa ideia de uma colombiana, Yineth Jaramillo, deu origem ao projeto Bailar em Casa.
Em quase quatro meses, já “mais de 20 nacionalidades” passaram pela Casa da Memória para dar um pezinho de dança, numa realidade que se foi alterando. “No início havia várias nacionalidades. Ainda há, mas temos também muitos portugueses, vizinhos da Casa da Memória, senhoras mais velhas, de 80 anos, que gostam de lá ir – algumas nem conheciam a Casa da Memória. Está criado um grupo simpático de pessoas”, sustenta.
Ao fim de contas, “a Casa da Memória não é apenas um museu, um centro interpretativo sem pessoas e sem vida. “É isto”, remata Francisco Neves: “As pessoas ao dançar relacionam-se, acabam por contar histórias e até alimentam outras atividades”. O balanço é, portanto, positivo, e o Bailar em Casa está aí para durar, aberto a todos.