As luzes e o barulho de Medellín encontram a acalmia vimaranense
“Muito, muito diferente”. Emanuel Rojas Arias e Lorena Arias soltam de imediato esta frase quando se lhes pede que comparem o Natal da Colômbia com o Natal português. Estão há sensivelmente um ano em Guimarães, preparando-se para viver a quadra com um misto das suas tradições e a realidade da sua casa. A árvore já está decorada, com uma caixa das Nicolinas a servir de adorno.
O barulho da noite do Pinheiro foi um ponto de contacto com a realidade das festas colombianas. “Temos muito barulho, as pessoas saem à rua no Natal, faz-se muito barulho, com muito fogo de artifício”, atira Lorena. O “muito” faz parte da caracterização, mas, para que não restem dúvidas, mostram vídeos da sua terra, a zona de Envigado na cidade de Medellín.
“É outra escala”, complementa Edwin. “As pessoas fazem a sua árvore de Natal, em casa, e colocam muitas luzes fora de casa. Claramente outro nível comparado com o que se faz aqui”, atesta. “Agora que estamos num local diferente, podemos ver que as iluminações das nossas ruas são realmente incríveis”, diz Lorena com um brilhozinho nos olhos enquanto segura o pequeno Emanuel Rojas Arias. Mais ao lado está Sebastian, o filho mais velho.
Este ano o seu Natal será diferente. Será vivido em Guimarães, “muito mais tranquilo”. “A Colômbia é um país muito alegre. Estamos muito felizes aqui, estamos contentes. Temos as nossas tradições, mas sabemos onde estamos e vamos tentar também viver os costumes de cá. Também comemos bolo-rei. Festejámos as Nicolinas”, destaca Lorena.
Chegamos à mesa. Aqui as diferenças são também muitas, e não apenas numa questão de escala. A celebração é feita na rua, com muita carne de porco, juntando-se mais do que a família. “Muita carne: porco”, introduz Edwin. “Todas as pessoas cozinham porco na rua, as famílias juntam-se e compram um porco inteiro. Todas pessoas da rua, dos bairros, juntam-se. Chega alguém com um prato de bifes e dá a toda a gente”, diz o colombiano. Lorena acena com a cabeça, expressando o sentimento que leva a este costume: “Todos somos colombianos, somos todos irmãos. É como quando joga o Vitória”, acrescenta.
O que terão, então, na mesa este ano? “Este ano vamos comer bacalhau. Estamos conscientes de que estamos em Portugal, estamos felizes, as pessoas são maravilhosas e sem dúvida vamos comer bacalhau”, confirmam com sorrisos, lembrando que na Colômbia, nestas festividades, “há muito álcool, muitos licores tradicionais e água-ardente”.
Se na gastronomia há abertura a novas experiências, há tradições que se mntêm mesmo à distância, como as Velitas. “Começámos no dia 07 de dezembro, com uma tradição muito conhecida, as Velitas”, diz Lorena, apontando para as doze velas junto à árvore de Natal. “Cada vela corresponde a um mês do ano. Celebrámos atá à chegada dos Reis Magos”, esclarece. “Outra das nossas tradições mais queridas é a Novena de Aguinaldos, em que, durante nove noites, as famílias se reúnem para rezar, cantar canções de Natal e partilhar deliciosos pratos tradicionais, como a natilla e os buñuelos”, complementa.
A terminar, o casal dá nota que, na Colômbia, o Natal não é apenas uma festa, mas “uma experiência que une famílias e comunidades em torno da fé, da alegria e de tradições que caracterizam uma identidade e as suas raízes festivas”, dizem.